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3 OS FUNDAMENTOS ETICO-MORAIS DA PAZ EM SANTO ..., Provas de Ética

da paz apregoados por Santo Agostinho e suas incidências na vida pessoal, social ... O pensamento do Santo Teólogo acerca da ética acena para uma.

Tipologia: Provas

2022

Compartilhado em 07/11/2022

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Gaucho_82 🇧🇷

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OS FUNDAMENTOS ETICO-MORAIS DA PAZ EM SANTO
AGOSTINHO
Neste terceiro capítulo, abordaremos os aspectos que fundamentam e norteiam a
visão ético-moral da paz no pensamento agostiniano; a fonte da lei natural e sua
função, no que tange ao processo de aquisição da paz; as prerrogativas dos graus
da paz apregoados por Santo Agostinho e suas incidências na vida pessoal, social
e no Cosmo; a importância do conceito da Civitas, em Agostinho, para a
construção e a promoção da paz; o respeito aos direitos naturais, imprescindível
para a consolidação da paz; a dignidade do ser humano, pressuposto basilar na
edificação da paz; a implantação da paz, com o empenho e o compromisso de
todos os membros da sociedade; a autêntica paz e suas exigências.
3.1
A ética em Agostinho
3.1.1
O conceito de ética
Não se pode compreender, adequadamente, a ética agostiniana fora da
perspectiva do amor, pois os homens, para o Hiponense, tendem comumente para
o objeto do seu amor371. O homem se revela por aquilo que ama372. Quando ama o
Sumo Bem, procura ordenadamente usar, com moderação,os bens deste mundo
para um dia possuí-los. Quando ama a si mesmo, vive dissolutamente, como se os
bens terrenos fossem únicos e eternos. Para o Serafim da África, há, em toda
criação, um imperativo, segundo o qual os bens materiais devem ser utilizados e
não fruídos373. A ética do Hiponense consiste em seguir essa ordem natural
impressa por Deus no íntimo do ser humano. Deus é o Bem Supremo do homem,
371. De Civ. Dei XI,28:“As tendências dos pesos são como que os amores dos corpos, quer
busquem, por seu peso, descer, quer busquem, por sua leveza, subir, pois, como o animo é levado
pelo amor aonde quer que vá, assim também o corpo o é por seu peso”.
372. BESCHIN, Giuseppe., op. cit., p.62.
373. De Civ. Dei XI,25: “Donde se segue que das coisas temporais devemos usar, não gozar,
para merecermos gozar das eternas. Não como os perversos, que querem gozar do dinheiro e usar
de Deus, porque não gastam o dinheiro por amor a Deus, mas prestam culto a Deus por causa do
dinheiro”.
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OS FUNDAMENTOS ETICO-MORAIS DA PAZ EM SANTO

AGOSTINHO

Neste terceiro capítulo, abordaremos os aspectos que fundamentam e norteiam a visão ético-moral da paz no pensamento agostiniano; a fonte da lei natural e sua função, no que tange ao processo de aquisição da paz; as prerrogativas dos graus da paz apregoados por Santo Agostinho e suas incidências na vida pessoal, social e no Cosmo; a importância do conceito da Civitas , em Agostinho, para a construção e a promoção da paz; o respeito aos direitos naturais, imprescindível para a consolidação da paz; a dignidade do ser humano, pressuposto basilar na edificação da paz; a implantação da paz, com o empenho e o compromisso de todos os membros da sociedade; a autêntica paz e suas exigências.

A ética em Agostinho

O conceito de ética

Não se pode compreender, adequadamente, a ética agostiniana fora da perspectiva do amor, pois os homens, para o Hiponense, tendem comumente para o objeto do seu amor 371. O homem se revela por aquilo que ama 372. Quando ama o Sumo Bem, procura ordenadamente usar, com moderação,os bens deste mundo para um dia possuí-los. Quando ama a si mesmo, vive dissolutamente, como se os bens terrenos fossem únicos e eternos. Para o Serafim da África, há, em toda criação, um imperativo, segundo o qual os bens materiais devem ser utilizados e não fruídos^373. A ética do Hiponense consiste em seguir essa ordem natural impressa por Deus no íntimo do ser humano. Deus é o Bem Supremo do homem,

  1. De Civ. Dei XI,28:“As tendências dos pesos são como que os amores dos corpos, quer busquem, por seu peso, descer, quer busquem, por sua leveza, subir, pois, como o animo é levado pelo amor aonde quer que vá, assim também o corpo o é por seu peso”.
  2. BESCHIN, Giuseppe., op. cit., p.62.
  3. De Civ. Dei XI,25: “Donde se segue que das coisas temporais devemos usar, não gozar, para merecermos gozar das eternas. Não como os perversos, que querem gozar do dinheiro e usar de Deus, porque não gastam o dinheiro por amor a Deus, mas prestam culto a Deus por causa do dinheiro”.

