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Este documento discute as diferentes estratégias e técnicas utilizadas na tradução de textos, incluindo a tradução literal, a equivalência, a omissão, a explicitação, a compensação, a redivisão, as melhorias, a transferência e o estrangeirismo. O texto também aborda a aclimatação e a modulação.
Tipologia: Slides
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UNIVERSIDADE DE BRASÍLIA - UnB INSTITUTO DE LETRAS - IL DEPARTAMENTO DE LÍNGUAS ESTRANGEIRAS E TRADUÇÃO - LET CURSO DE LETRAS - TRADUÇÃO - PORTUGUÊS/INGLÊS
Trabalho apresentado à Universidade de Brasília como requisito parcial à obtenção de menção na disciplina de Projeto Final do Curso de Letras- Tradução-Inglês, sob a orientação da professora Dra. Válmi Hatje Faggion.
Agradeço ao meu pai e à minha mãe pelo carinho de sempre e por acreditarem em mim. À minha irmã gêmea por todos os momentos de amizade e risadas. Aos meus avós pelo apoio moral e espiritual. Aos meus tios e primos pelas palavras amigas e por todo o apoio. Aos meus amigos pela ajuda que me prestaram e por me mostrarem o verdadeiro valor da amizade. A todos que fizeram e fazem parte da minha vida, ensinando-me valores éticos e morais e por dividirem momentos que guardarei para sempre. Aproveito ainda para agradecer a todos os professores que me ensinaram muito nesses anos de faculdade, especialmente, à minha orientadora, Válmi Hatje- Faggion, que tanto me auxiliou na elaboração deste estudo. E acima de tudo a Deus, porque sem ele nada seria possível.
O presente Projeto Final trata da minha tradução do inglês para o português de parte da obra Confessions of a Shopaholic de Sophie Kinsella, publicado pela Bantam Dell, em Nova Iorque, em 2003. O objetivo deste trabalho é fazer a tradução de trechos da obra que contenham comidas e bebidas. Para realizar este trabalho, foram selecionados vinte termos, que foram traduzidos para o português do Brasil. Posteriormente, foi realizada a análise dessa tradução à luz dos procedimentos técnicos de Barbosa (2004). Foram consideradas também as contribuições teóricas de outros autores, como Toury (1995), Even-Zohar (1990), Bassnett (2003), Newmark (1988), Britto (2010). Os dados indicam os procedimentos tradutórios de estrangeirismo e de tradução literal foram os mais utilizados nos exemplos analisados, bem como foi possível concluir que o tradutor atua como mediador linguístico e cultural entre o texto de partida e o texto de chegada.
Palavras-chave: tradução literária; Sophie Kinsella ; Confessions of a Shopaholic; comidas e bebidas.
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O presente Projeto Final é resultado de estudo e pesquisa sobre a tradução do inglês para o português da obra Confessions of a Shopaholic de Sophie Kinsella, publicado pela Bantam Dell, em Nova Iorque, em 2003. Há uma tradução publicada no Brasil com o título Delírios de Consumo de Becky Bloom pela Record, no Rio de Janeiro, em 2004 (tradução de Eliane Fraga), porém o foco do projeto final é a tradução realizada por esta pesquisadora. Neste Projeto Final, busca-se abordar alguns termos culinários presentes na referida obra, visto que não se trata de um livro didático ou profissional. Com isso, verifica-se a importância da teoria de tradução na prática tradutória e, assim, contribuir para esse processo. Os termos da área da gastronomia envolvem a cultura do país onde o livro foi escrito, por isso podem ocorrer problemas na tradução de tais termos. Dessa forma, acredita-se que os procedimentos técnicos tradutórios podem auxiliar na tradução de termos que remetem a comidas e bebidas, considerando os elementos linguísticos e culturais da obra literária e dos termos que serão escolhidos para análise. Dessa forma, essa pesquisa será muito útil e relevante