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Reatividade do Carvão na Redução de Minérios: Estudo Cinético da Reação de Boudouard, Esquemas de Materiais

Este documento discute a importância da reação de boudouard no processo de redução de minérios de ferro em alto forno, responsável por cerca de 60% do aço produzido mundialmente. O texto aborda as reações químicas envolvidas na redução de óxidos de ferro, a importância da reatividade do carvão e a divisão do forno em duas zonas: zona de preparação e zona de elaboração.

Tipologia: Esquemas

2022

Compartilhado em 07/11/2022

Rafael86
Rafael86 🇧🇷

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Introdução
Nos diversos processos de redução de minérios que empregam o carvão
como redutor, bem como nos processos de gaseificação do carvão, a reação do
gás carbônico com o carbono é de grande importância por ser responsável pela
produção de monóxido de carbono o qual constitui a atmosfera redutora neces-
sária (LEISTER, H. 1960). A reação entre o gás carbônico e o carbono é uma
reação heterogênea conhecida pelo nome de reação de Boudouard, e que pode
ser representada por:
CO2 + C ↔ 2CO
Tendo em vista o consumo de carbono e a produção de monóxido de car-
bono nos processos, torna-se importante um estudo cinético da reação de Bou-
douard. A velocidade da reação de Boudouard para uma determinada amostra
de carvão caracteriza aquilo que passamos a chamar de reatividade frente ao
CO2 ou, neste trabalho de teses, simplesmente reatividade.
A reatividade de carvões e coques tem sido determinada, em especial na
Alemanha, através de um método proposto por Koppers e para o qual varias
modificações tem sido sugeridas. Basicamente os ensaios de reatividade devem
consistir em executar a reação de Boudouard isotermicamente e procurar medir
a velocidade de reação pela analise dos gases produzidos (HEDDEN, K. 1960)
A reatividade é um parâmetro importante na operação de:
1. Alto forno,
2. Forno de redução direta
3. Gaseificador.
No primeiro caso, na operação de um alto forno, se requer de um coque
com uma reatividade baixa, pois caso contraria haverá o risco de um consumo
excessivo de coque (PETERS, W. 1961). Já nos outros casos, para o forno de
redução direta e para o gaseificador, é requerida uma elevada reatividade visan-
do o rendimento do processo, No presente trabalho faremos um estudo da im-
PUC-Rio - Certificação Digital Nº 0921898/CA
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Introdução

Nos diversos processos de redução de minérios que empregam o carvão como redutor, bem como nos processos de gaseificação do carvão, a reação do gás carbônico com o carbono é de grande importância por ser responsável pela produção de monóxido de carbono o qual constitui a atmosfera redutora neces- sária (LEISTER, H. 1960). A reação entre o gás carbônico e o carbono é uma reação heterogênea conhecida pelo nome de reação de Boudouard, e que pode ser representada por: CO 2 + C ↔ 2CO

Tendo em vista o consumo de carbono e a produção de monóxido de car- bono nos processos, torna-se importante um estudo cinético da reação de Bou- douard. A velocidade da reação de Boudouard para uma determinada amostra de carvão caracteriza aquilo que passamos a chamar de “ reatividade frente ao CO 2 ” ou, neste trabalho de teses, simplesmente reatividade.

A reatividade de carvões e coques tem sido determinada, em especial na Alemanha, através de um método proposto por Koppers e para o qual varias modificações tem sido sugeridas. Basicamente os ensaios de reatividade devem consistir em executar a reação de Boudouard isotermicamente e procurar medir a velocidade de reação pela analise dos gases produzidos (HEDDEN, K. 1960)

A reatividade é um parâmetro importante na operação de:

  1. Alto forno,
  2. Forno de redução direta
  3. Gaseificador.

No primeiro caso, na operação de um alto forno, se requer de um coque com uma reatividade baixa, pois caso contraria haverá o risco de um consumo excessivo de coque (PETERS, W. 1961). Já nos outros casos, para o forno de redução direta e para o gaseificador, é requerida uma elevada reatividade visan- do o rendimento do processo, No presente trabalho faremos um estudo da im-

portância da reação de Boudouard na redução de minérios de ferro em alto forno por ser o responsável cerca do 60% do aço produzido mundialmente.

