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O Manual de controle das DST's aborda as infecções sexualmente transmissiveis e indica a conduta diante de cada caso.
Tipologia: Manuais, Projetos, Pesquisas
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Não perca as partes importantes!
3ª Edição – 1999
Apresentação
O Controle das DST no Brasil Introdução As DST como prioridade Princípios para o Controle Estratégias para o controle O manejo adequado de casos de DST
Abordagem do Portador de DST Exame Físico Aconselhamento Preservativos
Convocação de parceiros
Vigilância Epidemiológica de DST/HIV/Aids
Corrimento Uretral
Uretrite gonocócica Uretrite não gonocócica
Úlceras Genitais
Sífilis Alergia à penicilina Sífilis Congênita Cancro Mole Herpes genital Linfogranuloma venéreo Donovanose
Corrimentos Vaginais
Vulvovaginites Vaginose bacteriana Candidíase vulvovaginal Tricomoníase genital Cervicite Mucopurulenta
Oftalmia Neonatal
Dor Pélvica
Dor pélvica Doença inflamatória pélvica (DIP)
Infecção pelo Papilomavírus Humano (HPV)
Rastreio de Câncer Cérvico-Uterino em mulheres que têm ou tiveram DST
Hepatites Virais
Hepatite A Hepatite B
Infecção pelo HIV
Infecção pelo Vírus T-Linfotrópico Humano (HTLV)
Infecção pelo Citomegalovírus (CMV)
As Doenças Sexualmente Transmissíveis (DST) estão entre os problemas de saúde pública mais comuns em todo o mundo. Nos países industrializados ocorre um novo caso de DST em cada 100 pessoas por ano, e nos países em desenvolvimento as DST estão entre as 5 principais causas de procura por serviços de saúde (OMS-1990).
Nos últimos anos, provavelmente devido a alta transcendência da aids, o trabalho com as outras DST, doenças que facilitam a transmissão do HIV, passou a ter redobrada importância, principalmente no que se refere à vigilância epidemiológica, ao treinamento de profissionais para o atendimento adequado, e à disponibilidade e controle de medicamentos.
Levando-se em conta a alta magnitude estimada das DST em nosso meio, sua transcendência, não somente pelas graves conseqüências para a população, mas também pela sua interação com o HIV, a existência de tecnologia apropriada para seu controle e a possibilidade de êxito com o desenvolvimento de atividades específicas, a CN-DST/AIDS se propõe, com o apoio e participação de estados, municípios, organizações não governamentais e demais instituições envolvidas, a retomar o controle das DST como seu objetivo prioritário.
Para isto é indispensável a 3ª edição, revista e ampliada, deste manual, que contou, em sua elaboração, com a participação do pessoal técnico da CN-DST/AIDS e de um grupo de especialistas como consultores-revisores, listados a seguir.
Coordenação Nacional de DST e Aids:
l Fabio Moherdaui l Ana Lúcia R. de Vasconcelos l Eduardo Campos l Elisa Sudo l Marco Antonio Vitória l Sandra Filgueiras l Valdiléa Veloso
Consultores-revisores da 3ª edição (Comitê Nacional Assessor em DST):
l Adele Schwartz Benzaken (Ginecologista – Fundação Alfredo da Matta) l Albertina Duarte Takiuti (Universidade de São Paulo - SP) l Fabio Bastos Russomano (Instituto Fernandes Figueira - FIOCRUZ`- RJ) l Iara Moreno Linhares (Universidade de São Paulo - SP) l Ivo Castelo Branco Coelho (Universidade Federal do Ceará - CE) l João Luiz Schiavini (Universidade do Estado do Rio de Janeiro - RJ) l José Antonio Simões (Universidade de Campinas - SP) l José Carlos Gomes Sardinha (Fundação Alfredo da Matta - AM)
l Maria Albina Catellani (Instituto Fernandes Figueira - FIOCRUZ - RJ) l Mauro Cunha Ramos (Secretaria Estadual de Saúde de Meio Ambiente - RS) l Mauro Romero Leal Passos (Universidade Federal Fluminense - RJ) l Paulo Naud (Universidade Federal do Rio Grande do Sul - RS) l Telma Regia B. S. Queiroz (Secretaria Estadual de Saúde - CE) l Tomaz Isolan (Universidade Federal de Pelotas - RS)
Coordenador Nacional de DST e Aids
nosso país. Isto, associado ao alto índice de automedicação, torna o problema ainda maior, já que muitos dos casos não recebem a orientação e tratamento adequados, ficando sub-clínicos, permanecendo transmissores e mantendo-se como os elos fundamentais na cadeia de transmissão das doenças.
