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1) Com base na Introdução do livro Paulo e Estevão, quais os ..., Provas de Cultura

ESTUDOS DE CASOS PAULO ESTEVÃO E PORTAL DA FEB ... Muitos comentaram a vida de Paulo; mas, quando não lhe atribuíram certos títulos de.

Tipologia: Provas

2022

Compartilhado em 07/11/2022

Roseli
Roseli 🇧🇷

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ESTUDOS DE CASOS PAULO ESTEVÃO E PORTAL DA FEB
1) Com base na Introdução do livro Paulo e Estevão, quais os objetivos do
Espírito Emmanuel ao escrever este romance? Que orientações podemos
aplicar ao trabalho desenvolvido nos Centros Espíritas e no Movimento
Espírita dos dias atuais? Justifique.
Breve Notícia
Não são poucos os trabalhos que correm mundo, relativamente à tarefa gloriosa do
Apóstolo dos gentios. É justo, pois, esperarmos a interrogativa: Por que mais um
livro sobre Paulo de Tarso? Homenagem ao grande trabalhador do Evangelho ou
informações mais detalhadas de sua vida?
Quanto à primeira hipótese, somos dos primeiros a reconhecer que o convertido de
Damasco não necessita de nossas mesquinhas homenagens; e quanto à segunda,
responderemos afirmativamente para atingir os fins a que nos pro pomos, transferindo
ao papel humano, com os recursos possíveis, alguma coisa das tradições do plano
espiritual acerca dos trabalhos confiados ao grande amigo dos gentios.
Nosso escopo essencial não poderia ser apenas rememorar passagens sublimes dos
tempos apostólicos, e sim apresentar, antes de tudo, a figura do cooperador fiel, na sua
legitima feição de homem transformado por Jesus-Cristo e atento ao divino ministério.
Esclarecemos, ainda, que não é nosso propósito levantar apenas uma biografia
romanceada. O mundo está repleto dessas fichas educativas, com referência aos seus
vultos mais notáveis. Nosso melhor e mais sincero desejo é recordar as lutas acerbas e
os ásperos testemunhos de um coração extraordinário, que se levantou das lutas
humanas para seguir os passos do Mestre, num esforço incessante.
As igrejas amornecidas da atualidade e os falsos desejos dos crentes, nos diversos
setores do Cristianismo, justificam as nossas intenções.
Em toda parte tendências à ociosidade do espírito e manifestações de menor
esforço. Muitos discípulos disputam as prerrogativas de Estado, enquanto outros,
distanciados voluntariamente do trabalho justo, suplicam a proteção sobrenatural do
Céu. Templos e devotos entregam-se, gostosamente, às situações acomodatícias,
preferindo as dominações e regalos de ordem material.
Observando esse panorama sentimental é útil recordarmos a figura inesquecível do
Apóstolo generoso.
Muitos comentaram a vida de Paulo; mas, quando não lhe atribuíram certos títulos de
favor, gratuitos do Céu, apresentaram-no como um fanático de coração ressequido.
Para uns, ele foi um santo por predestinação, a quem Jesus apareceu, numa operação
mecânica da graça; para outros, foi um espírito arbitrário, absorvente e ríspido,
inclinado a combater os companheiros, com vaidade quase cruel.
Não nos deteremos nessa posição extremista.
Queremos recordar que Paulo recebeu a dádiva santa da visão gloriosa do Mestre, às
portas de Damasco, mas não podemos esquecer a declaração de Jesus relativa ao
sofrimento que o aguardava, por amor ao seu nome.
Certo é que o inolvidável tecelão trazia o seu ministério divino; mas, quem estará no
mundo sem um ministério de Deus? Muita gente dirá que desconhece a própria tarefa,
que é insciente a tal respeito, mas nós poderemos responder que, além da ignorância,
desatenção e muito capricho pernicioso. Os mais exigentes advertirão que Paulo
recebeu um apelo direto; mas, na verdade, todos os homens menos rudes têm a sua
convocação pessoal ao serviço do Cristo. As formas podem variar, mas a essência ao
apelo é sempre a mesma. O convite ao ministério chega, ás vezes, de maneira sutil,
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Baixe 1) Com base na Introdução do livro Paulo e Estevão, quais os ... e outras Provas em PDF para Cultura, somente na Docsity!

ESTUDOS DE CASOS PAULO ESTEVÃO E PORTAL DA FEB

1) Com base na Introdução do livro Paulo e Estevão, quais os objetivos do

Espírito Emmanuel ao escrever este romance? Que orientações podemos aplicar ao trabalho desenvolvido nos Centros Espíritas e no Movimento Espírita dos dias atuais? Justifique.

