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Entrevistas jornalísticas no Zero Hora: abordagem sócio-retórica de gêneros., Notas de aula de Literatura

Este estudo se dedica à análise de 32 ocorrências do gênero entrevista jornalística (pingue-pongue) selecionadas de 10 exemplares do jornal zero hora, publicados em novembro de 2005. A análise é baseada na abordagem sócio-retórica de gêneros, que propõe duas possibilidades de análise: a proposta teórico-metodológica de swales e bhatia, com ênfase no processo de produção e estruturação do gênero, e a proposta de bazerman, com foco no gênero como parte de um sistema de atividades. Os objetivos da pesquisa são observar o objetivo público do texto da entrevista jornalística e levantar a organização informativa do gênero.

O que você vai aprender

  • Como o propósito comunicativo influencia a estrutura do texto na análise de gêneros?
  • Qual é a proposta de Bazerman para a análise de gêneros?
  • Quais são os objetivos da pesquisa sobre entrevistas jornalísticas no jornal Zero Hora?
  • Como é a proposta teórico-metodológica de Swales e Bhatia para a análise de gêneros?
  • Como é a organização informativa do gênero entrevista jornalística?

Tipologia: Notas de aula

2022

Compartilhado em 07/11/2022

Salamaleque
Salamaleque 🇧🇷

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MARCELO SILVANO BORBA
A ENTREVISTA JORNALÍSTICA: UMA ANÁLISE DO GÊNERO A PARTIR DE
EXEMPLARES PUBLICADOS NO JORNAL ZERO HORA
Dissertação apresentada ao Curso de Mestrado
em Ciências da Linguagem como requisito
parcial à obtenção do grau de Mestre em Ciên-
cias da Linguagem.
Universidade do Sul de Santa Catarina.
Orientador: Prof. Dr. Adair Bonini.
TUBARÃO, 2007
MARCELO SILVANO BORBA
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MARCELO SILVANO BORBA

A ENTREVISTA JORNALÍSTICA: UMA ANÁLISE DO GÊNERO A PARTIR DEEXEMPLARES PUBLICADOS NO JORNAL ZERO HORA

Dissertação apresentada ao Curso de Mestradoem Ciências da Linguagem como requisito parcial à obtenção do grau de Mestre em Ciên- cias da Linguagem. Universidade do Sul de Santa Catarina. Orientador: Prof. Dr. Adair Bonini.

TUBARÃO, 2007

MARCELO SILVANO BORBA

A ENTREVISTA JORNALÍSTICA: UMA ANÁLISE DO GÊNERO A PARTIR DE

EXEMPLARES PUBLICADOS NO JORNAL ZERO HORA

Esta dissertação foi julgada adequada à obtenção do grau de Mestre em Ciências da Linguagem e aprovada em sua forma final pelo Curso de Mestrado em Ciências da Lin- guagem da Universidade do Sul de Santa Catarina. Tubarão – SC, dia .... de .............. de 2007.


Prof. Dr. Adair Bonini UNISUL


Prof. Dr. Marcos Antônio Rocha Baltar Universidade de Caxias do Sul


Prof. Dr. Mariléia Silva dos Reis UNISUL

AGRADECIMENTOS

A minha noiva Cristini, pelo importante papel que ela desempenha na minha vida. Ao professor Dr. Adair Bonini, pelo apoio, calma e conhecimento. A minha avó Celina, pelo acolhimento.Aos meus familiares, pelas orações. Aos meus colegas de trabalho pela compreensão, em especial ao Felisberto. A todos os professores que contribuíram para a minha formação acadêmica, bem como aos colegas e amigos demestrado, em especial ao Richarles de Carvalho e a Lisiane Vandressen.