Alto-Forno

Nos altos-fornos usam-se como matéria-prima uma carga metálica (minério de ferro, pelota e sínter), combustível (coque ou carvão vegetal) e fundentes (Calcário, Dolomita e Quartzo), variando de acordo com o alto-forno e a própria matéria-prima. Eventualmente alguns altos-fornos prescindem do uso de funden- tes, usando para isto carga metálica aglomerada auto-fundente. A redução do óxido de ferro se processa à medida que as matérias-primas descem em contra- corrente em relação aos gases, provenientes da queima do carbono com o oxi- gênio do ar aquecido soprado pelas ventaneiras (ARAUJO, L. 2008). Os produ- tos formados pela interação e reações entre gases e matérias primas são escó- ria, ferro-gusa, gases, poeira e lama. O alto forno possui zonas características internas figura1 que foram defini- das na década de 70 no Japão.

Figura 1 - Zonas de Alto-Forno , b) atmosfera gasosa na redução do minério de ferro de um alto-forno. (Fonte: MOURÃO, M. 2007)

O coque nessa região funciona como fonte de calor e como agente redu- tor, é ele que vai favorecer a permeabilidade para a passagem de gases e líqui- dos dentro do alto-forno. Sendo assim deve se evitar ao máximo sua degrada- ção, pois isso pode implicar em problemas operacionais. A figura 2 mostra o comportamento do escoamento gasoso dentro do forno.

Figura 2 - Escoamento (a) situação ideal para passagem gasosa; (b) Situação não ideal para passagem gasosa devido ao acumulo de finos (Fonte: Arcelor Mittal Tubarão).

Zona Coesiva ou Zona de Amolecimento e Fusão (1000 a 1450°C)

A zona coesiva do alto forno situase na faixa de temperatura comprendida entre o inicio de amolecimiento e a fusão da carga metálica. O seu perfil depende da distribucão de fluxo gasoso no interior do alto forno,que, por sua vez, depende da relacão minério/coque ao longo do diâmetro do forno (MOURAO, M. 2007). Nesta região os minérios amolecem e fundem, a camada de coque perma- nece sólida permitindo o escoamento do fluxo gasoso para as partes superiores (cuba) do alto forno (janelas de coque). Aparece a formação de ferro metálico e escória primária líquida com baixo ponto de fusão (1300°C) e com alto teor de FeO, até 40%. Nesta região ocorre a reação de Boudouard altamente endotér- mica. Portanto, redução do óxido de ferro nesta região implica em aumento de consumo de carbono e calor. Reações:

CaCO 3 → CaO + CO 2 ΔH = + 43,35Kcal/mol (7)

A redução direta que ocorre nesta região é resultado da soma das seguintes reações:

FeO + CO → Fe + CO 2 ΔH = - 3,99 Kcal/mol (8) CO 2 + C → 2 CO ΔH = + 41,21 Kcal/mol (9) FeO + C→ Fe + CO ΔH = + 37,22 Kcal/mol (10)

Formação da escória primária:

SIO 2 + 2FeO → 2FeO.SiO 2 (11) Al 2 O 3 + FeO → FeO.Al 2 O 3 (12) SiO 2 + MnO → MnO.SiO 2 (13) SiO 2 + 2CaO → 2CaO.SiO 2 (14)

A composição da escória primária é a seguinte:

SiO 2 Al 2 O 3 CaO MgO FeO MnO 25,6% 8,5% 27,9% 3,2% 25,4% 8,88%

Figura 3 - Formação da estrutura da camada coesiva do alto forno (Fonte: PIMENTEL, F. et al. 2007).

A figura 3 é nessa região onde existe uma forte gradiente térmica. É tam- bém a região onde está localizada a maior perda de carga, devido à resistência ao escoamento gasoso.