Breve Notícia Não são poucos os trabalhos que correm mundo, relativamente à tarefa gloriosa do Apóstolo dos gentios. É justo, pois, esperarmos a interrogativa: Por que mais um livro sobre Paulo de Tarso? Homenagem ao grande trabalhador do Evangelho ou informações mais detalhadas de sua vida? Quanto à primeira hipótese, somos dos primeiros a reconhecer que o convertido de Damasco não necessita de nossas mesquinhas homenagens; e quanto à segunda, responderemos afirmativamente para atingir os fins a que nos pro pomos, transferindo ao papel humano, com os recursos possíveis, alguma coisa das tradições do plano espiritual acerca dos trabalhos confiados ao grande amigo dos gentios. Nosso escopo essencial não poderia ser apenas rememorar passagens sublimes dos tempos apostólicos, e sim apresentar, antes de tudo, a figura do cooperador fiel, na sua legitima feição de homem transformado por Jesus-Cristo e atento ao divino ministério. Esclarecemos, ainda, que não é nosso propósito levantar apenas uma biografia romanceada. O mundo está repleto dessas fichas educativas, com referência aos seus vultos mais notáveis. Nosso melhor e mais sincero desejo é recordar as lutas acerbas e os ásperos testemunhos de um coração extraordinário, que se levantou das lutas humanas para seguir os passos do Mestre, num esforço incessante. As igrejas amornecidas da atualidade e os falsos desejos dos crentes, nos diversos setores do Cristianismo, justificam as nossas intenções. Em toda parte há tendências à ociosidade do espírito e manifestações de menor esforço. Muitos discípulos disputam as prerrogativas de Estado, enquanto outros, distanciados voluntariamente do trabalho justo, suplicam a proteção sobrenatural do Céu. Templos e devotos entregam-se, gostosamente, às situações acomodatícias, preferindo as dominações e regalos de ordem material. Observando esse panorama sentimental é útil recordarmos a figura inesquecível do Apóstolo generoso. Muitos comentaram a vida de Paulo; mas, quando não lhe atribuíram certos títulos de favor, gratuitos do Céu, apresentaram-no como um fanático de coração ressequido. Para uns, ele foi um santo por predestinação, a quem Jesus apareceu, numa operação mecânica da graça; para outros, foi um espírito arbitrário, absorvente e ríspido, inclinado a combater os companheiros, com vaidade quase cruel. Não nos deteremos nessa posição extremista. Queremos recordar que Paulo recebeu a dádiva santa da visão gloriosa do Mestre, às portas de Damasco, mas não podemos esquecer a declaração de Jesus relativa ao sofrimento que o aguardava, por amor ao seu nome. Certo é que o inolvidável tecelão trazia o seu ministério divino; mas, quem estará no mundo sem um ministério de Deus? Muita gente dirá que desconhece a própria tarefa, que é insciente a tal respeito, mas nós poderemos responder que, além da ignorância, há desatenção e muito capricho pernicioso. Os mais exigentes advertirão que Paulo recebeu um apelo direto; mas, na verdade, todos os homens menos rudes têm a sua convocação pessoal ao serviço do Cristo. As formas podem variar, mas a essência ao apelo é sempre a mesma. O convite ao ministério chega, ás vezes, de maneira sutil,

inesperadamente; a maioria, porém, resiste ao chamado generoso do Senhor. Ora, Jesus não é um mestre de violências e se a figura de Paulo avulta muito mais aos nossos olhos, é que ele ouviu, negou-se a si mesmo, arrependeu-se, tomou a cruz e seguiu o Cristo até ao fim de suas tarefas materiais. Entre perseguições, enfermidades, apodos, zombarias, desilusões, deserções, pedradas, açoites e encarceramentos, Paulo de Tarso foi um homem intrépido e sincero, caminhando entre as sombras do mundo, ao encontro do Mestre que se fizera ouvir nas encruzilhadas da sua vida. Foi muito mais que um predestinado, foi um realizador que trabalhou diariamente para a luz. O Mestre chama-o, da sua esfera de claridades imortais. Paulo tateia na treva das experiências humanas e responde: Senhor, que queres que eu faça? Entre ele e Jesus havia um abismo, que o Apóstolo soube transpor em decênios de luta redentora e constante. Demonstrá-lo, para o exame do quanto nos compete em trabalho próprio, a fim de Ir ao encontro de Jesus, é o nosso objetivo. Outra finalidade deste esforço humilde é reconhecer que o Apóstolo não poderia chegar a essa possibilidade, em ação isolada no mundo. Sem Estevão, não teríamos Paulo de Tarso. O grande mártir do Cristianismo nascente alcançou influência muito mais vasta na experiência paulina, do que poderíamos imaginar tão-só pelos textos conhecidos nos estudos terrestres. A vida de ambos está entrelaçada com misteriosa beleza. A contribuição de Estevão e de outras personagens desta história real vem confirmar a necessidade e a universalidade da lei de cooperação. E, para verificar a amplitude desse conceito, recordemos que Jesus, cuja misericórdia e poder abrangiam tudo, procurou a companhia de doze auxiliares, a fins de empreender a renovação do mundo. Aliás, sem cooperação, não poderia existir amor; e o amor é a força de Deus, que equilibra o Universo. Desde já, vejo os críticos consultando textos e combinando versículos para trazerem á tona os erros do nosso tentame singelo. Aos bem-intencionados agradecemos sinceramente, por conhecer a nossa expressão de criatura falível, declarando que este livro modesto foi grafado por um Espírito para os que vivam em espírito; e ao pedantismo dogmático, ou literário, de todos os tempos, recorremos ao próprio Evangelho para repetir que, se a letra mata, o espírito vivifica. Oferecendo, pois, este humilde trabalho aos nossos irmãos da Terra, formulamos votos para que o exemplo do Grande Convertido se faça mais claro em nossos corações, a fim de que cada discípulo possa entender quanto lhe compete trabalhar e sofrer, por amor a Jesus-Cristo. Emmanuel

Pedro Leopoldo, 8 de julho de 1941

Idéia Central: Enumerar e transpor para os dias atuais os principais objetivos de

Emmanuel nesta obra.

BIBLIOGRAFIA

Desde criança, com a sadia educação doméstica, guardara puro os primeiros impulsos

do coração, sem jamais contaminá-lo na esteira dos prazeres fáceis ou no fogo das

paixões violentas, que deixam na alma o carvão das dores sem esperança. Acostumado ao esporte, aos jogos da época, seguido sempre de muitos companheiros

em desvario, tivera o heroísmo sagrado de sobrepor as disposições da Lei, às próprias

tendências naturais. Sua concepção de serviço a Deus não admitia concessões a si

mesmo.