“Há uma idade em que se ensina o que se sabe; mas vemem seguida outra, em que se ensina o que não se sabe...” (R. Barthes)

ABSTRACT

This study aimed to analyze the genre “journal interview” published by print me- dia. Based on the socio-rhetorical approach to genre analysis, in special the studies of Swales, Bhatia and Bazerman, the nature of the journalist interview was investigated in a corpus of 32 occurrences of the genre published in November 2005 in the newspaper Zero Hora, from Por- to Alegre (RS, Brazil). Bonini’s methodological proposal (2004a) for the interrelated study of newspaper genres was also used in this study, as well as Swales' (1990) analysis of rhetorical moves. The research results indicate, among other things, that the organization of the inter- view text is composed of three rhetorical moves and 17 steps responsible for the realization of nine textual components (such as the title, the lead andthe box). These findings are connected to the results of other studies previously carried out within the Journal Genres Project (Projeto Gêneros do Jornal - PROJOR), under developement at the University of Southern Santa Cata- rina (Universidade do Sul de Santa Catarina - UNISUL) since 2002.

Keywords : Rhetoric; textual genres; journal interview.

LISTA DE FIGURAS

Figura 1 - Níveis de descrição genérica (BHATIA, 1997) ....................................................... 23 Figura 2 – Modelo de entrevista científica de Alves da Silva (1991), conforme adaptação de Bonini (2000). ................................................................................................................... 31

SUMÁRIO

  • 12 INTRODUÇÃO................................................................................................................................... 11REVISÃO DA LITERATURA
    • 2.1 GÊNERO TEXTUAL NA PERSPECTIVA DE SWALES...................................................................
          1. 2.1.12.1.2 SWALES E A CONCEPÇÃO DE COMUNIDADE DISCURSIVAQUESTÕES ACERCA DO PROPÓSITO COMUNICATIVO
    • 2.2 2.3 AQUESTÕES CONTRIBUIÇÃO SOBRE DETIPIFICAÇÃO BHATIA PARA NA INTERAÇÃO..................................................................... 25 UMA ANÁLISE SÓCIO-RETÓRICA DE GÊNEROS
    • 2.4 OS GÊNEROS DO JORNAL
          1. 2.4.12.4.2 A ENTREVISTAMANIFESTAÇÕES DA ENTREVISTA 29
  • 3 3.1 METODOLOGIAS DE ANÁLISE E PROCEDIMENTO DE COLETA DE DADOS METODOLOGIAS DE ANÁLISE DE GÊNEROS DE BASE SÓCIO-RETÓRICA
    • 3.2 3.3 PROPOSTAPROCEDIMENTO METODOLÓGICA DE COLETA DADE PESQUISADADOS
  • 4 3.4 PROCEDIMENTOS ANÁLISE DOS DADOS 43 DE ANÁLISE DOS DADOS
    • 4.1 4.2 AA ENTREVISTAORGANIZAÇÃO NO RETÓRICA JORNAL 43 DA ENTREVISTA
  • 5 4.3 OS CONSIDERAÇÕES FINAIS 67 MOVIMENTOS E PASSOS DA ENTREVISTA
    • 5.1 5.2 OBJETIVOSSUGESTÕES E PARA RESULTADOS PESQUISAS OBTIDOS 67 RELACIONADAS.......................................................................
  • REFERÊNCIAS 70 ANEXO A – ENTREVISTAS DE PERFIL.......................................................................................................
  • ANEXO B ANEXO C – – ENTREVISTAS NOTICIOSASCONSULTA A REPORTER (CAMILA SACOMORI)
  • ANEXO D – REPORTAGEM COMENTADA NA COSULTA A REPORTER CAMILA SACOMORI