por isso, Ele é o Fim de toda a criação. Assim, a ética autêntica, para o Santo de Hipona, é aquela que ajuda o ser humano a viver de acordo com esse fim. Para o Doutor da Graça, não se trata de uma lei externa, ou de conotação apenas jurídica, Ela é intrínseca à natureza humana. A beleza e o esplendor dos bens visíveis remetem para uma Beleza e um Bem Supremo, que ultrapassam o efêmero e o limitado. O pensamento do Santo Teólogo acerca da ética acena para uma hierarquia dos seres^374. Deus é a fruição, por antonomásia, do ser humano. Viver, segundo esta indicação natural, é preservar a ordem natural formada por uma escala de valores, que procedem de um Ser Supremo, passa pelos inferiores, sem jamais esquecer da Grandeza e Magnificência dAquele que originou tudo. Neste sentido, pode-se afirmar que a ética, do Pastor de Hipona, é ampla e convergente. Ela é imanente e, ao mesmo tempo, presente na comunhão dos homens consigo e seus semelhantes^375. A doutrina ética do Doutor do Amor, na opinião do estudioso Stanislaw Kowalczyk, reforça a idéia de que a felicidade do ser humano consiste em unir-se ao seu Criador através do reto uso dos bens da criação^376. O amor a Deus e ao próximo é o eixo, sobre o qual, a ética agostiniana gira e, para onde, conflui todo agir ético^377. De fato, Nosso Autor acredita que só, quando Deus, Verdade Absoluta, é amado, o ser humano pode amar com liberdade e segurança, pois, segundo ele, só ama a si mesmo e ao próximo, quem é livre^378. Por isso, para o Teólogo Hiponense, a ética só tem sentido, enquanto ação e comportamento que visam o respeito à Lei de Deus, que ordena todos os homens a se amarem como irmãos. Quando as atitudes humanas não são iluminadas por essa mentalidade, o homem foge da sua vocação primordial, que é o amor desinteressado pelo próximo. O Serafim de Hipona se refere a isso, quando se dirige ao governador Macedônio nestes termos, falando daqueles que tentam amar de modo diverso do

  1. Ibidem IX, 16. 375.PEGUEROLES, Juan. El ordem Del amor. Esquema de la ètica de San Agustin. In. AUGUSTINUS, V. XXII, n.85-88, Jul-Dic, 1977,pp.226-227.Segundo alguns comentadores do Santo como Juan Pegueroles, o ethos agostiniano mantêm e protege a ordem natural que remete a criatura ao Criador, numa perspectiva de amor que se traduz no respeito pelo próximo e pela criação. 376.Cf. KOWALCZYK, Stanislaw. El Teocentrismo de la Jerarquia de los bienes en la doctrina de San Agustín.In. AUGUSTINUS, V.XXII,n.87-88,Jul-Dic, 1977,p.234. 377.Cf.CAVALCANTI, Elena. Ética Cristiana nei secoli III e IV: Principali elementi di strutturazione.In. Atti del incontro di studiosi dell antichita chistiana, Roma, Augustinianum,1995,p.
  2. Cf. De Lib. Arb. II, 14.

pelo Santo Teólogo gira em torno de dois critérios, que estão intrinsecamente presentes no âmago da existência humana: o “uti” e “frui”^383. Eles asseguram o bom ou o mal uso da criação. Para o Santo Africano, ontologicamente, o homem foi criado para amar somente Àquele que é o Amor por excelência: Deus. Assim, a natureza com seus diversos graus de seres é um itinerário que tem como fim o sumo Bem, que dá sentido e move o itinerário ético. A criação é bela, exuberante, porém é apenas um pálido reflexo daquela Beleza e daquele Esplendor que são, exclusivamente, do Criador. O mundo tem maravilhosas riquezas e bens materiais, que se constituem setas que apontam para o Bem Supremo, fonte de todos os bens. Ele expressa esta verdade no De Trinitate , quando afirma:

“Ainda uma vez compreende, se tu podes. Não se ama senão certamente o bem, porque boa é a terra com as altas montanhas, as colinas médias, as planícies dos campos, bom é o terreno ameno e fértil, boa é a casa ampla e luminosa, dos quartos dispostos com proporções harmoniosas; bons os corpos dos animais dotados de vida; boa é a corrente de ar da temperatura; bom é o alimento saboroso; boa é a saúde sem sofrimento e fadiga; bom é o rosto do homem, harmonioso, iluminado de um sorriso suave com vibrantes cores; boa é a alma do amigo pela suavidade da partilha dos mesmos sentimentos (...) Elimina este e aquele e contempla o próprio Bem, se podes; agora verás Deus que não recebe sua bondade de nenhum outro bem, pois Ele é o Bem do qual procede todo bem “ 384.