para mostrar as dificuldades de se traduzir terminologia de especialidade, especialmente, dentro da literatura, já que, nesse contexto, a cultura do país de onde foi escrito está sempre presente. Também serão apresentadas e discutidas algumas soluções para essas dificuldades. Ademais, a presente pesquisa será muito importante para auxiliar os estudantes de estudos da tradução a terem uma maior compreensão acerca do processo tradutório. O objetivo deste Projeto Final é fazer a tradução de parte da obra Confessions of a Shopaholic , de Sophie Kinsella, envolvendo alguns dos termos de comidas e bebidas presentes no livro, sob a ótica das teorias dos estudos da tradução. Além disso, apresentar a fundamentação teórica com a finalidade de debater acerca do processo tradutório e das estratégias a serem usadas na tradução para os termos gastronômicos encontrados nas vinte laudas da obra. Ademais, na sua tradução, a pesquisadora fará uso dos procedimentos técnicos de tradução de Heloisa Barbosa (2004), corroborando suas ideias com os ensinamentos de outros autores. Serão apresentadas as contribuições teóricas de autores que respaldam a
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Neste capítulo, são apresentadas as teorias usadas que respaldam a prática do processo tradutório do presente estudo dos seguintes autores: Heloisa Barbosa (2004), Gideon Toury (1995), Itamar Even-Zohar (1990), Peter Newmark (1988), Susan Bassnett (2003), Paulo Henriques Britto (2010), Roman Jakobson (1971), Raquel Guimarães (2011), dentre outros.
2.1 Questões Gerais de Tradução
O termo “polissistema” foi estabelecido por Itamar Even-Zohar (1990) para criar uma melhor representação do caráter dinâmico das relações sistêmicas. Assim, a Teoria do Polissistemas entende uma cultura como um aglomerado de sistemas que interagem entre si ocasionando um processo dinâmico de evolução. Com essa definição, o sistema literário de um país é um dos sistemas que compõe o polissistema de uma macro cultura e também é um polissistema, pois, no referido sistema, estão inclusos diferentes gêneros textuais e tipos de obras. Em relação às relações centrais e periféricas entre os polissistemas, Even-Zohar (1990) afirma que os sistemas não ocupam posições iguais. Há uma hierarquia dentro do polissistema e seu caráter dinâmico se deve a constante competição entre os sistemas que o compõem para ocupar posições mais centrais. Com as mudanças, os sistemas podem ir em direção ao centro ou se afastar do centro e aqueles que ocupavam posições centrais são substituídos por sistemas periféricos. Quanto à posição da literatura traduzida dentro do polissistema literário, Even-Zohar (1990) argumenta que há pelo menos dois modos de eles se relacionarem: primeiro, seria a forma com que as obras são selecionadas para serem traduzidas; e, segundo, seria a forma com que a tradução é efetivada, observando os comportamentos e as normas adotadas no tocante aos outros sistemas da cultura de chegada. Even-Zohar (1990) ainda destaca que os polissistemas literários de cada país são estruturados de diversas maneiras. Com isso, em polissistemas de culturas mais antigas e dominantes, em razão de sua extensão, sua autossuficiência e seu caráter monolíngue, as traduções tendem a ocupar posições periféricas. Enquanto
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que, em polissistemas de países menores e subalternos, as traduções têm um papel de maior importância e ocupam posições centrais, podendo influenciar a literatura nacional de maneira expressiva. Gideon Toury (1995) se baseou na teoria dos polissistemas de Even- Zohar para explicar os Estudos Descritivos da Tradução ( Descriptive Translation Studies - DTS) e passou a ver a tradução como algo inserido no sistema maior de uma determinada cultura. Os estudos descritivos da tradução, segundo Theo Hermans (2014, p. 10- 11, tradução nossa), iniciaram com