1 INTRODUÇÃO

A palavra “entrevista”, em sua concepção mais ampla, é tratada e teorizada de di- ferentes modos por servir várias áreas, embora principalmente a área da comunicação social. Ainda que seja considerada em diversos campos, quando se trata de entendê-la como um gênero textual, essas literaturas têm se mostrado um tanto parciais e imprecisas, preocupando- se mais com a técnica do “bem entrevistar” a dar um tratamento teórico à ação de linguagem^1 que se busca realizar com esse gênero de texto. Este estudo é uma tentativa de analisar a “en- trevista” não no sentido amplo, mas no que diz respeito ao modo como ela circula no jornal impresso, em específico, as entrevistas publicadas no periódico gaúcho Zero Hora (doravante ZH). No decorrer deste, opta-se pela designação entrevista de jornal, por ser o termo que mel- hor referencia o gênero, conforme o enfoque aqui dado, evitando-se problemas e exposição. Grande parte da literatura pesquisada explica a entrevista como uma “técnica de coleta de dados”. Não se pode dizer que isso seja um problema, mas apenas uma visão dire- cionada do termo, em que se teoriza a “entrevista” enquanto instrumento de coleta de infor- mação, e não enquanto gênero do jornal. Para o estudo presente, basta salientar que a técnica de coletar dados está sendo entendida como parte do processo do qual a entrevista de jornal é resultado. Busquei na lingüística aplicada, sob a ótica da nova retórica norte-americana, principalmente na abordagem sócio-retórica de análise de gêneros (SWALES, 1990, 1992,

(^1) Os estudos desenvolvidos na sócio-retórica apontavam para uma noção de gênero que levasse em consideração principalmente ação de gênero centra-se agora no conceito de ação que os textos e enunciados realizam numa determinada situação. É por isso que a defini- ação e de atividade (Miller 1984, 1994; Bazerman, 1988). Uma

A presente dissertação está sistematizada da seguinte forma, quanto a seus capítu- los (exceto introdução e conclusão): a. Bases da teoria – onde são apresentados os fundamentos teóricos de análises de gêneros em que a pesquisa está alicerçada; b. Os gêneros do jornal – uma breve explicação de quais os gêneros que se pode encontrar dentro desse suporte e ou hipergênero, conforme Bo- nini (2001, 2002 e 2003); e c. A entrevista – levantamento de como se comporta a entrevista nos campos aos quais ela serve para, em seguida, discutir seu funcionamento enquanto gênero do jornal; Metodologia da pesquisa – apresentação das escolhas realizadas em termos dos procedimentos de coleta e análise do material e; Análise dos dados – apresentação dos resultados.

2 REVISÃO DA LITERATURA

Nas seções que se seguem, as teorias de base desta pesquisa são apresentadas no sentido de que se torne possível visualizar o modo como o gênero, bem como seus elementos constituintes, estão sendo entendidos aqui. São considerados também os materiais impressos, acadêmicos ou profissionais, relativos aos gêneros jornalísticos e ao funcionamento da entre- vista de jornal como gênero.

2.1 GÊNERO TEXTUAL NA PERSPECTIVA DE SWALES

A concepção de “gênero” de Swales (1990) deve-se a um pensar o texto em seu contexto, e não como algo que deva ser visto, entendido e interpretado em análise exclusiva- mente estrutural. Ao citar Martin (1985, p. 250), segundo o qual “ Os gêneros são a forma pela qual se faz as coisas quando a linguagem é utilizada para realizá-las ”, Swales (1990, p.

  1. valoriza essa concepção de gênero, acrescentando que, além da forma, os “gêneros reali- zam propósitos sociais e se fazem através do discurso”. Uma análise que leve em conta ape- nas elementos estruturais, segundo ele, “tende a fechar os olhos para as ações efetivas de lin- guagem que o gênero realiza”. Como define o próprio autor:

[...] Um gênero compreende uma classe de eventos comunicativos, cujos exemplarescompartilham os mesmos propósitos comunicativos. Esses propósitos são reconhe- cidos pelos membros mais experientes da comunidade discursiva original e, portantoconstituem a razão do gênero. A razão subjacente dá o contorno da estrutura esque- mática do discurso e influencia e restringe as escolhas de conteúdo e estilo. O propó-sito comunicativo é o critério privilegiado que faz com que o escopo do gênero se mantenha enfocado estritamente numa determinada ação retórica compatível com ogênero. Além do propósito, os exemplares do gênero demonstram padrões seme-