A Revelação Divina contida na Sagrada Escritura enaltece a criação como expressão da Bondade e do Amor de Deus pelo homem. Ressaltam a importância desses, colocando-os no centro do Cosmo 385. O Universo foi criado para ser pólo de união entre Deus e o homem. Nosso Autor, tendo diante de si o testemunho da Sagrada Escritura, reconhece que esse projeto original de Deus foi obscurecido,

  1. Os biógrafos de Agostinho dizem que esta distinção foi amadurecida durante o processo de sua própria conversão. Segundo esta linha de raciocínio” uti “significa utilizar, servir-se e “fluir” tem a conotação de gozar, ou seja, amar algo por ele mesmo. Após seu encontro com Cristo e sua experiência do Amor de Deus, o Hiponense chegou a conclusão que o homem deve servir-se dos seres e da criação, como meio e não como fim. Deus é o fim por excelência, para o qual tudo deve convergir. As páginas mais belas e profundas a respeito desse tema estão nos livros I e II do De Doctrina Christiana.
  2. De Trin. VIII,3.4. Cf. De Civ. Dei XI,21.
  3. “Sim, naturalmente vãos foram todos os homens que ignoraram a Deus e que, partindo dos bens visíveis, não foram capazes de conhecer Aquele que é, nem, considerando as obras, de reconhecer o Artífice... Se, fascinados por sua beleza, os tomaram por deuses, aprendam quanto lhes é superior o Senhor dessas coisas, pois foi a própria fonte da beleza que as criou. E se os assombrou sua força e atividade, calculem quanto mais poderoso é Aquele que as formou, pois a grandeza e a beleza das criaturas fazem, por analogia, contemplar seu Autor”. Sb 13,1.3-5.

quando Adão pecou, inclinando todo o gênero humano sobre si mesmo, desprezando desta forma o Amor Divino. Dentro deste contexto, o Verbo feito carne veio ao encontro do homem desnorteado e perplexo para ajudá-lo a retomar o caminho da felicidade^386. Veio iluminar e libertar os seres humanos das trevas do erro para o reto uso da razão, concedendo sabedoria e força para que o “uti” e o “frui” alcancem o fim do “fruir” de Deus 387. A ética cristã, para nosso Santo Pastor, é racional e a sua vivência é fruto da Graça Divina. Ela é uma expressão da razão e da lei Eterna, que oferece princípios sólidos para um convívio social, pautado no amor aos semelhantes e no respeito aos bens da criação. A ética agostiniana remete com frequência para o Infinito, porque o homem foi criado com desejo e capacidade de amar, que não se satisfazem na terra, na limitação dos seres que fazem parte da criação. Sendo assim, o fundamento da ética do Santo Doutor é Transcendental, pois o anseio de realização e felicidade ultrapassa a própria existência.

A superação da ética individualista

Embora a ética do Doutor da África parta de um pressuposto ontológico, ela não tem nenhuma variante egocêntrica e intimista, pois suas indicações atingem a dimensão comunitária, cujas consequências repercutem na sociedade. A comunidade humana é sempre o espaço privilegiado, onde o “uti” e o “frui” se manifestam. Por isso, a ética de Nosso Autor, na opinião do estudioso Giovanni Alberto, é também chamada ética social ou ética do amor^388 , pois inspira e direciona para o bem comum. A ética apregoada pelo Santo Teólogo é participativa e comprometedora, pois a sua base é o preceito do amor a Deus sobre todas as coisas e ao próximo 389. Esse mandamento divino impulsiona o amor ao próximo, como expressão do

  1. De Civ. Dei IX,15.
  2. Cf. De Doct. Christ. I,22.20.21. 388.Cf. DI GIOVANNI, Alberto. La dialettica dell’amore. Roma, Edizione Abete, 1965, p.146.
  3. “Mestre, qual é o maior mandamento da lei? Ele respondeu: “Amarás ao Senhor teu Deus de todo o teu coração, de toda a tua alma e de todo o teu entendimento. Esse é o maior e o primeiro mandamento. O segundo é semelhante a esse: Amarás o teu próximo como a ti mesmo. Desses dois mandamentos depende toda a lei e os profetas”. Mt. 22,36-40.

Porém, essa superação só é possível, quando se adere ao “amor Dei”, que inculca, no crente, o amor pelo bem do outro. O Santo Bispo tem consciência de que, para se chegar a um convívio social justo, é necessário uma transformação dos corações^397. As estruturas sociais são injustas e, por conseguinte, não propiciam a construção da paz, porque os membros da cidade terrena não se abrem ao verdadeiro amor que pode sanar as discórdias e contendas humanas 398. A ética cristã suplanta a tendência desordenada do ser humano de colocar seu eu no centro, em detrimento do bem social, pois o amor de Cristo impele ao amor solicito por todos. Para Santo Agostinho é impossível que alguém faça uma experiência mística de intimidade com Deus, sem que esta deixe profundas e autênticas iniciativas em prol dos pobres e menos desfavorecidos.

