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As visões de professores sobre a inclusão de alunos portadores de paralisia cerebral em salas de aula. Os professores foram entrevistados sobre suas experiências e percepções em relação aos pontos positivos e negativos desses alunos. Alguns professores enfatizaram as capacidades desses alunos, enquanto outros destacaram suas deficiências. O documento também discute a importância da colaboração dos alunos, respeito pelas diferenças e a necessidade de um melhor acompanhamento para esses alunos.
Tipologia: Notas de estudo
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Não perca as partes importantes!
Verificamos que existiam na totalidade das falas dos professores entrevistados, dois tipos de respostas que enfatizavam visões diferentes a respeito de como percebem os alunos portadores de Paralisia Cerebral: os que possuíam uma visão que enfatiza pontos positivos ou seja as capacidades destes alunos, e os que possuíam uma visão que enfatiza pontos negativos, ou seja suas deficiências.
Os professores que enfatizaram os pontos positivos destes alunos, observados durante o processo de inclusão em sua sala de aula, mesmo não negando as deficiências causadas pela seqüela de Paralisia Cerebral, conseguem perceber qualidades positivas nestes alunos, como podemos verificar, abaixo, na descrição desses alunos realizada por um professor que possuía um aluno portador de Paralisia Cerebral em sua classe:
“Descreveria que são alunos que têm, assim, deficiência, mas que são alunos que estão integrados totalmente dentro da sala de aula, e são alunos responsáveis e que têm força de vontade de realizar todas as tarefas dentro da sala de aula.” Esse professor reconhece qualidades como: integração à classe, responsabilidade e força de vontade, características que mostram ser esse aluno interessado e que demonstra seu interesse através da sua vontade de participar das atividades em sala de aula, fazendo com que esse comportamento seja reconhecido por esse professor, que apesar de não enfatizar diretamente nenhum aspecto cognitivo, enfatiza pontos positivos fundamentais na inclusão educacional deste aluno. Outros professores descreveram estes alunos incluindo colocações que, diferente do professor acima citado, enfatizam potenciais cognitivos, destacando que esses alunos possuem: habilidades de raciocínio e inteligência.
“...ele , (disse uma outro professor) que ele era muito inteligente, que ele era um aluno excelente, que eu ia ter dificuldades no começo, em relação à fala, mas que era tudo muito fácil e que eu não teria dificuldade nenhuma, que ele está bem entrosado com a turma, que os alunos gostam dele, e que eu teria inclusive a ajuda dos outros alunos e da professora itinerante.” ”Uma aluna atenta, ela é inteligente, ela raciocina bem, ela só tem problemas motores, mas o cérebro funciona muito bem, se ela tiver um melhor acompanhamento, seria o ideal, mas não tem”. Essas duas falas, que foram retiradas de entrevistas diferentes, mostram que estes professores souberam reconhecer, em seus alunos, potenciais importantes para aprendizagem A primeira colocação menciona a colaboração dos alunos, mostrando que esse professor tem uma noção da visão sistêmica da inclusão escolar. Nesta visão, não é apenas o professor de turma ou o professor itinerante que está comprometido e empenhado em oferecer melhores condições educacionais, sociais e emocionais, mas a turma como um todo também é convidada, através da conscientização e do envolvimento, no respeito pelas diferenças deste aluno, pois, quanto mais entrosado este aluno estiver com seus colegas e até com os demais membros da comunidade interna da escola e externa, como pais e colaboradores, mais facilitado será o trabalho docente. Com relação ao envolvimento dessas pessoas que contribuem para o êxito da inclusão, Stainback e Stainback (1999), afirmam que “Este envolvimento ajuda a estimular a auto-estima, o orgulho pelas realizações, o respeito mútuo e uma sensação de estar entre os membros da comunidade” (p.225). Na segunda resposta, encontramos o desejo por parte do professor de um melhor acompanhamento para este aluno, afirmando o que encontramos na fala de muitos outros professores que foram unânimes quanto à necessidade do professor itinerante acompanhar estes alunos nas aulas. Esse anseio será mais evidente quando chegarmos à análise de outras categorias. Atualmente, a sensação de sufocação pelo acúmulo de tarefas e responsabilidades, necessárias às novas exigências curriculares e sociais presentes na rotina do professor, faz com que muitos destes profissionais solicitem a presença do professor itinerante como uma forma de amenizar essa sensação. Analisando esses dois depoimentos, vemos que o conhecimento desses atributos torna o professor mais capacitado para realizar um trabalho em sala de aula voltado para promover a inclusão deste aluno, buscando sempre novas vias
Este educador ressalta que este aluno deve ser preparado para enfrentar uma realidade que nem sempre será como a que encontra na escola. Preparar esse aluno para a vida sem atitudes paternalistas, procurando apenas oportunizar ao máximo possível sua participação nas atividades em sala de aula, é contribuir para a construção da cidadania desta pessoa.