Era, orgulhoso, vaidoso, gostava do poder, da posição social que ocupava como

sacerdote da lei, das tradições familiares, dos cultos externos, bom articulista, raciocínio

claro, consistente e denso em conteúdo. Respeitado e venerado por todos e invejado por

muitos. Abigail, sua noiva, assim pensava a respeito do temperamento de Saulo; Parte I – Cap. IV

[...] Aqueles meses de convívio, quase diário, davam-lhe a conhecer o seu temperamento indômito e inquieto, a par de um coração eminentemente generoso, onde uma fonte de ignorada ternura se retraía em abismais profundezas.

Saulo/Paulo Após sua visão de Jesus, Saulo ficou cego. Foi para Damasco.

Parte II – Cap. I Aqueles três dias de Damasco foram de rigorosa disciplina espiritual. Sua personalidade dinâmica havia estabelecido uma trégua mundana, para examinar os erros do passado, as dificuldades do presente e as realizações do futuro. Precisava ajustar-se à inelutável reforma do seu eu. [...] Ninguém acreditaria no ascendente da conversão inesperada; [...] No apreciar os valores humanos, experimentava a insuportável angústia dos que se encontram em completo abandono, mas, no torvelinho das lembranças, destacava os vultos de Estevão e Abigail, que lhe proporcionavam consoladoras emoções. Agora compreendia aquele Cristo que viera ao mundo principalmente para os desventurados e tristes de coração. [...] Não obstante os títulos do Sinédrio, as responsabilidades públicas, o renome que o faziam admirado em toda parte, que era ele senão um necessitado da proteção divina? As convenções mundanas e os preconceitos religiosos proporcionavam-lhe uma tranqüilidade aparente; mas, bastou a intervenção da dor imprevista para que ajuizasse de suas necessidades imensas. Abismalmente concentrado na cegueira que o envolvia, orou com fervor, recorreu a Deus para que o não deixasse sem socorro, pediu a Jesus lhe clareasse a mente atormentada pelas idéias de angústia e desamparo.

Após o seu período de cegueira, sua cura por Ananias e seu primeiro discurso para os sacerdotes em que foi humilhado, desprezado, ridicularizado, Saulo de Tarso sentou-se num banco e chorou. Era a luta entre a vaidade de outrora e a renúncia de si mesmo que estava começando. Foi procurar Ananias e assim falou: Parte II – Cap. I

Vejo-me cercado de enormes dificuldades [...]. Sinto-me no dever de espalhar a nova doutrina, felicitando os nossos semelhantes; Jesus encheu-me o coração de energias inesperadas, mas a secura dos homens é de amedrontar os mais fortes. Sim explicava o ancião paciente , o Senhor conferiu-te a tarefa do semeador; tens muito boa-vontade, mas, que faz um homem recebendo encargos dessa natureza? Antes de tudo, procura ajuntar as sementes no seu mealheiro particular, para que o esforço seja profícuo. [...] Quero dizer que um homem de vida pura e reta, sem os erros da própria boa- intenção, está sempre pronto a plantar o bem e a justiça no roteiro que perlustra; mas aquele que já se enganou, ou que guarda alguma culpa, tem necessidade de testemunhar no sofrimento próprio, antes de ensinar. Os que não forem integralmente puros, ou nada sofreram no caminho, jamais são bem compreendidos por quem lhes ouve simplesmente a palavra. Contra os seus ensinos estão suas próprias vidas. Além do mais, tudo que é de Deus reclama grande paz e profunda compreensão. No teu caso, deves pensar na lição de Jesus permanecendo trinta anos entre nós, preparando-se para suportar nossa presença durante apenas três. [...] Quando hajas sofrido mais continuava o benfeitor e amigo sincero terás apurado a compreensão dos homens e das coisas, Só a dor nos ensina a ser humanos.[...] Não viste Simão Pedro, em Jerusalém, rodeado de infelizes? Naturalmente, encontrarás um lar maior na Terra, onde serás chamado a exercer a fraternidade, o amor, o perdão... É preciso morrer para o mundo, para que o Cristo viva em nós...

Depois de conversar com Ananias, Saulo foi procurar Gamaliel, seu mestre. Saulo fizera questão de partir, a pé, de modo a iniciar a vida com rigores que lhe seriam sumamente benéficos mais tarde. Não viajaria mais na qualidade de doutor da Lei, rodeado de servos, sim como discípulo de Jesus, adstrito aos seus programas. Por esse motivo, considerou preferível viajar como beduíno, para aprender a contar, sempre, com as próprias forças. [...] Encontrando Gamaliel e depois dos preâmbulos afetuosos, o moço tarsense relatou ao mestre venerando as graças recolhidas às portas de Damasco [...]. O bondoso ancião abraçou-o comovidamente, atraindo-o ao coração. Saulo, meu filho disse exultante, [...] A visão de Damasco bastará para a consagração de tua existência inteira ao amor do Messias. É verdade que muito trabalhaste pela Lei de Moisés, sem hesitar na adoção de medidas extremas, na sua defesa. Entretanto, é chegado o momento de trabalhares por quem é maior que Moisés. Sinto-me, porém, grandemente desorientado e confundido murmurou o jovem de Tarso, cheio de confiança. Desde a ocorrência noto que estou sendo objeto de singulares e radicais transformações. Obediente ao meu feitio absolutamente sincero quis começar meu esforço pelo Cristo, em Damasco, e, no entanto, recebi dos nossos amigos, dali, as maiores manifestações de desprezo e ridículo, que muito me fizeram sofrer. Repentinamente, vi-me sem companheiros, sem ninguém. Alguns componentes da reunião do ―Caminho‖ consolaram minhalma abatida com as suas expressões de fraternidade, mas não foram bastante para ressarcir as amargas desilusões experimentadas. [...] Naturalmente, a profissão de rabino não me poderá interessar o espírito sincero, porque, de outro modo, seria mentir a mim mesmo. Sem trabalho, sem dinheiro, acho-me num labirinto de questões insolúveis, sem o auxílio de um coração mais experiente que o meu.