Transcendência :
l as DST são o principal fator facilitador da transmissão sexual do HIV; l algumas delas, quando não diagnosticadas e tratadas a tempo, podem evoluir para complicações graves e até o óbito; l algumas DST, durante a gestação, podem ser transmitidas ao feto, causando-lhe importantes lesões ou mesmo provocando a interrupção espontânea da gravidez; l as DST podem causar grande impacto psicológico em seus portadores; l as DST causam também grande impacto social, que se traduz em custos indiretos para a economia do País e que, somados aos enormes custos diretos decorrentes das internações e procedimentos necessários para o tratamento de suas complicações, elevam dramaticamente esses custos totais.
Vulnerabilidade :
l as DST, por suas características epidemiológicas, são agravos vulneráveis a ações de prevenção primária, como por exemplo a utilização de preservativos, de forma adequada, em todas as relações sexuais. Além disso, com exceção das DST causadas por vírus, existem tratamentos eficazes para todas elas; portanto, à medida que se consiga conscientizar os pacientes da necessidade de procurar rapidamente um serviço de saúde para tratar-se adequadamente e a seus parceiros sexuais, se logrará, a curto prazo, romper a cadeia de transmissão dessas doenças e consequentemente da infecção pelo HIV.
Factibilidade :
l o controle das DST é possível, desde que existam bons programas preventivos e uma rede de serviços básicos resolutivos, ou seja, unidades de saúde acessíveis para pronto atendimento, com profissionais preparados, não só para o diagnóstico e tratamento, mas também para o adequado acolhimento e aconselhamento dos portadores de DST e de seus parceiros sexuais, e que tenham a garantia de um fluxo contínuo de medicamentos e preservativos.
Princípios para o Controle
Os princípios básicos para o controle das DST, como em qualquer processo de controle de epidemias, são os seguintes:
l interromper a cadeia de transmissão : atuando objetivamente nos "elos" que formam essa corrente, ou seja, detectando precocemente os casos, tratando-os, e a seus parceiros, adequada e oportunamente. l prevenir novas ocorrências : por meio de aconselhamento específico, durante o qual as orientações sejam discutidas conjuntamente, favorecendo a compreensão e o seguimento das
prescrições médicas e contribuindo de forma mais efetiva para a adoção de práticas sexuais mais seguras.
A prevenção, estratégia básica para o controle da transmissão das DST e do HIV, se dará por meio da constante informação para a população geral e das atividades educativas que priorizem: a percepção de risco, as mudanças no comportamento sexual e a promoção e adoção de medidas preventivas com ênfase na utilização adequada do preservativo. As atividades de aconselhamento das pessoas com DST e seus parceiros durante o atendimento são fundamentais, no sentido de buscar que os indivíduos percebam a necessidade de maior cuidado, protegendo a si e a seus parceiros, prevenindo assim a ocorrência de novos episódios. Deve-se sempre enfatizar a associação existente entre as DST e a infeção pelo HIV. Deve-se, ainda, estimular a adesão ao tratamento, explicitando a existência de casos assintomáticos ou pouco sintomáticos, também suscetíveis a graves complicações. A promoção e distribuição de preservativos deve ser função de todos os serviços que prestam esse tipo de assistência. Desta forma, a assistência pode se constituir em um momento privilegiado de prevenção.