Este grupo de professores foi composto por aqueles entrevistados que deram durante suas entrevistas, ênfase aos pontos que consideram negativos nestes alunos, para a realização de sua inclusão no ensino regular e houve, dentre eles, aqueles que usaram expressões com as quais mostravam desacreditar totalmente na possibilidade dos alunos com Paralisia Cerebral freqüentarem as classes de ensino regular, usando argumentos como:
“Porque ela ( aluna portadora de PC) não produz, porque ela não está com perfil.” Essa frase foi retirada do discurso da entrevista de um professor de Educação Física. Segundo esta afirmação podemos concluir que, para esse educador, existe um perfil rigorosamente definido dos alunos que devem freqüentar as classes regulares. Concordamos que, geralmente, os alunos portadores de Paralisia Cerebral, se encontram impossibilitados de acompanhar as aulas de Educação Física oferecidas aos demais alunos, pois, se essa deficiência acarreta alterações na execução das atividades psicomotoras, como vamos exigir que este aluno participe de atividades que exijam habilidades desta natureza, realizando as mesmas tarefas solicitadas aos seus colegas de turma? Mas simplesmente considerá-lo fora do perfil vai de encontro ao respeito pelas necessidades individuais destes alunos, estimulando na criança uma baixa- estima, por não conseguir executar o que é proposto. Lembramos, também que o professor de Educação Física pode, muitas vezes, criar alternativas que evitem a total exclusão deste aluno em suas aulas, fazendo com que ele conheça regras de jogos, de maneira que possa discutir e
opinar a respeito, até arbitrar partidas desses jogos ou, ainda, criando para ele alternativa para trabalhar a consciência corporal através da realização de atividades compatíveis com suas possibilidades. Frug (2001), comenta este enfoque atual da Educação Física no qual o ser humano é visto em sua totalidade:
Corpos que anteriormente eram “disciplinados” nas aulas de Educação Física hoje se podem movimentar, transcender com intencionalidade dinâmica que promova a integração, e valorize o lúdico, a expressão corporal, os jogos, etc., sem perder de vista a totalidade do ser humano, dos portadores de deficiência, que também tem corpo, alma e plasticidade (p.34).
Trabalhar com as turmas do ensino regular, buscando se embasar neste enfoque, pode favorecer não apenas a inclusão de alunos portadores de deficiência, mas todos aqueles que de alguma forma não conseguem sentir prazer em uma aula que elege somente alunos com um determinado perfil. Encontramos também um professor que caracterizou essas pessoas como alunos que tem um rendimento menor que o nível da turma.
“Então eu acho que deveria ter uma outra pessoa, mais presente para acompanhar. Aí eles poderiam render melhor, porque eles têm um rendimento menor que o nível da turma.” Novamente se evidencia, aqui, a falta de conhecimento das potencialidades destes alunos. Porém, pareceu-nos, do exame dessas falas, que esse e outros professores que fizeram colocações como esta, o fizeram com o objetivo de reclamar a falta de apoio técnico que pudesse auxiliá-los na sala de aula. Mesmo assim, não se pode afirmar, com segurança, que estes alunos têm um rendimento de aprendizagem inferior ao restante da turma, pois, como mencionamos no capítulo anterior, as dificuldades desses alunos podem estar relacionadas somente às suas limitações de fala e/ou coordenação motora. Desse modo, o aluno pode estar acompanhando o que está sendo ensinado, mas tendo dificuldades para intervir nas atividades propostas, não exteriorizando, assim, o que sabe. Vemos, aqui, mais uma vez, que a necessidade de auxílio seria, somente, uma mediação que facilitasse o processo de interação, tanto deste aluno com o professor, quanto com o restante da turma.