O metal e a escória líquidos descem sob um leito poroso de coque em con- tra corrente com o gás redutor. Nesta região ocorre a redução das impurezas do minério e parte do FeO conteúdo na escória (redução rápida do FeO da escoria para teores de 5%) e a formação da escória secundaria com dissolução do CaO. Reações:

FeO(l) + CO → Fe(l) + CO 2 (15) CO 2 + C → 2CO (16) P 2 O 5 + 5CO → 2P + 5CO 2 (17) P 2 O 5 + 5C → 2P + 5CO (18) SiO 2 + 2C → Si + 2CO (19) FeS + CaO + C → CaS + CO + Fe (20) FeS + MnO + C → MnS + Fe + CO (21) MnS + CaO + C → Mn + CaS + CO (22)

Zona de Combustão (2000°C)

O ar quente soprado pelas ventaneiras, na parte superior do cadinho, faz o coque entrar em combustão elevando a temperatura acima de 1900°C na zona de combustão e os gases resultantes sobem aquecendo toda a carga. Reações:

C + O 2 .→ CO 2 (23)

Em presença de muito carbono (atmosfera redutora) e em temperaturas acima de 1000oC o gás CO 2 resultante da combustão do coque com o ar, reage com o carbono formando o gás redutor CO.

CO 2 + C → 2CO (24)

O CO em ascensão é o principal agente redutor do minério de ferro. Ocor- re também a formação da escória final com a dissolução da cal que não foi in- corporada na rampa e a absorção de cinza do coque (SiO 2 ). Na região em frente às ventaneiras denominada zona de combustão, o ar quente soprado por elas promove a combustão do carvão formando o gás CO e grande quantidade de

calor. À medida que o gás sobe através da carga, esse calor é transferido para a mesma e ocorrem as reações de redução.

Figura 5 - Esquema de uma seção vertical a uma ventaneira de alto forno.

Zona do Cadinho

É a região localizada na base do alto-forno, próximo ao furo por onde se drena o gusa. Esta região é altamente crítica para a operação do equipamento, devido a um fator importante detalhado a seguir: O contato permanente com o gusa líquido torna esta área altamente sus- cetível a desgaste. A construção do cadinho é realizada de modo a minimizar este efeito, e no caso do alto-forno foram utilizados blocos de carbono de alta resistência em suas paredes e na base, além de uma camada de material cerâ- mico sobre a base. Com a ajuda do sistema de refrigeração busca-se obter nes- ta área uma camada de material solidificado (gusa resfriado) sobre os blocos de carbono, impedindo o contato do gusa líquido sobre estes blocos e minimizando o seu desgaste. No cadinho ainda ocorrem importantes reações entre as fases metálicas e escorificadas, tal como a dêssulfuração do gusa (CAMPOS,V.1984).

Reações internas no Alto Forno

De acordo com as reações internas, o alto-forno pode ser dividido em zo- nas, conforme a figura 6.

Figura 7 - Sistema C-O, Curva de Boudouard (Fonte: PIMENTEL, F.et.al (2007).

O regime de trocas térmicas no alto forno, aliado ás condições termodinâ- micas e cinéticas impostas pela reação de Boudouard, permite a divisão do forno em duas zonas. Estas zonas possuem características tão distintas que é possí- vel tratá-las como reatores diferentes, a saber:

  1. Zona de preparação: onde o carbono do coque praticamente não reage, constituindo um material inerte;
  2. Zona de elaboração: onde o carbono do coque reage com CO 2 restituindo o poder redutor do gás através da reação de Boudouard.

A existência de uma temperatura crítica do ponto de vista cinético, abaixo da qual o carbono do coque não reage com os gases, é importante pelo fato de o coque ser o maior componente de custo da gusa. É portanto, transferir o máximo possível de oxigênio da carga ferrífera aos gases, antes que o carbono passe a ser gaseificado, ou seja, na zona de preparação.

A delimitação entre as zonas de preparação e elaboração pode ser melhor entendida observando-se a figura 8, que mostra, em um diagrama de equilíbrio Fe-C-O, as variações típicas das condições internas do alto forno, na forma de uma linha pontilhada, desde a zona de combustão até o topo do forno. O ponto “A” na figura corresponde ao gás que sai da zona de combustão, com alto po- tencial redutor à medida que as reações de redução se processam, o potencial redutor do gás cai, bem como a temperatura, e o gás que entra na zona de pre-

paração, cuja composição é representada pelo ponto “B”, está localizado exata- mente “FeO-Fe”, no caso de haver tempo suficiente para a redução completa dos óxidos de ferro para wustita na zona de preparação existindo a zona de re- serva térmica, onde a temperatura é constante, o gás ao reduzir a carga ferrífe- ra, atinge o ponto “C”. Continuando sua ascendência no forno, o gás continuará a se resfriar a partir do ponto “C”, estando ainda sobre o campo de estabilidade do ferro e havendo condições cinéticas favoráveis, pode ser produzida também alguma quantidade de ferro. O ponto “E” fornece a composição dos gases de topo de forno.