“Também isto: Sempre que deixastes de fazê-lo com algum de meus pequeninos, deixastes de fazê-lo comigo, mostra que não as fazem, embora creiam que sim. Se dão pão a cristão pobre, por ser cristão, não negarão a si mesmos o pão de justiça que é Cristo, porque Deus não atende a quem se dá, mas à intenção com que se dá. Quem no cristão ama Cristo, dá esmola com o mesmo espírito que o induz a, sem castigo, apartar-se de Cristo”^399.

A ética a serviço da paz

A paz é o principal bem da sociedade^400. Ela é sempre um desafio, pois está frequentemente ameaçada pela explosão contínua das paixões e desejos mesquinhos, que tentam dominar o horizonte pessoal e social da história. Por isso, Nosso Autor trabalha a ética cristã em prol da paz, a partir do próprio coração e da razão humana, dando-lhes os critérios para superação de seus interesses egoísticos para buscar o bem comum, como já exposto. O autêntico encontro com Cristo

  1. De Civ. Dei, IX, 15.
  2. De Doct. Christ III,10.15: “Caritatem voco motum animi ad fruendum Deo propter ipsum et se atque próximo propter Deum; cupiditatem autem motum animi ad fruendum se et próximo et quolibet corpore non propter Deum... Item quod agit caritas quo sihi prosit, utilitas est, quod autem agit ut prosit próximo, beneficentia nominatur. Et hic praecedit utilitas, quia Nemo potest ex eo quod non habet prodesse alteri. Quanto autem magis regnum cupiditatis destruitur, tanto caritatis augetur”.
  3. De Civ. Dei XXI, 27.3.
  4. Ibidem XIX,11: “E tão nobre bem é a paz, que mesmo entre as coisas terrenas e mortais nada existe mais grato ao ouvido, nem mais desejável ao desejo, nem superior em excelência. Abrigo a convicção de que, se me detivesse um pouco a falar dele, não seria oneroso aos leitores, tanto pelo fim da cidade de que trabalhamos como pela doçura da paz, ansiada por todos”.

traz, consequentemente, a paz interior e a vontade de construir as estruturas, que favorecem a realização da paz exterior. A paz cristã, que resulta de uma vivência ética inspirada no amor, não é conformismo e nem acomodação diante das solicitações do mal, criadas pelo desejo de poder e de vanglória pessoal. A paz, para o Doutor do Amor, supõe uma postura ética de respeito pela pessoa e pelos seus direitos, tendo, como princípio, o reconhecimento da supremacia de Deus. Paradoxalmente, a paz supõe uma luta que começa no interior do homem. A causa dessa batalha, que todo homem trava dentro de si, é a desordem ocasionada pela desobediência do primeiro casal^401. Daí, a razão precisa dominar as paixões, que, continuamente, provocam violência para seguir os princípios apontados pela ética^402. O Santo Teólogo afirma que a paz depende da comunhão com Deus, consigo e com o próximo. Sem a concretização dessas três dimensões não se pode viver em paz. Na concepção de Giuseppe Beschin, o Doutor da Paz acredita que a concórdia social está subordinada à reta prática do amor 403. Na opinião de Domingo Natal Alvarez, o ordo amoris apregoado por Santo Agostinho compreende três maneiras de amar 404 : a primeira consiste em descobrir e amar a presença de Deus no mundo físico e natural, pois toda criação revela o seu poder Criador (Gn 1,31); a segunda diz respeito ao amor que deve reinar entre os homens, Filhos de Deus, criados para viver como irmãos (Jo 13,34); a terceira está relacionada à participação no mistério de comunhão das três Pessoas Divinas, fonte inexaurível de amor, base e sustentáculo da fraternidade universal (Jo 14,21- 22). Por isso, a ética agostiniana promove e preserva a paz pessoal e coletiva, ou seja, o acatamento da reta ordem do amor que regula o “uti e frui”^405. De fato, o ordo amoris agostiniano implica na pronta adesão da vontade potencializada em amor, que através do uso dos bens menores busca atingir, unicamente, a fruição

  1. Cf. Ibidem XIV,26.
  2. Cf. Ibidem XIV,15.2.
  3. Cf. BESCHIN, Giuseppe. op. cit., pp.144-
  4. Cf. ALVAREZ, Domingo Natal. El ordo amoris en San Agustin. In: AGUSTINIANA, V. XLIX, n.149, Mayo/Agosto, 2008, p.551.
  5. De Civ. Dei XI,28: “E provamo-lo, porque nos homens que se amam com maior retidão é mais amado o amor. Na realidade não se chama, com razão, “homem bom a quem sabe o que é bom, mas a quem ama o bom. E porque em nós não sentimos que amamos o amor, graças ao qual amamos quanto amamos de bom”.

desejo de infinito. O programa, que a ética agostiniana apresenta, realiza-se no cotidiano que passa pela abertura aos outros, fruto da paz interior e do domínio das paixões mesquinhas, que conduzem à paz social.