perturbar-lhe, quando necessitava exterminar o “homem velho” a golpes de sacrifício e disciplina. Saulo foi trabalhar na região desértica conhecida por “oásis de Dan”, onde somente trabalhava um casal tecelões, jovens, de nome Áquila e Prisca. A especialidade desse posto avançado era a preparação de tapetes e dos tecidos resistentes de pelo caprino, destinado a barracas de viagem. Áquila e Prisca eram cristãos e muito colaboraram nos primeiros tempos de seu preparo.

Parte II – Cap. II Após os 3 anos no deserto [...]O ex-rabino modificara o próprio aspecto, ao contacto direto das forças agressivas da Natureza. A epiderme queimada pelo sol dava a impressão de um homem acostumado à inclemência do deserto. A barba crescida transformara-lhe o semblante. As mãos afeitas ao trato dos livros tornaram-se calosas e rudes. Entretanto, a solidão, as disciplinas austeras, o tear laborioso, lhe haviam enriquecido a alma de luz e serenidade. Os olhos calmos e profundos atestavam os novos valores do espírito. Entendera, finalmente, aquela paz desconhecida que Jesus desejara aos discípulos; sabia, agora, interpretar a dedicação de Pedro, a tranqüilidade de Estevão no instante da morte ignominiosa, o fervor de Abigail, as virtudes morais dos freqüentadores do ―Caminho‖, que perseguira em Jerusa lém. A auto-educação, na ausência dos recursos da época, ensinara-lhe à alma ansiosa o segredo sublime de se entregar ao Cristo, para repousar em seus braços misericordiosos e invisíveis. Desde que se consagrara ao Mestre, de alma e coração, os remorsos, as dores, as dificuldades como que se afastaram do seu espírito. Recebia todo trabalho como um bem, toda necessidade como elemento de ensino.

Parte II – Cap. III Não podia definir seu estado espiritual, mas o caso é que dali por diante, sob a direção de Jesus, Estevão conservava-se a seu lado como companheiro fiel. [...] Saulo, a fim de consolidar as novas disposições interiores, julgou útil exercer em Tarso o mister de tecelão, visto que ali, na terra do seu berço, se ostentara como intelectual de valor e aplaudido atleta. Dentro em pouco, era reconhecido pelos conterrâneos como humilde tapeceiro. A notícia teve desagradável repercussão no lar antigo, motivando a mudança do velho Isaac, que, após deserdá-lo ostensivamente, transferiu-se para uma de suas propriedades à margem do Eufrates, onde esperou a morte junto de uma filha, incapaz de compreender o primogênito muito amado. Assim, durante três anos, o solitário tecelão das vizinhanças do Tarso exemplificou a humildade e o trabalho, esperando devotadamente que Jesus o convocasse ao testemunho.

Mais tarde Saulo passou a cooperar na Igreja do “Caminho”, em Antioquia. Parte II – Cap. IV Geralmente, eram Barnabé e Manahen os pregadores mais destacados, ministrando o Evangelho às assembléias heterogêneas. Saulo de Tarso limitava-se a cooperar. Ele mesmo notara que Jesus, por certo, recomendara absoluto recomeço em suas experiências. Certa feita fez o possível por conduzir as pregações gerais, mas nada conseguiu. A palavra, tão fácil noutros tempos, parecia retrair-se-lhe na garganta. Compreendeu que era justo padecer as torturas do reinício, em virtude da oportunidade que não soubera valorizar. Não obstante as barreiras que se antepunham às suas

atividades, jamais se deixou avassalar pelo desânimo. Se ocupava a tribuna, tinha extrema dificuldade na interpretação das idéias mais simples. Por vezes, chegava a corar de vergonha ante o público que lhe aguardava as conclusões com ardente interesse, dada a fama de pregador de Moisés, no Templo de Jerusalém.[...] Por esse motivo, foi afastado discretamente da pregação e aproveitado noutros misteres. Saulo, porém, compreendia e não desanimava. Se não era possível regressar de pronto ao labor da pregação, preparar-se-ia, de novo, para isso. Nesse intuito, retinha irmãos humildes na sua tenda de trabalho e, enquanto as mãos teciam com segurança, entabulava conversas sobre a missão do Cristo. À noite, promovia palestras na igreja com a cooperação de todos os presentes. Enquanto não se organizava a direção superior para o trabalho das assembléias, sentava-se com os operários e soldados que compareciam em grande número. Interessava a atenção das lavadeiras, das jovens doentes, das mães humildes. Lia, às vezes, trechos da Lei e do Evangelho, estabelecia comparações, provocava pareceres novos. Dentro daquelas atividades constantes, a lição do Mestre parecia sempre tocada de luzes progressivas.

Idéia Central: Trabalho de reforma íntima, com a interiorização da mensagem,

impregnando-nos dela para revelá-la ao mundo sem os vícios e concepções

errôneas do nosso passado de "homem velho".