Uma visão da literatura como um sistema complexo e dinâmico; uma convicção de que deveria haver uma interação contínua entre modelos teóricos e estudos de casos práticos; uma abordagem da tradução literária que é descritiva, focada no texto-alvo, funcional e sistêmica; e um interesse pelas normas e coerções que governam a produção e a recepção de traduções, pela relação entre a tradução e outros tipos de reescrita, e pelo lugar e papel das traduções em uma determinada literatura e na interação entre literaturas.^1
Os estudos descritivos da tradução defendem uma postura descritiva, ao invés de prescritiva, dos estudos da tradução. Dessa maneira, eles procuram não estabelecer regras para as traduções que serão feitas e nem julgar as traduções já feitas, porque eles propõem que o texto traduzido seja visto como ele é de fato veiculado em um novo sistema literário, o traduzido. Toury (1995) defende que a posição ou função de uma tradução dentro da cultura de chegada deve ser considerada como um fator importante na construção do produto final (texto traduzido), em termos de modelos, de representações linguísticas ou de ambos. Até porque as traduções sempre surgem dentro de um ambiente de cultura e são designadas a suprir determinadas necessidades e ocupar certos ‘lugares’. Ademais, o autor afirma que a função ocupada por cada tradução, também governará as estratégias utilizadas para produção do texto em questão, ou seja, para o processo tradutório. Hermans (2014) afirma que essa postura não-prescritiva da prática tradutória implica em uma análise das traduções que tem como ponto inicial o texto (^1) A view of literature as a complex and dynamic system; a conviction that there should be a continual interplay between theoretical models and practical case studies; an approach to literary translation which is descriptive, target-oriented, functional and systemic; and an interest in the norms and constraints that govern the production and reception of translations, in the relation between translation and other types of text processing, and in the place and role of translations both within a given literature and in the interaction between literatures.
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Com relação a essa tomada de decisão pelo tradutor literário, Friedrich Schleiermacher (2001) afirma que o tradutor tem duas opções: ou traz o texto até o leitor, “domesticando-o”, ou leva o leitor até o texto, numa tradução “estrangeirizante” e, depois de escolhido um dos dois métodos, o tradutor deve seguir tal opção do início ao fim para não confundir o autor e o leitor. Entretanto, Britto (2010, p. 136) aponta que Schleiermacher se equivocou ao dizer isso, pois não seria possível fazer uma tradução totalmente domesticadora ou totalmente estrangeirizante. Na prática, o tradutor situa “seu trabalho em algum ponto dessa escala entre a adaptação pura e simples e a reescritura menardiana,” aproximando o texto para mais perto de um extremo ou de outro. A partir de tal ideia de Schleiermacher, Britto (2010, p. 140) finaliza falando sobre os esforços em impedir a introdução de estrangeirismos. Esse impedimento se vale da ideia de existência de línguas “puras”; contudo, “os idiomas são organismos vivos, em constante mutação, e um dos inúmeros fatores responsáveis por essa mutação é justamente o contato entre idiomas diferentes” e essas mudanças ocorrem, muitas vezes, de maneira espontânea, por isso não pode haver controle. Assim, Britto (2010, p. 141) conclui que “para que o tradutor possa agir como mediador cultural e não como protetor da pureza de sua cultura, tem de haver um pressuposto básico: o de que as culturas podem interagir sem que uma seja engolida pela outra.”