A moral em Agostinho

O conceito de moral

A moral agostiniana está estreitamente ligada aos usos e costumes que se relacionam aos fins dos bens deste mundo e às conseqüências que isto acarreta à vida pessoal e social^411. De fato, o Africano registrou, no “ De Civitate Dei ” algumas virtudes, inclusive de cunho cívico, praticadas pelos romanos, que enalteceram e glorificaram o Império, como: o amor à pátria, o apreço pela honra e o desejo de liberdade^412. Mesmo movidos pela ânsia de glória e de domínio, eles conseguiram, pelo esforço e a perseverança, o crescimento político e econômico do Império^413. Nosso Autor até chega à conclusão de que a prática destas virtudes teve o reconhecimento de Deus, o aplauso e o elogio de diversos povos da história.

“Por todas essas artes, como que por verdadeiro caminho, aspiram às honras, ao mando e a glória”. Foram honrados em quase todas as nações e impuseram as leis de seu Império a muitos povos. E hoje em dia gozam de glória nos livros e nas histórias e em quase todo mundo. Já não tem por que queixar-se da justiça do Deus Verdadeiro e Supremo: receberam seu galardão” 414.

Para o Santo Africano, só vive, moralmente, de modo perfeito, quem procura atingir o Bem Supremo. Por isso, segundo ele, os romanos, embora tenham sido louváveis pelo exercício das virtudes, sobretudo cívicas, cometeram um erro moral ao sobreporem os bens mutáveis ao Imutável^415. O Santo Africano

  1. Ibidem VIII,10.2: “... É moral ou ética, a que trata dos costumes e dos fins dos bens que devem ser apetecidos e dos males que devem ser evitados....” Ibid., VIII, 10.2.
  2. Cf. Ibidem. V, 15.
  3. Cf. Ibidem., V, 12.2.
  4. Ibidem. V, 16. 415.Ibidem VIII,8: “Muitos, amando o que não se deve amar, são miseráveis; e mais miseráveis ainda, quando dele gozam. Contudo, ninguém é feliz, se não goza do que ama. Isso, porque os mesmos que amam as coisas que se não deve amar, não se julgam felizes, amando-as, mas gozando-as. Não é feliz, por conseguinte, quem goza do que ama e ama o verdadeiro e soberano bem? Não é o cumulo da miséria negà-lo? Ora, o verdadeiro e soberano bem é Deus mesmo”...

A humildade e o amor reto: fundamentos da moral

Para Bernard Roland-Gosselin^421 , o Pastor Africano crê que a humildade é o fundamento da vida moral, pois a função desta é ajudar o homem a conhecer a vontade de Deus, obedecer e a pôr em prática. Nisto consiste a felicidade do ser humano que constitui, para o Águia de Hipona, a própria perfeição^422. Na verdade, a teologia moral do Doutor da Graça gira em torno da busca de Deus. O finito que anseia pelo infinito. Todavia, o homem precisa sair de si mesmo, reconhecer que sozinho é incapaz de encontrar o sentido de sua existência, necessita de Deus, do auxílio de sua graça^423. O espírito de auto-suficiência, segundo Agostinho, incita a pensar que o ser humano deve contentar-se apenas com sua finitude^424. Por isso, o Santo Teólogo afirma que o orgulho é inimigo da autêntica vida moral, pois despreza Deus do horizonte humano desencadeando a confusão e a desordem no gênero humano. Após o itinerário da sua conversão, o Teólogo da Paz irá insistir sobre a necessidade de ordenar o amor, para que se possa alcançar a verdadeira felicidade^425. A experiência do amor de Deus libertou o Filho de Mônica da sua maneira inversa de amar. Ele, da adolescência à idade adulta, vivera imerso nas coisas inferiores, antepondo-as às superiores, cujo ápice era Deus. Por isso, o Santo de Hipona chega a compreender que a paz depende sempre do direcionamento que se dá ao amor 426. Aliás, na Cidade de Deus, o Teólogo da África menciona que a vontade é má, quando despreza o Sumo Bem: “Quando a