Tão importante quanto diagnosticar e tratar o mais precocemente possível os portadores sintomáticos é realizar a detecção dos portadores assintomáticos. Entre as estratégias que poderão suprir esta importante lacuna estão os rastreamentos de DST assintomáticas, especialmente sífilis, gonorréia e clamídia em gestantes ou adolescentes, em serviços específicos, como aqueles que executam atendimento ginecológico, em especial os de planejamento familiar, de atendimento pré-natal e os serviços de prevenção do câncer cérvico-uterino. Algumas mudanças na orientação dos profissionais de saúde para que passem a fazer assistência integral aos usuários são de fundamental importância pois, com isso, os indivíduos em situação de risco teriam uma oportunidade para aconselhamento e/ ou diagnóstico.
O tratamento deve ser instituído no momento da consulta, preferencialmente com medicação por via oral e em dose única, ou com o menor número possível de doses. A utilização de alguns fluxogramas desenvolvidos, testados e já validados, provê a possibilidade de tratamento imediato e a ruptura imediata da cadeia de transmissão. Nesta abordagem são pesquisados os sintomas e/ou sinais que, agrupados, forneçam o diagnóstico de uma síndrome. O tratamento visará, então, os agentes etiológicos mais comuns na síndrome em estudo. Para que esse tipo de assistência seja adequadamente implementada deve incluir ainda a coleta de material que permita a realização do diagnóstico etiológico em laboratório local ou de referência, aconselhamento para redução de risco, tratamento de parceiros, orientações para adesão aos tratamentos fracionados, promoção e distribuição de preservativos.
O atendimento de pacientes com DST tem algumas particularidades. Ele visa interromper a cadeia de transmissão da forma mais efetiva e imediata possível. Visa, ainda, evitar as complicações advindas da(s) DST em questão, e a cessação imediata dos sintomas.
O objetivo desse atendimento é tentar prover, em uma única consulta: diagnóstico, tratamento e aconselhamento adequados. Não há impedimento para que exames laboratoriais sejam colhidos ou oferecidos. A conduta, no entanto, não deverá depender de demorados processos de realização e/ou interpretação dos exames. Não se quer dizer com isto que o laboratório seja dispensável, ao contrário, tem seu papel aumentado principalmente em unidades de saúde de maior complexidade, que servirão como fontes para a definição do perfil epidemiológico das diferentes DST e de sua sensibilidade aos medicamentos preconizados.
Fluxogramas específicos, já desenvolvidos e testados, são instrumentos que auxiliarão o profissional que realiza o atendimento na tomada de decisões. Seguindo os passos dos fluxogramas, o profissional, ainda que não especialista, estará habilitado a: determinar um diagnóstico sindrômico, implementar o tratamento imediato, realizar aconselhamento para estimular a adesão ao tratamento, para a redução de riscos, para a convocação, orientação e tratamento de parceiros, promoção de incentivo ao uso de preservativos, dentre outros aspectos.
Os fluxogramas incluem uma série de polígonos de decisão e ação que contêm as informações básicas necessárias ao manejo dos pacientes.
Para o uso do fluxograma, o profissional identifica o polígono correspondente ao problema clínico que encontra-se no topo do quadro e segue, passo a passo, tomando as decisões necessárias, de acordo com os achados clínicos.
Após o fluxograma de cada síndrome, são apresentadas as notas correspondentes a cada polígono de decisão e ação. Essas notas, ainda que parte essencial do fluxograma, são demasiadamente detalhadas para serem incluídas nos polígonos.
Informações mais específicas sobre as doenças abrangidas por cada síndrome serão oferecidas imediatamente após as notas de esclarecimento de cada fluxograma. As informações sobre as DST que não fizerem parte das síndromes serão apresentadas em capítulos posteriores.