BIBLIOGRAFIA

  1. KARDEC, Allan. O Livro dos Espíritos. Trad. Guillon Ribeiro. 75ª ed. Rio de Janeiro. FEB, 1994. Parte Terceira. Cap. XII. Questões 893/
  2. KARDEC, Allan. O Evangelho Segundo o Espiritismo. Trad. Guillon Ribeiro. 121ª ed. Rio de Janeiro. FEB, 2002. Cap. XVII
  3. XAVIER, Francisco Cândido. O Consolador. Pelo Espírito Emmanuel. 27ª ed. Rio de Janeiro. FEB, 2007. Segunda Parte. Cap. IV. Questões 218/
  4. XAVIER, Francisco Cândido. Pão Nosso. Pelo Espírito Emmanuel. 17ª ed. Rio de Janeiro. FEB, 1996. Item135. Renovação Necessária
  5. XAVIER, Francisco Cândido. Vinha de Luz. Pelo Espírito Emmanuel. 15ª ed. Rio de Janeiro. FEB, 1998. Item 99. Nos Diversos Caminhos.
  6. XAVIER, Francisco Cândido. Livro da Esperança. Pelo Espírito Emmanuel. Cap. 86.
  7. XAVIER, Francisco Cândido. Segue-me. Pelo Espírito Emmanuel. Cap. Segue- me e Ele o Seguiu... 13ª ed. Casa Editora o Clarim, 2011.
  8. XAVIER, Francisco Cândido. Caminho, Verdade e Vida. Cap. 39. Entra e Coopera. Pelo Espírito Emmanuel. 17ª ed. Rio de Janeiro. FEB, 1996.

primeira vez, desde que iniciara a tarefa missionária, que se retiraria de uma cidade sem fundar uma igreja. Nas aldeias mais rústicas, sempre aparecia alguém que copiava as anotações de Levi para começar o labor evangélico no recinto humilde de um lar. Em Atenas ninguém apareceu interessado na leitura dos textos evangélicos. Entretanto, foi tanta a insistência de Paulo junto de algumas personagens em evidência, que o levaram ao Areópago, para tomar contacto com os homens mais sábios e inteligentes da época. Os componentes do nobre conclave receberam-lhe a visita com mais curiosidade que interesse. O Apóstolo ali penetrara por mercê de Dionisio, homem culto e generoso, que lhe atendera às solicitações, a fim de observar até onde ia a sua coragem na apresentação da doutrina desconhecida. Paulo começou impressionando o auditório aristocrático, referindo- se ao ―Deu s desconhecido‖, homenageado nos altares atenienses. Sua palavra vibrante apresentava cambiantes singulares; as imagens eram muito mais ricas e formosas que as registradas pelo autor dos Atos. O próprio Dionisio estava admirado. O Apóstolo revelava-se-lhe muito diferente de quando o vira na praça pública. Falava com alta nobreza, com ênfase; as imagens revestiam-se de extraordinário colorido; mas, quando, começou a discorrer sobre a ressurreição, houve forte e prolongado murmúrio. As galerias riam a bandeiras despregadas, choviam remoques acerados. A aristocracia Intelectual ateniense não podia ceder nos seus preconceitos científicos. Os mais irônicos deixavam o recinto com gargalhadas sarcásticas, enquanto os mais comedidos, em consideração a Dionisio, aproximaram-se do Apóstolo com sorrisos intraduzíveis, declarando que o ouviriam de bom grado por outra vez, quando não se desse ao luxo de comentar assuntos de ficção. Paulo ficou, naturalmente, desolado. No momento, não podia chegar à conclusão de que a falsa cultura encontrará sempre, na sabedoria verdadeira, uma expressão de coisas imaginárias e sem sentido. A atitude do Areópago não lhe permitiu chegar ao fim. Em breve o suntuoso recinto estava quase silencioso, O Apóstolo, então, lembrou que seria preferível arrostar o tumulto dos judeus. Onde houvesse luta, haveria sempre frutos a colher. As discussões e os atritos, em muitos casos, representavam o revolvimento da terra espiritual para a semente divina. Ali, entretanto, encontrara a frieza da pedra. O mármore das colunas soberbas deu-lhe imediatamente a imagem da situação. A cultura ateniense era bela e bem cuidada, impressionava pelo exterior magnífico, mas estava fria, com a rigidez da morte intelectual. Apenas Dionisio e uma jovem senhora de nome Dâmaris e alguns serviçais do palácio permaneciam a seu lado, extremamente constrangidos, embora propensos à causa. Não obstante o desapontamento, Paulo de Tarso fez o possível por evitar a nuvem de tristeza que pairava sobre todos, a começar por ele próprio. Ensaiou um sorriso de conformação e tentou algo de bom humor. Dionisio consolidou, ainda mais, sua admiração pelas poderosas qualidades espirituais daquele homem de aparência franzina, tão enérgico e cioso de suas convicções. Antes de se retirarem, Paulo falou na possibilidade de fundar uma igreja, ainda que fosse num humilde santuário doméstico, onde se estudasse e comentasse o Evangelho. Mas os presentes não regatearam excusativas e pretextos. [...]e Paulo recebeu todas as recusas mantendo singular expressão fisionômica, como o semeador que se vê rodeado somente de pedras e espinheiros. O Apóstolo dos gentios despediu-se com serenidade; mas, tão logo se viu só, chorou copiosamente. A que atribuir o doloroso insucesso? Não pôde compreender, imediatamente, que Atenas padecia de seculares intoxicações intelectuais, e, supondo- se desamparado pelas energias do plano superior, o ex-rabino deu expansão a terrível

desalento. Não se conformava com a frieza geral, mesmo porque, a nova doutrina não lhe pertencia e sim ao Cristo. Quando não chorava refletindo na própria dor, chorava pelo Mestre, julgando que ele, Paulo, não havia correspondido à expectativa do Salvador.