Para Swales (1990), a análise de gêneros é o estudo do comportamento lingüístico situado em contextos específicos, sendo que, para se reconhecer um gênero como tal, é preci- so considerar nele, pelo menos, cinco características: a classe de eventos que ele perfaz, o propósito comunicativo que realiza, os graus de prototipicidade entre exemplares, a lógica de organização e constituição que está em sua base, e o termo pelo qual é conhecido na comuni- dade de origem (quadro 1).

1 – Natureza classista O gênero é uma classe de eventos comunicativos onde a linguagem verbal tem um papel significativo e indispensável. Um evento comunicativo se forma de: 1) discurso; 2) participantes; 3) função do discurso; e 4) ambiente. 2 – Propósito comunicativo Essa categoria é mais importante para Swales (1990). Numa classe de eventos comunicativos, os eventos compartilham um propósito comunicativo. 3 – Prototipicidade Na perspectiva da semelhança familiar, pode semelhança estrutural com outros textos da mesma classe para definir o exe-se usar os critérios de distinção oum- plar como mais ou menos prototípico. (^4) cente – Razão ou lógica Subja- Diz respeito às restrições em termos de conteúdo e estilo de um gênero em fu ção de um propósito comunicativo. n- 5 – Terminologia específica Os termos são indicadores de como os membros mais experientes de uma c munidade discursiva, que dão os nomes aos gêneros, entendem as ações retóro-i- cas dessa comunidade. Quadro 1Rodrigues (2005)). – Critérios de Swales para identificação de gêneros (quadro baseado na exposição de Hemais e Biasi-

Swales (1990) assevera que gêneros não são criados da noite para o dia; eles se desenvolvem por um certo período e não são reconhecidos até que se tornem bastante padro- nizados. Fato que o faz atribuir às instituições parte da responsabilidade pela construção e interpretação dos gêneros.

2.1.1 SWALES E A CONCEPÇÃO DE COMUNIDADE DISCURSIVA

Nas discussões relacionadas a gêneros textuais na perspectiva aqui adotada, uma análise que leve em consideração o contexto deve distinguir o processo, a situação e os mem- bros envolvidos em determinado evento comunicativo. Nesse sentido, Swales (1990) elabora critérios para identificar como se caracterizam os grupos de pessoas conectadas pelo discurso, chegando assim ao seu conceito de comunidade discursiva. Para esse autor (1990), um gênero é constituído no interior de um grupo social. Em sua interpretação do trabalho de Swales, Bonini (2000, p. 6) afirma que o gênero é “um elemento concreto que emerge na interação comunicativa em uma comunidade discursiva”. Assim, um gênero constitui a comunidade, e em contrapartida ela também o constitui. Há uma espécie de simbiose entre o gênero e a comunidade que o utiliza. O que se percebe, segundo esse autor, é que os gêneros incorporam ação(ões) retórica(s) tipificada(s) e interligam os membros de uma determinada comunidade discursiva. Desse modo, servem à comunidade em que são gerados. Para entender a concepção de comunidade discursiva, é importante a idéia de que uma comunidade tem convenções específicas, e que, portanto, o discurso mostra o conheci- mento do grupo. Tais convenções discursivas, como afirmam Hemais e Biasi-Rodrigues (2005), facilitam a iniciação de membros novos na comunidade, isto é, os calouros não in- gressam na comunidade senão pelo conhecimento das convenções discursivas. Swales (1990) formula seis características que norteiam a noção de comunidade discursiva: 1) ela possui um conjunto de objetivos públicos em comum, critério que talvez seja o mais importante nessa fase da reflexão do autor; 2) possui mecanismos de participação