O exame físico e a anamnese do paciente e de seus contatos sexuais devem constituir-se nos principais elementos diagnósticos das DST, tendo em vista a dificuldade de acesso imediato aos exames laboratoriais. O médico, e mesmo os demais profissionais de saúde, deverão conhecer os principais aspectos anatômicos e funcionais, tanto do organismo masculino como do feminino, para poder, junto com os dados da anamnese, fazer um diagnóstico de presunção das principais síndromes (abordagem sindrômica) ou doenças transmitidas pelo sexo, lembrando que, na mulher, diversas DST podem apresentar-se de maneira assintomática durante período variável de tempo.
É importante frisar que obter informações fidedignas para a realização de uma anamnese consistente e precisa implica na construção de uma relação de confiança entre o profissional de saúde e o indivíduo em atendimento. Para tal, o profissional deve ter em mente que no contexto assistencial das DST, questões sobre sexualidade, fidelidade, prazer, desprazer, violência, conceito de risco, de doença, de saúde e outros, são apresentados das mais variadas formas, de acordo com a história de cada um dos interlocutores (paciente e profissional), seu meio socioeconômico e sua personalidade.
Sabemos que as DST implicam em práticas de foro íntimo e são decorrentes do exercício da sexualidade. Sendo assim, os profissionais têm a oportunidade ímpar de conversar sobre aspectos da intimidade da vida da pessoa em atendimento e, portanto, precisam ter clareza a respeito dos valores sexuais do paciente, assim como de seus próprios valores. Dessa forma, atitudes de preconceito, juízos de valor e imposição de condutas poderão ser evitadas e, apesar das eventuais diferenças, o diálogo será garantido.
Caso contrário, conseqüências negativas poderão ocorrer, como por exemplo: omissão de informações necessárias para a realização do diagnóstico ou despreocupação quanto à real gravidade da doença ou, por outro lado, superdimensioná-la, causando, desta forma, angústias desnecessárias ou até mesmo desajustes conjugais.
Nesse sentido entendemos que o paciente deverá ser visto como um todo, constituído por sentimentos, crenças, valores, aspectos estes determinantes das práticas de risco e atitudes diante do tratamento prescrito. Seu comportamento orgânico também não se restringe aos órgãos genitais; lembremos que outras doenças (ex.: diabetes, dermatoses, imunodeficiências, etc.), o estado nutricional e o uso de medicamentos, podem interferir tanto no diagnóstico como no tratamento das DST.
No atendimento motivado por DST, os profissionais de saúde deverão incluir o exame clínico-genital minucioso que contemple a busca de outras DST, educação para redução de riscos, orientação sobre cuidados higiênicos, oferecimento do teste anti-HIV, aconselhamento, estímulo à adesão ao tratamento, promoção do uso de preservativos, convocação dos parceiros sexuais e a notificação do caso; sempre que possível deverá ser feita a pesquisa e a observação de achados que possam identificar outras doenças, por meio de: inspeção geral, controle de pressão arterial, palpação de mamas, toque retal; a citologia oncótica de colo de útero deverá ser realizada quando houver indicação e por ocasião do retorno da paciente.
Observar pele, mucosas e palpar os gânglios de todos os segmentos corporais (cabeça, tronco e membros), particularmente, a palma das mãos, plantas dos pés, mucosa orofaríngea e dos genitais. Quaisquer lesões (ulceradas ou não, em baixo ou alto relevo, hiperêmica, hipercrômica, circular, irregular, circinada, etc.), no abdômen, dorso, couro cabeludo e principalmente na região perineal, deverão ser anotadas e correlacionadas com a história em questão.
Doenças como sífilis podem ter, além da região genital, outros locais de infecção. A gonorréia pode apresentar formas diferentes da enfermidade abrangendo regiões não genitais (ex.: faringite, osteoartrite, conjuntivite, peri-hepatite, etc.). O eritema multiforme e a cefaléia, podem acompanhar o
A retirada do espéculo deverá ser tão cuidadosa quanto a sua colocação, evitando-se prender o colo entre as lâminas do espéculo ou retirando-se o mesmo totalmente aberto, o que causará dor e traumatismo uretral. Durante a retirada, lenta e cuidadosa, observar as paredes vaginais. Quando disponível o aparelho, realizar o exame colposcópico observando toda a genitália, incluindo ectocérvice, vagina, vulva e ânus.