Parte II – Cap. VII O valoroso pregador saía de Atenas assaz abatido. O insucesso, em face da cultura grega, compelia-lhe o espírito indagador aos mais torturantes raciocínios. Começava a compreender a razão por que o Mestre preferira a Galiléia com os seus cooperadores humildes e simples de coração; entendia melhor o motivo da palavra franca do Cristo sobre a salvação, e decifrava a sua predileção natural pelos desamparados da sorte.

Idéia Central: Despreparo para receber, entender, aceitar e praticar o Evangelho de Jesus.

BIBLIOGRAFIA

  1. O Livro dos Espíritos: questões 147 e 148 (incluindo comentário), questões de 798 a 802

  2. O Evangelho segundo o Espiritismo: Capítulo VII "Bem-aventurados os Pobres de Espírito"; Capítulo XIX "A Fé transporta Montanhas", Itens de 8 a 10 "Parábola da Figueira Seca"

  3. O Consolador (Emmanuel): Capítulo III "Intelectualismo", questões de 204 a 210

  4. Caminho, Verdade e Vida (Emmanuel): Capítulo 152 "Ciência e Amor"

  5. Luz Imperecível (Honório Abreu): Capítulo 56 "Sábios e Entendidos"

Mas, e os outros companheiros? inquiriu Barnabé revelando espírito de solidariedade. Os outros, certo, hão de protestar. Principalmente agora, que o judaísmo vai absorvendo os esforços apostólicos, é justo prever muitos clamores. [...] Naturalmente, depois da morte de Simão, os adversários dos princípios ensinados pelo Mestre acharão grande facilidade em deturpar as anotações de Levi. A Boa Nova será aviltada e, se alguém perguntar pelo Cristo, daqui a cinqüenta anos, terá como resposta que o Mestre foi um criminoso comum, a expiar na cruz os desvios da vida. Restringir o Evangelho a Jerusalém será condená-lo à extinção, no foco de tantos dissídios religiosos, sob a política mesquinha dos homens. Necessitamos levar a notícia de Jesus a outras gentes, ligar as zonas de entendimento cristão, abrir estradas novas... Será mesmo justo que também façamos anotações do que sabemos de Jesus e de sua divina exemplificação. Outros discípulos, por exemplo, poderiam escrever o que viram e ouviram, pois, com a prática, vou reconhecendo que Levi não anotou mais amplamente o que se sabe do Mestre. Há situações e fatos que não foram por ele registrados. Não conviria também que Pedro e João anotassem suas observações mais íntimas? Não hesito em afirmar que os pósteros hão de rebuscar muitas vezes a tarefa que nos foi confiada. [...] Nosso plano seria desenvolvido na organização de missões abnegadas, sem outro fito que servir de forma absoluta, à difusão da Boa Nova do Cristo. Começaríamos, por exemplo, em regiões não de todo desconhecidas, formaríamos o hábito de ensinar as verdades evangélicas aos mais vários agrupamentos; em seguida, terminada essa experiência, demandaríamos outras zonas, levaríamos a lição do Mestre a outras gentes. [...] Comparo o Evangelho a um campo infinito, que o Senhor nos deu a cultivar. Alguns trabalhadores devem ficar ao pé dos mananciais, velando-lhes a pureza, outros revolvem a terra em zonas determinadas; mas não há dispensar a cooperação dos que precisam empunhar instrumentos rudes, desfazer cipoais intensos, cortar espinheiros para ensolarar os caminhos.

Paulo de Tarso, Barnabé e seu sobrinho João Marcos, partiram para a missão de divulgar o Evangelho pelos mais diferentes lugares. Pregavam o Evangelho em Sinagogas, ao ar livre, em mercados, para os gentios, para mulheres, crianças, idosos, jovens e, sempre que possível, deixavam, por onde passavam uma igreja fundada. Frente às dificuldades enfrentadas na tarefa de divulgação do Evangelho, Paulo assim falou:

-O serviço é de Jesus e não nosso. Se cuidarmos muito de nós mesmos, nesse capítulo de sofrimentos, não daremos conta do recado; e se paralisarmos a marcha nos lances difíceis, ficaremos com os tropeços e não com o Cristo.

Depois de percorrer a Antioquia, foram para Listra, Loide, Perge, Atália, Selêucia e depois voltaram para Antioquia. Após resolver problemas em Antioquia, Paulo decidiu ir a Jerusalém dar ciência da Parte II – Cap. V [...] longa excursão de mais de quatro anos, através das regiões pobres e quase desconhecidas, onde a gentilidade havia recebido as notícias do Mestre com intenso júbilo e compreensão muito mais elevada que a dos seus irmãos de raça.