Um grupo de pessoas que regularmente trabalham juntas e que têm uma noção está-vel, embora em evolução, dos objetivos propostos pelo seu grupo. Essa comunidade desenvolve uma gama de gêneros falados, falados-escritos e escritos para orientar emonitorar os objetivos e as propostas do grupo. Para os membros mais antigos, esses gêneros possuem características discursivas e retóricas evidentes. Para tais membros,os gêneros compõem um sistema ou rede interativa que tem a função adicional de validarRODRIGUES, 2005, p 117). as atividades da comunidade fora de sua esfera. (HEMAIS; BIASI-

Nesse sentido, uma comunidade discursiva pode possuir membros com maior ha- bilidade em impor aos gêneros suas normas, valores e crenças e, inclusive, reutilizar esses gêneros com os propósitos mais diversos.

2.1.2 QUESTÕES ACERCA DO PROPÓSITO COMUNICATIVO

Swales (1990, p. 58) acredita o propósito de um gênero influencia a sua estrutura. Em caso de alteração do propósito comunicativo, há a alteração do próprio gênero, pois o propósito, nesse sentido, é inerente ao gênero. Esse postura teórica do autor pode ser verifica- da em sua definição de gênero:

[...] Um gênero compreende uma classe de eventos comunicativos, cujos exemplares compartilham os mesmos propósitos comunicativos. Esses propósitos são reconhe- cidos pelos membros mais experientes da comunidade discursiva original e portanto constituem a razão do gênero. [...] (SWALES, 1990, p. 58)

Com efeito, essa primeira concepção de propósito postulada pelo estudioso sugere pensar que o propósito comunicativo (critério privilegiado) forma o gênero e fornece a ele uma estrutura interna, ou seja, uma estrutura esquemática. Desta maneira, se dois textos têm propósitos comunicativos diferentes, eles serão classificados como gêneros diversos.

Acerca da noção de propósito comunicativo, como foi desenvolvida por Swales (principalmente em seu livro de 1990), muitas reflexões vêm sendo tecidas, inclusive pelo próprio autor (ASKENHAVE; SWALES, 2001). O que se conclui neste trabalho de 2001 é que o propósito, a intenção, ou os resultados públicos são mais ambíguos e múltiplos do que parecem. Não é intenção dos autores ignorar o propósito comunicativo enquanto critério de análise; ele apenas não pode ser um critério privilegiado. Deve ser levado em consideração, mas na mesma proporção que os outros critérios. O problema não está no propósito comunicativo como postulado, mas sim na difi- culdade de identificação do propósito em um determinado gênero. O próprio autor percebe essa dificuldade, já em seu livro de 1990, quando afirma:

[...] pode ser objetado que o propósito é uma característica menos evidente e d monstrável que, digamos, o formato e que, em conseqüência disso, é pouco útil co-e- mo primeiro critério. É fato que o propósito de algum gênero terá difi mesmo, de adquirir considerável valor heurístico. Enfatizar a primazia do propculdade, em siósito pode requerer do analista um número regular de investigações independentes e e clarecedoras [...] (p. 46) s-

Para exemplificar o problema da identificação do propósito, Bhatia (1993) afirma que um repórter experiente pode ser capaz de insinuar suas perspectivas político-partidárias, ainda que sob a aparência de notícia objetiva. Por isso, Bhatia vê a necessidade de comprovar a validade do resultado do estudo através da consulta a membros especialistas da comunidade discursiva. Somente um especialista, segundo ele, conseguiria perceber esse sub-propósito mascarado em forma de notícia objetiva, seja o especialista do domínio político, seja do domínio jornalístico, embora saibamos que há uma intersecção desses dois domínios e que vários especialistas do domínio jornalístico têm inclinação para o domínio político partidário. Em complemento à definição de Swales (1990), Bhatia afirma que o gênero:

[...] é um evento comunicativo reconhecido, caracterizado por um jogo de propósi-to(s) comunicativo(s) identificado(s) e compreendido(s) pelos membros da comuni-