2.2 Texto Literário, Tradução e Cultura
Primeiramente, é feita uma definição de textos literários que, segundo Raquel Guimarães (2011, p. 15), são aqueles em que a linguagem, “normalmente rica em aspectos estéticos e estilísticos,” é caracterizada principalmente “pela plurissignificação e, muitas vezes, pelo sentido conotativo de vários termos e expressões, ou seja, a linguagem literária é utilizada muitas vezes com um sentido diferente daquele que lhe é comum.” Dessa forma, tal linguagem se distingue da “linguagem não literária principalmente por esta ser uma linguagem utilizada com o seu sentido comum, isto é, empregada denotativamente.” Guimarães (2011, p. 15-16) ainda salienta que o texto literário não tem o compromisso de tratar a realidade exterior, visto que ele retrata a expressão da realidade interior e subjetiva de seu autor. São textos que visam “entreter, emocionar
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e sensibilizar o leitor” e eles criam “uma história totalmente ou parcialmente fictícia a partir de dados da realidade.” Portanto, “a função emotiva e a poética predominam no texto literário, ao passo que a função referencial é aquela que predomina nos textos não-literários.” Após essa definição de texto literário, começa-se a tratar sobre a tradução. Para isso, destaca-se que a espécie de tradução presente neste estudo é a tradução interlingual ou tradução propriamente dita que, conforme Roman Jakobson (1971, p. 69), “(...) consiste na interpretação dos signos verbais por meio de alguma outra língua.” Ele, ainda, esclarece que “as línguas diferem essencialmente naquilo que devem expressar, e não naquilo que podem expressar.” Jakobson (1971, p. 64) afirma que “(...) o significado de um signo linguístico não é mais que sua tradução por um outro signo que lhe pode ser substituído, especialmente um signo ‘no qual ele se ache desenvolvido de modo mais completo’ (...).” Esse entendimento é complementado por Susan Bassnett (2003), que destaca que a tradução vai além de transferir um sentido contido em um conjunto de signos linguísticos (por exemplo, um texto) para outro conjunto de signos linguísticos (outro texto), visto que envolve vários critérios extralinguísticos. Assim, Bassnett (2003, p. 36) observa que a língua é “o coração do corpo da cultura, e é a interacção (sic) entre as duas que assegura a continuação da energia vital” e “o tradutor não pode tratar o texto separado da cultura sem correr um grande risco.” Peter Newmark (1988) aponta, como seu conceito de cultura, o modo de vida e suas manifestações que são peculiares de uma comunidade que usa uma linguagem específica como forma de expressão. Por isso, quando a cultura é um aspecto determinante, haverá, frequentemente, um problema de tradução devido à diferença cultural entre as línguas de partida e de chegada. Além disso, Bassnett (2003) salienta que o tradutor precisa atender ao uso particular de um termo na frase em si mesma e na frase em relação com outras frases, além de atender ao texto global e aos contextos culturais da frase. Bassnett (2003, p. 136) também explica que o tradutor deve traduzir e interpretar, pois ele “aborda o texto a partir de mais de um conjunto de sistemas” e aquelas atividades não estão separadas. Ademais, a tradução interlinguística deve refletir “seguramente a interpretação criativa que o tradutor faz do texto original.”
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Assim, para Harden e Reis (2013, p. 39-40),
[...] a tradução, que também se faz pelas semelhanças e diferenças, revela- se como o elo forte, capaz e indispensável para conectar literatura, ciência, língua e culinária, porque povos e mundos se afastam não só pelo espaço físico, claro, mas pelo conhecimento e pela ciência que desenvolvem, pelas comidas que consomem e pelas línguas que falam. A tradução serve, assim, para marcar as semelhanças sem apagar as diferenças que tornam cada cultura única.
Tais entendimentos podem ser complementados pelo que ensina Hans Vermeer ( apud Costa, 2006, p. 22), que argumenta que “a tradução não pode deixar de ser um processo cultural porque, em primeiro lugar, a língua faz parte da cultura.” Em segundo lugar, “a socialização mantém unidos a linguagem e a cultura, embora não haja uma relação unívoca entre elas.” Por último, “a tradução é um processo de transferência cultural que não é estático, matemático e que é orientada pelos alvos a serem atingidos, sendo, portanto, influenciada pela cultura.” Vermeer conclui que “a tradução é um ato transcultural de produção de texto, definido pelos objetivos a serem atingidos em um contexto determinado.” Válmi Hatje-Faggion (2016) salienta que uma obra pode ser reescrita, retraduzida infinitamente na mesma cultura ou em uma nova cultura. Por isso, ela afirma que, questões relacionadas à comida e bebida são tratadas de modo diverso nas traduções, mostrando que são continuamente reescritas para diferentes leitores, línguas e gerações, visto que as comidas e bebidas constituem elementos vitais na identidade cultural de cada país e são observados como tal pelos seus tradutores. Isso é corroborado por Newmark (1988, p.97), porque ele destaca que, a comida é, para muitas pessoas, o modo mais importante e sensível de expressão da cultura nacional e os termos referentes à comida estão sujeitos a uma grande variedade de procedimentos de tradução. Dessa forma, o processo tradutório envolve mais do que substituir os elementos linguísticos do texto de partida. É preciso lidar com critérios que transcendem o linguístico, pois os tradutores devem considerar a cultura, o contexto social, as relações de um termo com outro e com toda a língua, e a interpretação do texto. Portanto, podem ocorrer dificuldades na tradução dos termos envolvendo comidas e bebidas, visto que estes envolvem a cultura do país onde o livro foi escrito. Assim, acredita-se que os ensinamentos acima e os procedimentos técnicos
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tradutórios (a seguir) podem auxiliar na tradução dos referidos termos neste Projeto Final, considerando os elementos linguísticos e culturais da obra literária.