Figura 8 - Diagrama de Equilíbrio Fe-C-O indicando a composição dos gases. (Fonte: CAMPOS,V. 1984)

Efeito da Pressão sobre a Reação de Boudouard

Na reação de Boudouard um volume de CO 2 produz dois volumes de CO à

pressão constante, logo esta reação causará um aumento na pressão total do sistema. Se o sistema C-O estiver em equilíbrio, a pressão aumentando, acarre- tará em uma resposta do sistema no sentido de aliviar a pressão, decompondo o CO em CO 2 e C. Para manter a mesma relação CO/CO 2 , em pressões maiores,

a temperatura aumentaria.

físicas principais: difusão externa e intra-particular dos gases reagentes e produ- tos e reação química com adsorção e dessorção nos sítios livres da superfície de carbono. Considera-se, que para diferentes regimes de temperatura correspon- dem diferentes etapas limitantes da reação. À baixas temperaturas, a velocidade depende da reação química. A temperatura média e mais alta, as etapas contro- ladoras seriam as difusões através dos poros das partículas de carbono e a transferência de CO 2 para a superfície externa das partículas. As temperaturas

limites entre estes regimes irão depender das variáveis do processo. Diferentes mecanismos já foram propostos, sendo que, atualmente, é aceito o seguinte me- canismo básico de reação:

  1. Troca reversível de oxigênio entre o CO 2 da fase gasosa e a superfície de carbono:

C f CO 2 CO CO (26)

  1. Dessorção irreversível do CO para fase gasosa após a reação entre oxigê- nio adsorvido e a superfície de carbono: O Cf CO^ (27)

onde Cf e (O) são, respectivamente, sítios livres e ocupados na superfície de

carbono.

Diagrama de Chaudron na redução de óxidos de Ferro e a Reação de

Boudouard.

A curva da reação de Boudouard (CO 2 + C ↔ 2CO), responsável por de-

finir o equilíbrio entre o carbono e as suas fases gasosas CO e CO 2 , também é

projetada sobre o diagrama de Chaudron. A curva da reação de Boudouard a- presenta um papel de grande importância no estudo de redução dos óxidos de ferro, uma vez que, em determinadas condições, é a etapa limitante do processo de redução. Quando isto acontece, o equilíbrio da fase gasosa na auto-redução segue aproximadamente a relação CO/CO 2 de equilíbrio entre as fases reagen-

tes da redução dos óxidos. O diagrama de oxidação-redução informa não so- mente os estágios de redução dos óxidos de ferro como também a possibilidade

de carbonetação do ferro por misturas contendo teores excessivos de CO, acima da necessidade mínima requerida para se conseguir a redução.

Figura 10- Diagrama de Chaudron (Oxi-redução)

A figura 10 mostra as áreas em que as fases estão estáveis, para uma pressão das fases gasosas igual a 1 atm. Estas áreas são conhecidas como campos de predominância. Por exemplo, à temperatura de 800°C, com a fase gasosa contendo 20% de CO, a fase estável é a magnetita. Isto significa que, se a composição do gás permanecer constante, a reação 28.

3Fe 2 O 3 + CO → 2Fe 3 O 4 + CO 2 ΔH = - 10,33 Kcal/mol (28)

irá ocorrer no sentido indicado, ou seja, a hematita será reduzida a magnetita, mas as reações 29 e 30

Fe 3 O 4 + CO → 3FeO + CO 2 ΔH = + 8,75 Kcal/mol (29) FeO + CO → Fe + CO 2 ΔH = - 3,99 Kcal/mol (30)

Nota-se que a curva de equilíbrio da reação de Boudouard cruza a curva do equilíbrio wustita-ferro à aproximadamente 700°C e a curva de equilíbrio magnetita-wustita a cerca de 650 °C. Novamente isto significa que, termodinami- camente, wustita não pode ser reduzida diretamente em temperaturas menores do que 700°C e magnetita não podem ser reduzidas em temperaturas menores do que 650°C, pelo fato de que o CO tende-se a se decompor em CO 2 e C, sem

reduzir os óxidos desejados.