  1. Cf. ROLAND-GOSSELIN, Bernard. Les Fondements de la morale de Saint Augustin.In : MELANGES AUGUSTINIENS, Paris, Editeur Marcel Riviére,1931,p.202-203.
  2. De Doct. Christ I,22.21: “Tunc est quippe optimus homo, cum tota vita sua pergit in incommutabilem vitam et toto affectu inhaeret illi. Si autem se propter se diligit, non se refert ad Deum, sed ad seipsum conversus non ad incommutabile aliquid convertitur”.
  3. Cf. Epist., 155, 4.13.
  4. De Civ. Dei, XIV,13.1:“O homem não foi, em sua queda, reduzido ao nada absoluto, mas, voltado para si mesmo, seu ser veio a ser menos do que quando estava unido a Quem é em sumo grau. Ser em si mesmo, ou melhor, comprazer-se em si mesmo, abandonando a Deus, não é ser nada, mas aproximar-se do nada. Por isso, nas Sagradas Escrituras, aos soberbos também se lhes denomina, dizendo serem os que se comprazem em si mesmos. è bom ter no alto o coração, não elevado a si mesmo, o que é privativo da soberba, mas ao Senhor, o que é próprio da obediência, exclusiva dos humildes”.
  5. Ibidem XV,22: “O Criador, se é realmente amado, isto é, se é amado Ele e não outra coisa em seu lugar, não pode ser mal amado. O amor, que faz com que a gente ame bem o que deve amar, deve ser amado também com ordem; assim, existirá em nós a virtude, que traz consigo o viver bem. Por isso, parece-me ser a seguinte a definição mais acertada e curta de virtude: A virtude é a ordem do amor. Eis por que a esposa de Cristo, a Cidade de Deus, canta no Cântico dos Cânticos: Ordenai em mim a caridade”.
  6. In Ion. Epist, op. cit.,II,14:“Ubis autem caritas, ibi pax, et ubi humilitas, ibi caritas”.

vontade, abandonando o superior, se converte às coisas inferiores, torna-se má, não por ser mau o objeto, mas por ser má a própria conversão”^427. Essa citação atesta que o livre arbítrio é o princípio da moral interior, já que é dentro do homem que a sua capacidade de escolher é posta à prova. Cotidianamente, coloca- -se, diante de cada ser humano, um quadro de coisas ou objetos, que, em si, são bons, contudo não deixam de ser inferiores. Alguns homens, porém, atraídos pelas aparências, valorizam, excessivamente, estes bens perecíveis, chegando ao extremo de abandonar o Bem Supremo: Deus. Na base da teologia moral agostiniana, encontram-se duas formas de amor, que o Hiponense classifica como: “amor menor” e “amor maior”. O “amor menor” é aquele dirigido para os bens mutáveis como os alimentos, o vestuário, o ouro e a prata. Estes são bons em si mesmos, porque foram criados por Deus, porém têm valor relativo ou médio. Daí, o uso que se deve fazer deles nunca poderá tornar-se abusivo. Esses bens precisam ser amados e utilizados com moderação. “Amor Maior”, para o nosso Santo Doutor, consiste em reconhecer a primazia de Deus, ou seja, amá-lo acima de tudo e de todos. A teologia moral de Santo Agostinho tem, como fio condutor, a supremacia do amor a Deus. De fato, só em Deus e por Deus se ama verdadeiramente, pois Ele é a fonte do amor^428. Segundo o estudioso Roberto Noriega Fernández, o Doutor Africano tem a convicção de que essa é a ordem natural do amor, reflexo visível do amor trinitário^429. Natural, porque foi estabelecida por Deus desde o princípio e trinitária, porque é uma participação na comunhão de amor que existe na Santíssima Trindade. O fim da teologia moral para o Sábio Pastor é recuperar a imagem da Trindade presente no ser humano, cuja essência é o amor 430. O homem perdeu o senso e a direção do amor, quando se afastou de Deus, Amor por Excelência, e passou a amar desordenadamente, tornou-se incapaz de um amor autêntico. Por isso, que o Doutor da Trindade insiste que a moral cristã consiste na recuperação da semelhança e da estrutura da Vida Trinitária. Assim como o Pai, o Filho e o

  1. De Civ. Dei, XII,6.
  2. Epist., 155,3.15.“Videlicet ut intellegeretur nullam esse aliam dilectionem qua quisque diligit seipsum, nisi quod diligit Deum. Qui enim aliter se diligit, potius se odisse...”
  3. FERNANDEZ, R. Noriega. Los Fundamentos agustinianos de la moral en la ciudad de Dios. In: AGUSTINIANA, V. XLVII, n.143, Mayo/Agosto,2006,p.222-223. 430.Cf. De Civ. Dei, XI,28.

Trindade, o amor é a plenitude da moral, sem ele a observância da lei não tem sentido e os esforços, para pô-la em prática, são inúteis^437.