Desta vez ia acompanhado de Barnabé, Tito, jovem de aproximadamente 20 anos, descendente dos gentios, a quem ensinou o ofício de tapeceiro para ajudá-lo nas despesas. Em Jerusalém as atividades da Igreja do “Caminho” haviam aumentado muito, mas sempre com alterações no Evangelho do Mestre, colocando nas práticas costumes ancestrais do judaísmo, devido ajuda financeira que os judeus proporcionavam à igreja de Jerusalém em virtude do aumento de necessitados. Em reunião, Paulo propôs visitar as igrejas já fundadas pedindo auxílio financeiro, para libertar a igreja de Jerusalém das imposições judaicas. Após o término da reunião, Pedro, Paulo e Tiago, filho de Zebedeu, foram conversar com Pedro que assim falou:

Teu projeto de excursão e propaganda da Boa Nova, procurando angariar alguns recursos para solução de nossos mais sérios encargos, causa-me justa satisfação; entretanto, venho refletindo na situação da igreja antioquena. Pelo que observei de viso, concluo que a instituição necessita de servidores dedicados que se substituam nos trabalhos constantes de cada dia. Tua ausência, ao demais com Barnabé, trará dificuldades, caso não tomemos as providências precisas. Eis por que te ofereço a cooperação de dois companheiros devotados, que me têm substituído aqui nos encargos mais pesados. Trata-se de Silas e Barsabás, dois discípulos amigos da gentilidade e dos princípios liberais. De vez em quando, entram em desacordo com Tiago, como é natural, e, segundo creio, serão ótimos auxiliares do teu programa. Paulo viu no alvitre a providência que desejava. Junto de Barnabé, que participava da conversação, agradeceu ao ex-pescador, profundamente sensibilizado. A igreja da Antioquia teria os recursos necessários que os trabalhos evangélicos requeriam. [...] Finalmente, tudo pronto e ajustado, a missão se dispôs a regressar. Havia em todas as fisionomias um sinal de gratidão e de esperança santificada nos dias do porvir. [...] O grupo, acrescido de Silas, Barsabás e João Marcos, pôs-se a caminho para Antioquia, nas melhores disposições de harmonia.Revezando-se na tarefa de pregação das verdades eternas, anunciavam o Reino de Deus e faziam curas por onde passavam. Chegados ao destino, com grandes manifestações de júbilo da gentilidade, organizaram o plano colimado para dar-lhe imediata eficiência. Paulo expôs o propósito de voltar às comunidades cristãs já fundadas, estendendo a excursão evangélica por outras regiões onde o Cristianismo não fosse conhecido. O plano mereceu aprovação geral. A instituição antioquena ficaria com a cooperação direta de Barsabás e Silas, os dois companheiros devotados que, até ali, haviam constituído duas fortes colunas de trabalho em Jerusalém.

Novos planos de trabalho: Barnabé iria com o sobrinho, João Marcos, para Chipre,

passando principalmente por Nea-Pafos e Salamina, e Paulo, junto com Silas, iria se

internando pelo Tauro e a igreja de Antioquia ficaria com a cooperação de Barsabás e Tito.

Barnabé ficou em Chipre até se deslocar, mais tarde, para Roma.

Paulo junto com Silas foi retornando aos lugares onde, antes, havia passado com

Barnabé e em todos eles a mensagem de Jesus florescia. Atravessaram a Frígia e a

Galácia na Ásia, depois Trôade onde encontrou Lucas. De lá, acrescidos de Lucas,

BIBLIOGRAFIA

1- KARDEC, Allan. O Livro dos Espíritos - Conclusão; 2- KARDEC, Allan. O Evangelho Segundo o Espiritismo: Prefácio, Cap VII - It 13, Cap XVII - It 4 e Cap XX; 3- KARDEC, Allan. O Livro dos Médiuns - Cap 29, 30 e 31; 4- KARDEC, Allan. Obras Póstumas - Texto pág 328 - Marcha gradativa da humanidade, Projeto 1868 e Constituição do Espiritismo; 5- KARDEC, Allan.Viagem Espírita de 1862; 6- FRANCO, Divaldo Pereira. Conversa Fraterna - Ed FEB; 7- Reformador - diversas números; 8- TEIXEIRA, Raul. Ante o vigor do Espiritismo - Espíritos diversos - Ed Frater; 9- TEIXEIRA, Raul. Quando a vida responde - Diversos Espíritos - Ed Frater.

5) Como Paulo conduzia a questão de suas despesas pessoais no

trabalho de divulgação do Evangelho?

Orientações de Gamaliel a Saulo: Está escrito que devemos comer o pão com o suor do rosto, o trabalho é o movimento sagrado da vida.

Parte II - Cap. IV O ex-levita de Chipre encontrava-se em Antioquia a braços com sérias responsabilidades. A igreja ali fundada reclamava a cooperação de servos inteligentes. Inúmeras dificuldades espirituais a serem resolvidas, intensos serviços a fazer. A instituição fora iniciada por discípulos de Jerusalém, sob os alvitres generosos de Simão Pedro. O ex-pescador de Cafarnaum ponderou que deveriam aproveitar o período de calma, no capítulo das perseguições, para que os laços do Cristo fossem dilatados. Antioquia era dos maiores centros operários. Não faltavam contribuintes para o custeio das obras, porque o empreendimento grandioso tivera repercussão nos ambientes de trabalho mais humildes; entretanto, escasseavam os legítimos trabalhadores do pensamento. Ainda, aí, entrou a compreensão de Pedro para que não faltasse ao tecelão de Tarso o ensejo devido. Observando as dificuldades, depois de indicar Barnabé para a direção do núcleo do ―Caminho‖, aconselhou -o a procurar o convertido de Damasco, a fim de que sua capacidade alcançasse um campo novo de exercício espiritual. Saulo recebeu o amigo com imensa alegria. Vendo-se lembrado pelos irmãos distantes, tinha a impressão de receber um novo alento. O companheiro expôs o elevado plano da igreja que lhe reclamava o concurso fraterno, o desdobramento dos serviços, a colaboração constante de que poderiam dispor para a construção das obras de Jesus-Cristo. Barnabé exaltou a dedicação dos homens humildes que cooperavam com ele. A instituição, todavia, reclamava irmãos dedicados, que conhecessem profundamente a Lei de Moisés e o Evangelho do Mestre, a fim de não ser prejudicada a tarefa da iluminação intelectual. O ex-rabino edificou-se com a narração do outro e não teve dúvidas em atender ao apelo. Apenas apresentava uma condição, qual a de prosseguir no seu ofício, de maneira a não ser pesado aos seus confrades de Antioquia. Inútil qualquer objeção de Barnabé, nesse sentido. Pressuroso e prestativo, Saulo de Tarso em breve se instalava em Antioquia, onde passou a cooperar ativamente com os amigos do Evangelho. Durante largas horas do dia, consertava tapetes ou se entretinha no trabalho de tecelagem. Destarte, ganhava o necessário para viver, tornando-se um modelo no seio da nova igreja. [...]