2.3 Procedimentos Técnicos de Tradução
Neste tópico, são apresentados os procedimentos técnicos de tradução elaborados por Heloísa Barbosa (2004). Ainda, há muitas teorias trazendo vários modelos de estratégias de tradução e cada autor dessas teorias apresenta os seus procedimentos a serem adotadas no processo tradutório. Por isso, Barbosa (2004), após analisar os modelos de tradução de diversos teóricos, como Vinay e Darbelnet, Newmark, Nida, Aubert, dentro outros, trouxe a sua “proposta de categorização dos procedimentos técnicos da tradução”. No total, são treze procedimentos, que a autora (2004) distribui em quatro eixos: i) convergência do sistema linguístico, da realidade extralinguística e do estilo (tradução palavra-por-palavra e tradução literal); ii) divergência do sistema linguístico (transposição, modulação e equivalência); iii) divergência do estilo (omissão, explicitação, compensação, reconstrução de períodos e melhorias); e, iv) divergência de realidade extralinguística (transferência – que engloba estrangeirismo, transliteração, aclimatação e transferência com explicação – , explicação, decalque e adaptação). O primeiro eixo, i) convergência do sistema linguístico, da realidade extralinguística e do estilo, tem a seguinte subdivisão: a) Tradução palavra-por-palavra: Barbosa (2004) utiliza a definição feita por Aubert (1987, p. 15): “a tradução em que determinado segmento textual (palavra, frase, oração) é expresso” na língua de chegada “mantendo-se as mesmas categorias numa mesma ordem sintática, utilizando vocábulos cujo semanticismo seja (aproximadamente) idêntico ao dos vocábulos correspondentes no texto em língua de partida.” Por exemplo, na frase, “ he wrote a letter ”, a tradução palavra-por- palavra é “ ele escreveu uma carta ”. Entretanto, seu uso é restrito, já que são raras as convergências entre as línguas (BARBOSA, 2004). b) Tradução literal: a autora usa novamente a definição feita por Aubert (1987, p. 15), em que ele diz que tal tradução é “aquela em que se mantém uma fidelidade semântica estrita, adequando porém a morfo-sintaxe (sic) às normas gramaticais” da língua de chegada. Esclarece-se que a fidelidade semântica denota
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2004), como a omissão dos pronomes pessoais como sujeito na tradução de textos em inglês para o português. b) Explicitação: é o inverso da omissão, em que os elementos ausentes no texto de partida devem estar presentes no texto de chegada (BARBOSA, 2004), como a obrigatoriedade do uso dos pronomes pessoais como sujeito nos textos em inglês. Por exemplo, Teixeira (2008, p. 127) explica que essa estratégia, na culinária, é usada na seguinte tradução: “ Mix sugar, flour, cocoa, butter and hot water → Misture o açúcar, a farinha, o chocolate em pó e a água quente; 1lb carrots, cut into 1/4 inch thick slices → 1/2 kg de cenouras cortadas em rodelas de 0,5 cm .” c) Compensação: corresponde ao deslocamento de um recurso estilístico para uma parte diferente do texto de chegada, quando não for possível reproduzi-lo no mesmo ponto do texto de partida, por exemplo, os trocadilhos podem ser feitos em outro ponto do texto se não for possível com o mesmo grupo de palavras (BARBOSA, 2004). d) Reconstrução de períodos: é a redivisão ou o agrupamento de períodos e orações do texto de partida ao fazer a tradução para a língua de chegada, por exemplo, no português, as frases costumam ser mais longas do que