O “amor sui” e o “amor dei” na perspectiva da paz

Segundo o Nosso Autor, a humanidade vive sob a tensão de duas vontades^438 : uma de caráter e conotação, essencialmente, intimista e interesseira; e outra, profundamente, marcada por um senso oblativo e comunitário. Na verdade, são duas maneiras de amar distintas que, por sua vez, são responsáveis pela paz ou pela discórdia na sociedade^439. No De Civitate Dei e no De Gênesis ad Litteram , o Doutor Africano descreve, nitidamente, as características desses dois amores^440. O amor sui impede a concórdia social, pois impele e conduz os membros da sociedade somente pela via do individual e do egocentrismo soberbo. Por isso, recebe o nome de amor privado, porque reduz o horizonte humano apenas ao âmbito pessoal, despreza a dimensão da comunhão com Deus e com o próximo. Daí, surgem os conflitos e as divisões na sociedade, que dificultam a implantação da paz. A rejeição do amor Dei ocasiona o surgimento de todas as calamidades da história, inclusive as guerras que assolam a vida dos povos. Para o Sábio de Hipona, o amor Dei é o único caminho que o homem deve escolher para salvaguardar e restaurar a paz e o justo convívio na sociedade. Do amor Dei ou amor social brota o interesse pelo bem comum que promove a comunhão e a unidade. Amando a Deus e, Deus, no próximo 441 , o ser humano passa a viver para os seus semelhantes, pois esse amor realiza a união entre o individual e o social^442. Assim, o amor Dei contribui para a concretização da paz, porque, segundo o Doutor da Graça, está enraizado em Deus e não em si mesmo.

437.Cf.ARMAS, Gregório. La moral de Santo Agustin,Madrid, Talleres del Asilo de Huérfanos del Sagrado Corazon de Jesus,1954, p. 38-39.

  1. Cf. Nota 174.
  2. Cf. ARMOGATHE, Jean-Robert., op. cit., p.42.
  3. Cf. Nota 408; De Gen. Ad Litteram. XI, 15. 20. In: La Genesi, V. IX/2, Roma, Città Nuova,1989. 441.Cf. BREZZI, Paolo. Individuo e Comunità Nella Tradizione Cristiana antica. In:Città di Vita, Anno XVIII, n.3, Magg/Jun, 1963. p.153. 442.Cf. COSTA NUNES, M. Roberto. Santo Agostinho e o Surgimento do Individualismo na Cultura Ocidental. In:CADERNOS DO CTCH, V. 1, n.1, 1997, pp.71-91.

O amor humano, no pensamento de Nosso Autor, só é gratuito e generoso, quando é inspirado e guiado pelo amor Divino. A paz só é possível, quando se busca o verdadeiro bem-estar de todos e se vencem o desejo de poder e vanglória pessoais. O Doutor Africano tem consciência de que alguém pode instrumentalizar o ideal do bem comum para o seu próprio beneficio, favorecendo assim não os interesses da sociedade, mas para atingir fins particulares. Por isso, o Santo Pastor, repetidamente, adverte que se deve viver e agir segundo Deus e não de acordo com o homem^443. Para Santo Agostinho, vive, segundo Deus, quem reconhece seus próprios limites e recorre a Ele, porque sabe que só Nele se encontra o sentido da vida. Vive, segundo os homens, quem despreza a Vontade de Deus. Esquece sua condição de criatura e usurpa o Senhorio de Deus sobre a criação. Na doutrina agostiniana, quem vive desse modo caminha na mentira e afasta-se da paz, pois, Deus é o único que pode saciar a sede inquietante de paz, que pulsa em todo gênero humano. Na visão do Hiponense, o amor sui é uma fraude e um engano fruto da soberba e da vaidade humana, originado da rebelião da criatura contra Criador. O homem foi criado não para amar a si mesmo, vivendo como se não existisse o amor de Deus e, por conseguinte, utilizando o próximo como meio para a realização de seus projetos mesquinhos e inescrupulosos. A verdadeira vocação do homem é, em Deus e por Deus, amar todas as criaturas. A insubordinação a Deus e a rejeição de seu amor, que tem início no coração do homem, roubam a paz e a unidade interior, gerando as injustiças e as guerras^444. Desse modo, o amor sui semeia o ódio e a divisão do tecido social, sendo considerado inimigo da paz. Nosso Autor apregoa que somente o amor Dei, que Cristo veio reavivar, purificar e sanar, pode curar a humanidade das nefastas conseqüências do amor sui^445.

  1. Cf. De Civ. Dei XIV,4.
  2. Cf. Nota 401. 445.Cf. ALVAREZ, Turienzo, Saturnino. San Agustín la concórdia.In: CONCORDIA, n.2, 1982, p. 34.

e comunitária, auxilia estes para que utilizem os bens deste mundo de modo justo e ordenado, afim de que os mutáveis não sejam considerados superiores ao Imutável. Deus é o único Bem em si que pode fazer os homens felizes. E o fruto dessa vivência moral é a paz. Por isso, a moral agostiniana reclama sempre do homem maturidade e equilíbrio no uso da liberdade diante da criação. Sem o domínio da razão sobre as paixões, nunca haverá paz, nem interior e nem exterior, pois a vivência da moral, que, para Nosso Autor, é o ordo amoris , é imprescindível no processo de aquisição da paz. Desse modo, Santo Agostinho reforça que, assim como os bons usos e costumes corroboram em prol da paz, os maus usos e costumes constituem uma inversão do ordo amoris, acarretam as guerras e os infortúnios para a humanidade. O Doutor da Graça defende que nenhuma cidade pode manter-se por muito tempo de pé, se não estiver fundada sob costumes morais sólidos e verdadeiros^453.