O toque vaginal também deverá ser previamente explicado à paciente e realizado com luva estéril (sem necessidade de ter o padrão cirúrgico). Deve-se usar inicialmente o dedo indicador para deprimir o períneo posterior, o que contribuirá para o relaxamento da musculatura. Introduz-se então os dedos médios e indicador (previamente lubrificados), procurando sentir a elasticidade vaginal, presença de tumorações e/ou abaulamentos, consistência e tamanho do colo e aberturas do canal cervical. Movendo-se o colo para um lado e outro, traciona-se os ligamentos cardinais e largo podendo evidenciar-se processos inflamatórios.
Somente após todas estas manobras é que se deve tocar com a outra mão a parede abdominal da paciente, sempre respeitando os movimentos respiratórios e aproveitando a expiração para a palpação profunda.
A mão vaginal empurra o colo e o útero para cima para que o fundo do mesmo possa ser palpado entre a mão abdominal e a vaginal. Durante a palpação, notar seu tamanho, consistência, mobilidade, a regularidade de sua forma, o ângulo em relação ao colo e à vagina e a possível sensibilidade da paciente.
As regiões anexas são palpadas inserindo os dedos vaginais lateralmente ao colo, até o fundo do fórnix, e tracionando as estruturas na pelve com a mão abdominal. As estruturas anexas (ligamento largo, trompa e ovário) são palpadas entre as duas mãos. Estas estruturas podem não ser palpáveis, principalmente em mulheres após a menopausa ou obesas. Geralmente, as trompas não são palpáveis, a menos que estejam aumentadas. Deve-se procurar por massas e alterações da sensibilidade. O tamanho, a forma, a consistência e a sensibilidade de qualquer massa também devem ser determinados.
O toque retal , quando necessário, deverá ser explicado para a paciente, e realizado com uso de lubrificante. Facilita o exame pedir à paciente para fazer força durante a inserção do dedo examinador. Palpa-se o canal anal à procura de massas. Utilizando a mesma técnica abdomino- vaginal, as estruturas pélvicas são novamente palpadas. Deve-se prestar atenção especial ao septo retrovaginal, aos ligamentos uterossacrais, ao fundo de saco e ao fundo uterino posterior. É durante este exame que melhor se encontram massas do fundo de saco de Douglas.
As associações entre diferentes DST são freqüentes. Destaca-se, atualmente, a relação entre a presença de DST e o aumento do risco de infecção pelo HIV.
O cumprimento de todos os passos da anamnese, do exame físico e a coleta de secreções e material para a realização do diagnóstico etiológico, o oferecimento para realização do diagnóstico sorológico anti-HIV e o aconselhamento devem fazer parte da rotina. No entanto, lembramos que a realização do
exame para detecção de anticorpos anti-HIV deve ocorrer se o profissional sentir-se capacitado para realizar o aconselhamento pré e pós-teste.
O aconselhamento é entendido como um "processo de escuta ativa individualizado e centrado no cliente. Pressupõe a capacidade de estabelecer uma relação de confiança entre os interlocutores, visando o resgate dos recursos internos do cliente para que ele mesmo tenha possibilidade de reconhecer-se como sujeito de sua própria saúde e transformação." (CN DST/Aids - MS, 1997)
Tido como um instrumento importante para a quebra na cadeia de transmissão das DST, o aconselhamento auxilia o paciente a:
l compreender a relação existente entre o seu comportamento e o problema de saúde que está apresentando, l a reconhecer os recursos que tem para cuidar da sua saúde e evitar novas infecções.