no inglês (BARBOSA, 2004). e) Melhorias: “consistem em não se repetirem na tradução os erros de fato ou outros tipos de erro” cometidos no texto de partida (BARBOSA, 2004, p. 70). Na área gastronômica, tal definição pode ser entendida com o seguinte exemplo apontado por Teixeira (2008, p. 128): “ spaghetti with tomato pangriatata → Espaguete com pangrattato de tomate seco .” E, o quarto eixo, iv) divergência de realidade extralinguística, tem a seguinte subdivisão: a) Transferência: é a introdução de material textual da língua de partida para a língua de chegada (BARBOSA, 2004). São quatro formas de transferência: a.1) Estrangeirismo: é a transferência para o texto de chegada de vocábulos ou expressões que “se refiram a um conceito, técnica ou objeto mencionado” no texto de partida e que sejam desconhecidos pelos falantes da língua de chegada (BARBOSA, 2004, p. 71). Para Teixeira (2008, p. 128), essa estratégia, na área culinária, é usada na seguinte situação: “1/2 cup cream cheese → 1/2 xícara de cream cheese .”
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a.2) Transliteração: corresponde à substituição de uma convenção gráfica do texto de partida por outra na tradução (BARBOSA, 2004), por exemplo, no diálogo, as aspas, em inglês, são trocadas por travessão, em português. a.3) Aclimatação: é o processo por meio do qual “os empréstimos são adaptados à língua que os toma.” Ocorre, assim, a adaptação do termo à estrutura fonológica e morfológica da língua de chegada (BARBOSA, 2004, p. 73). Para complementar tal entendimento, Teixeira (2008, p. 128) explica que esse procedimento, na culinária, foi usado nos seguintes exemplos: “ sandwich → sanduíche; cheeseburger → x burger ”. a.4) Transferência com explicação: se o contexto não permite a compreensão do leitor acerca do significado de um estrangeirismo, o tradutor deve acrescentar ao termo uma explicação. Esta pode ocorrer por meio de notas de rodapé ou explicações diluídas no texto (BARBOSA, 2004). Tal explicação é corroborada por Teixeira (2008, p. 128) com os seguintes exemplos culinários: “ 3 oz crème fraîche → 100g crème fraîche* (N.T.: Especialidade francesa, é um tipo de creme de leite fermentado) ” e “ 1/2 cup maple syrup → 1/2 xícara de maple syrup (xarope de bordo) .” b) Explicação: “havendo necessidade de eliminar do TLT os estrangeirismos para facilitar a compreensão, pode-se substituir o estrangeirismo pela sua explicação ” (BARBOSA, 2004, p. 75, grifo da autora). Ou seja, o estrangeirismo é retirado e é substituído pela sua explicação. Neste caso, Teixeira (2008, p. 129) explica que, na área gastronômica, é usada para auxiliar na tradução nas seguintes situações: “ Sunday barbecue → Churrasco americano de domingo .” c) Decalque: “consiste em traduzir literalmente sintagmas ou tipos frasais” da língua de partida no texto da língua de chegada (BARBOSA, 2004, p. 76, grifo da autora). Para complementar tal entendimento, Teixeira (2008) exemplifica que é decalque traduzir “ red onion ” por “cebola vermelha” em vez de “cebola roxa” e traduzir “ chocolate semi-sweet ” por “chocolate semi-doce” em vez de “chocolate meio-amargo”. d) Adaptação: ocorre em casos em que a situação a que se refere o texto de partida não existe na realidade extralinguística dos falantes da língua de chegada. Tal situação pode ser recriada por outra equivalente na realidade extralinguística da língua de chegada (BARBOSA, 2004). Para Teixeira (2008), na