3. A Tranquilitas Ordinis

A lei natural e a paz

A lei natural, para o Doutor da Concórdia, corresponde a um conjunto de princípios e normas que expressam a lei eterna no espírito do homem^454. O fim desses princípios, segundo o Santo Bispo, é a conservação da ordem^455. Essa concepção provém da filosofia de Cícero^456. Porém, diversamente do célebre orador romano que acreditava que a lei natural procedia unicamente do homem, o Águia de Hipona defende que a lei natural está radicada em Deus, já que toda a criação, incluindo a natureza humana, depende exclusivamente da participação no ser de Deus.

453.Ibidem II,16:“Assim, males da alma, desregramento da vida, contagio morais, flagelos de tal modo terríveis que, no testemunho das pessoas mais sábias do paganismo, arruínam as cidade cujos muros permanecem de pé, esses deuses pouco se incomodam com deles preservar seus adoradores; longe disso, trabalham, como já dissemos, em agravá-los ainda mais”. 454.De Lib. Arb. I,6.15: “É a noção da lei Eterna que foi impressa em nós. A lei através da qual é justo que todas as coisas estejam num ordenamento perfeito”. 455.Cf. Con Faust XXII, 27. In: Contra Fausto Manicheo, V.XIV/1, Roma, Città Nuova,

456.Cf. CERVINO JUAN, A. Delgado. Ley y Naturaleza en San Agustín.In: CIUDAD DE DIOS, V.209, n.3, Sep/Dic,1996,p.602.

No pensamento do Sábio Teólogo, o princípio fundamental, sobre o qual se apóia a lei natural, é a adesão aos ditames da razão. Através do exercício da racionalidade, o homem vive plenamente sua humanidade^457. Da razão natural, brotam o amor pela verdade e pela ordem. Segundo esta maneira de pensar, a lei natural é um imperativo da justiça, que se manifesta nas diversas dimensões da vida humana, inclusive no aperfeiçoamento das relações sociais^458. De fato, na visão do Santo Bispo, a lei natural é uma expressão da lei eterna no Cosmo e que objetiva ordenar toda a criação, ou seja, é uma norma divina. Seu fim, é manter a ordem estabelecida por Deus no universo e a sua preservação^459. Ela focaliza, sobretudo, a Deus como princípio e origem do mundo e os dados da revelação bíblica. Desse modo, o Santo Doutor acredita que a lei natural está disposta por Deus como uma aliada do ser humano na missão de administrador do universo^460. O domínio outorgado por Deus ao homem, sobre o mundo, só poderá concretizar- -se no consentimento à lei natural. Ela é invariável, universal e suprema 461. O seu caráter imutável procede de Deus, que não está sujeito às mudanças dos tempos e costumes 462. A lei natural é universal, porque está impressa em todo gênero humano, independentemente da raça e da cultura^463. Sendo assim, não está restrita e nem se limita a um determinado povo ou nação^464. Recebe a conotação de suprema, porque tem a sua origem em Deus, Soberano Juiz e Legislador do universo, ao qual todos devem aderir sem restrições, pois, diante dEle, todas as normas individuais ou coletivas têm uma importância relativa. Na perspectiva da paz agostiniana, a lei natural é fundamental. A tranquilitas ordinis é adquirida somente, quando se tem em conta as prerrogativas

457.Cf. CAMPELO, Moisés Maria., op. cit.,p.460. 458.Cf.PIZZORNI,Reginaldo.Sulla Questione della Legge Naturale in Lattanzio, Ambrogio e Agostinho.In: Atti del Incontro di Studiosi dell’antichità christiana, Roma, 1995, pp. 367-368. 459.De Nat. et Grat. II,2.In: Natura e Grazia, V. XVII/1, Roma, Città Nuova,1981.“Ex hac igitur ineffabili atque sublimi rerum administrationet, quae fit per Divina Providentiam, quase trans cripta est naturalis Lex in animam rationalem, ut in ipsa vitae huius conversationem moribusque terrenis nomine talium distributionum immagine servent”. 460.Cf. BLAZQUEZ, Niceto. La Ley y el Derecho Natural en San Agustín. In: STUDIUM,V. 1984, pp. 278-279. 461.Cf. Conf. III, 7. 13 462.De Civ. Dei XII,5: “Todas as naturezas tem, como ser, seu modo, espécie e certa paz própria e, por isso, são boas. E, quando estão colocadas onde a ordem exige,conservam o ser que receberam. As que não receberam ser permanente melhoram ou pioram, segundo a usança e movimento das coisas a que se encontram sujeitas por lei de criação, tendendo sempre por Providencia Divina ao fim que leva em si a razão do governo do universo”.

  1. De Trin. VIII,6.9. 464.Cf. PIZZORNI, M. Reginaldo. Diritto naturale in S. Agostino. In: APOLLINARIS, V.LVII, n.3-4, 1984, p. 516-546.