Esta prática pressupõe o reconhecimento pelo profissional de que o sucesso a ser alcançado depende da ação conjunta de ambos interlocutores (profissional e paciente). Implica, portanto, na participação ativa do paciente no processo terapêutico e na promoção de um diálogo no qual a mensagem é contextualizada às características e vivências do indivíduo em atendimento. A idéia demarcada no processo de aconselhamento é a TROCA:
l por um lado há o profissional com seu saber técnico científico, suas crenças, valores e suas possibilidades e limites em manejar/conduzir cada caso, e l por outro lado há o paciente com seu saber, crenças, valores e suas possibilidades e limites em adotar medidas preventivas e seguir as prescrições médicas.
Na medida que, no processo de aconselhamento, a "demanda" do paciente, entendida como suas necessidades, dúvidas, preocupações, medos, angústias, etc., relacionadas ao seu problema de saúde, é identificada e acolhida, torna-se possível o desenvolvimento de uma relação de confiança e a promoção de apoio emocional. Dessa forma, o nível de estresse do paciente é reduzido, propiciando as condições para o alcance dos seguintes objetivos:
l trocar informações sobre DST, HIV e aids, suas formas de transmissão, prevenção e tratamento; l realizar avaliação de riscos, permitindo a compreensão/consciência a respeito dos riscos pessoais de infecção para a DST atual e para o HIV; l identificar os limites e as possibilidades existentes para a adoção de medidas preventivas, estimulando o cuidado de si e dos parceiros; l promover a adesão ao tratamento; e l promover a comunicação e tratamento do(s) parceiro(s) sexual(is).
l reforçar a necessidade de retorno ao serviço se não houver melhora ou sempre que apresentar algum sintoma; l reforçar a necessidade do tratamento dos parceiros sexuais; l trocar informações sobre DST e HIV e aids, suas formas de transmissão, prevenção e tratamento, com ênfase nas situações de risco do cliente; l ajudar o cliente a avaliar e perceber seus riscos de infecção pelo HIV e outras DST; l identificar barreiras para a mudança das situações de risco; l contribuir para a elaboração de um plano viável de redução de riscos; l explicar o benefício e demonstrar o uso correto do preservativo; l avaliar possíveis dificuldades quanto ao uso do preservativo e sua superação; l avaliar e recomendar a possibilidade de outras práticas sexuais seguras; l ajudar o cliente a reconhecer suas responsabilidades e possibilidades em lidar com seu problema; l lembrar que o consumo de álcool e outras drogas, lícitas ou ilícitas pode alterar a percepção de risco; l estimular a auto-estima e autoconfiança do cliente; l favorecer a desconstrução de estigmas, mitos e preconceitos relacionados às DST e HIV e aids; l estimular a disseminação das orientações recebidas; l encaminhar o cliente para outros serviços de assistência, incluindo grupos comunitários de apoio, quando necessário; l enfatizar a relação entre DST e HIV e aids, principalmente o fato de uma DST facilitar a transmissão do HIV, qualquer que seja ela; l oferecer testagem anti-HIV e aconselhamento pré e pós-teste.
l reafirmar o caráter voluntário e confidencial da testagem; l avaliar com o cliente a realização ou não do teste; l verificar história anterior de testagem e riscos; l trocar informações sobre o sistema de teste e o conceito de "janela imunológica"; l trocar com o cliente informações sobre o significado dos possíveis resultados do teste; l reforçar para o cliente a diferença entre HIV e aids; l considerar com o cliente o impacto em sua vida dos possíveis resultados do teste; l sondar qual o apoio emocional e social disponível ao cliente (família, parceiros, amigos, trabalho e outros); l considerar com o cliente possíveis reações emocionais no período de espera do resultado do teste; l reforçar a necessidade da adoção de práticas seguras frente ao HIV, também neste período.
l informar que um resultado negativo significa que a pessoa não está infectada ou foi infectada tão recentemente que não produziu anticorpos necessários para detecção pelo teste utilizado; l avaliar a possibilidade do cliente estar em "janela imunológica" e necessitar de um novo teste; l lembrar que um resultado negativo não significa imunidade; l reforçar as práticas seguras já adotadas ou a serem adotadas pelo cliente frente ao HIV; l reforçar os benefícios do uso exclusivo de equipamentos para o consumo de drogas injetáveis
e demonstrar o método correto de limpeza e desinfecção de seringas e agulhas, caso seja necessário.
l permitir o tempo necessário para que o cliente assimile o impacto do diagnóstico e expresse seus sentimentos; l conversar sobre sentimentos e dúvidas, prestando o apoio emocional necessário; l estar atento para o manejo adequado de sentimentos comuns, tais como raiva, ansiedade, depressão, medo, negação e outros; l desmistificar sentimentos que associam HIV/AIDS a culpa, punição, rejeição, degenerescência, morte, e outros; l retomar que um resultado positivo significa que a pessoa é portadora do vírus, podendo ou não estar com a doença desenvolvida; l enfatizar que mesmo sendo um portador assintomático pode transmitir o vírus para outros; l reforçar a importância de acompanhamento médico, ressaltando que a infecção é controlável; l reforçar a necessidade da adoção de práticas seguras para a redução de riscos de re-infecção pelo HIV e outras DST; l reforçar o benefício e demonstrar o uso correto do preservativo, caso ainda haja dúvidas; l reforçar os benefícios do uso exclusivo de equipamentos para o consumo de drogas injetáveis e demonstrar o método correto de limpeza e desinfecção de seringas e agulhas, caso seja necessário. l enfatizar a necessidade do resultado ser comunicado aos parceiros sexuais oferecendo ajuda, caso seja solicitada; l orientar quanto a necessidade dos parceiros realizarem o teste anti-HIV; l definir com o cliente os serviços de assistência necessários, incluindo grupos comunitários de apoio; l em caso de gestante explicar:
l as formas de transmissão vertical do HIV (da gestante para o feto), que podem ocorrer durante a gestação, parto ou aleitamento; l como pode minimizar as chances da transmissão vertical; l a transmissão dos anticorpos maternos e o processo de soroconversão no recém-nascido; l os riscos da amamentação; e l a necessidade de realizar o teste de todos os filhos nascidos após a infecção.
l explicar que um resultado indeterminado pode significar: um falso positivo devido a razões biológicas ou um verdadeiro positivo de uma infecção recente cujos anticorpos não estão plenamente desenvolvidos; l reforçar a adoção de práticas seguras para a redução de riscos de infecção pelo HIV e outras DST; l reforçar o benefício e demonstrar o uso correto do preservativo; l reforçar os benefícios do uso exclusivo de equipamentos para o consumo de drogas injetáveis e demonstrar o método correto de limpeza e desinfecção de seringas e agulhas, caso seja necessário;
tomadas por todos os indivíduos, independentemente dos fatores idade ou sexo. Mesmo as pessoas que, por desejarem ter filhos, por serem estéreis ou terem se submetido à esterilização cirúrgica voluntária ou, ainda, por já se encontrarem fora do período reprodutivo não necessitavam recorrer ao uso de métodos anticoncepcionais, também se vêem, hoje, obrigadas a utilizar em sua prática sexual um método de barreira, destinado a minimizar os riscos de exposição ao HIV.
Com isto, a aids veio revalorizar um método antigo, cujos níveis de utilização, em todo o mundo, vinham em constante declínio desde meados da década de 50. Essa rápida mudança, entretanto, também exige mudanças de atitude por parte dos indivíduos, particularmente aquelas que se referem à aceitabilidade e ao uso efetivo de um método (anticoncepcional e profilático) ainda considerado como antiquado, além de ser estigmatizado, pois muito freqüentemente ele é associado a relacionamentos sexuais ilícitos e/ou promíscuos, bem como a práticas sexuais também consideradas como de alto risco.
O uso de preservativos, tanto masculinos quanto femininos, por pessoas sexualmente ativas, é o método mais eficaz para a redução do risco de transmissão do HIV e de outros agentes sexualmente transmissíveis. Sua segurança, no entanto, depende da técnica de uso e de seu uso sistemático em todas as relações sexuais.
l deve ser armazenado afastado do calor, observando-se a integridade da embalagem, bem como o prazo de validade; l deve ser colocado antes da penetração, após obtida ereção peniana; l o receptáculo existente na extremidade do preservativo deve ser apertado durante a colocação, retirando todo o ar do seu interior; l ainda segurando a ponta do preservativo, desenrolá-lo até a base do pênis; l devem ser usados apenas lubrificantes de base aquosa pois o uso de lubrificantes oleosos (como vaselina ou óleos alimentares) danifica o látex, ocasionando sua ruptura; l no caso de ruptura, o preservativo deve ser substituído imediatamente; l após a ejaculação, retirar o pênis ainda ereto, segurando o preservativo pela base para que não haja vazamento de esperma; e l o preservativo não pode ser reutilizado, e deve ser descartado no lixo (não no vaso sanitário) após o uso.
Usuários constantes dos preservativos masculinos apontam como fatores de risco para ruptura ou escape:
l más condições de armazenamento; l não observação do prazo de validade; l lubrificação vaginal insuficiente; l sexo anal sem lubrificação adequada; l uso de lubrificantes oleosos; l presença de ar e/ou ausência de espaço para recolher o esperma na extremidade do preservativo; l tamanho inadequado em relação ao pênis; l perda de ereção durante o ato sexual;
l contração da musculatura vaginal durante a retirada do pênis; l retirada do pênis sem que se segure firmemente a base do preservativo; l uso de dois preservativos (devido à fricção que ocorre entre eles); e l uso de um mesmo preservativo durante coito prolongado.
l deve ser armazenado afastado do calor, observando-se a integridade da embalagem, bem como o prazo de validade; l não deve ser usado junto com o preservativo masculino; l ao contrário do preservativo masculino, o feminino pode ser colocado até oito horas antes da relação, e retirado com tranqüilidade após a relação, de preferencia antes da mulher levantar- se, para evitar que o esperma escorra do interior do preservativo; l o preservativo feminino já vem lubrificado, no entanto, se for preciso, devem ser usados, na parte interna, lubrificantes de base aquosa; l para colocá-lo corretamente, a mulher deve encontrar uma posição confortável (em pé com um dos pés em cima de uma cadeira, sentada com os joelhos afastados, agachada ou deitada); o anel móvel deve ser apertado e introduzido na vagina; com o dedo indicador ele deve ser empurrado o mais profundamente possível para alcançar o colo do útero; a argola fixa (externa) deve ficar aproximadamente 3 cm para fora da vagina; durante a penetração o pênis deve ser guiado para o centro do anel externo; l deve ser utilizado um novo preservativo a cada nova relação.
O uso regular de preservativos pode levar ao aperfeiçoamento na técnica de utilização, reduzindo a freqüência de ruptura e escape e, conseqüentemente, aumentando sua eficácia.
Os preservativos devem ser promovidos e oferecidos aos pacientes, como parte da rotina de atendimento.
O controle das DST não se obtém apenas com o tratamento de pessoas que se apresentam aos serviços de saúde com sinais e sintomas de DST.
Para que se rompa a cadeia de transmissão das DST, é fundamental que os contatos sexuais do indivíduo infectado sejam localizados e tratados. A convocação de parceiros também permite que se faça a educação sobre os riscos da infecção pelo HIV para um grupo que está sob maior risco.
A convocação de parceiros deve ser considerada sempre que uma DST é diagnosticada, independentemente do local onde os cuidados de saúde são oferecidos. O parceiro deve receber informações sobre:
l a natureza da exposição e risco da infecção; l a necessidade de pronto atendimento médico, bem como os locais onde consegui-lo; l a necessidade de evitar contato sexual até que seja tratado e/ou aconselhado.