Parte II - Cap. IV Depois de passar pela Igreja do “Caminho” de Jerusalém e analisar a situação crítica de seu funcionamento e traçar planos para a difusão do Evangelho de Jesus a outras

6) No momento em que a igreja de Jerusalém se via em dificuldades

financeiras, qual a reação de Paulo diante da ajuda dos judeus e da

imposição de suas práticas religiosas? Qual a correlação nos dias

atuais?

Parte I - Cap. III Desde que viera do Tiberíades para Jerusalém, Simão transformara-se em célula central de grande movimento humanitarista. Os filósofos do mundo sempre pontificaram de cátedras confortáveis, mas nunca desceram ao plano da ação pessoal, ao lado dos mais infortunados da sorte. Jesus renovara, com exemplos divinos, todo o sistema de pregação da virtude. Chamando a si os aflitos e os enfermos, inaugurara no mundo a fórmula da verdadeira benemerência social. As primeiras organizações de assistência ergueram-se com o esforço dos apóstolos, ao influxo amoroso das lições do Mestre. Era por esse motivo que a residência de Pedro, doação de vários amigos do "Caminho", regurgitava de enfermos e desvalidos sem esperança. Eram velhos a exibirem úlceras asquerosas, procedentes de Cesaréia; loucos que chegavam das regiões mais longínquas, conduzidos por parentes ansiosos de alívio; crianças paralíticas, da Iduméia, nos braços maternais, todos atraídos pela fama do profeta nazareno, que ressuscitava os próprios mortos e sabia restituir tranqüilidade aos corações mais infortunados do mundo. Natural era que nem todos se curassem, o que obrigava o velho pescador a agasalhar consigo todos os necessitados, com carinho de um pai. Recolhendo-se ali, com a família, era auxiliado particularmente por Tiago, filho de Alfeu, e por João; mas, em breve, Filipe e suas filhas instalavam-se igualmente em Jerusalém, cooperando no grande esforço fraternal. Tamanho o movimento de necessitados de toda sorte, que há muito Simão não mais podia entregar-se a outro mister no concernente à pregação da Boa Nova do Reino. A dilatação desses misteres vinculara o antigo discípulo aos maiores núcleos do judaísmo dominante. Obrigado a valer-se do socorro dos elementos mais notáveis da cidade, Pedro sentia-se cada vez mais escravo dos seus amigos benfeitores e dos seus pobres beneficiados, acorridos de toda parte, em grau de recurso supremo ao seu espírito de discípulo abnegado e sincero. [...] Após o término da reunião do Evangelho daquela noite, reuniram-se Pedro, Paulo e Tiago, filho de Zebedeu, para conversar sobre os acontecimentos e a influência dos costumes das Sinagogas na igreja do “Caminho” de Jerusalém. Pedro assim falou:

Parte II - Cap. V A situação é, de fato, muito delicada. Principalmente depois do sacrifício de alguns companheiros mais amados e prestimosos, as dificuldades religiosas em Jerusalém multiplicam-se todos os dias. E vagueando o olhar pelo aposento, como se quisesse traduzir fielmente o seu pensamento continuou: Quando se agravou a situação, cogitei da possibilidade de me transferir para outra comunidade; em seguida, pensei em aceitar a luta e reagir; mas, uma noite, tão bela como esta, orava eu neste quarto, quando percebi a presença de alguém que se aproximava devagarinho. Eu estava de joelhos quando a porta se abriu com imensa surpresa para mim.

Era o Mestre! Seu rosto era o mesmo dos formosos dias de Tiberíades. Fitou-me grave e terno, e falou: — ―Pedro, atende aos ―filhos do Calvário‖, antes de pensar nos teus caprichos!‖ A maravilhosa visão durou um min uto, mas, logo após, pus-me a recordar os velhinhos, os necessitados, os ignorantes e doentes que nos batem à porta. O Senhor recomendava-me atenção para os portadores da cruz. Desde então, não desejei mais que servi-los. O Apóstolo tinha os olhos úmidos e Paulo sentia-se bastante impressionado, pois lembrava que ouvira a expressão ―filhos do Calvário‖ dos lábios espirituais de Abigail, quando da sua gloriosa visão, no silêncio da noite, ao aproximar-se de Tarso. Com efeito, grande é a luta concordou o convertido de Damasco, parecendo mais tranqüilo. E mostrando-se convicto da necessidade de examinar o realismo da vida comum, não obstante a beleza das prodigiosas manifestações do plano invisível, voltou a dizer: Entretanto, precisamos encontrar um meio de libertar as verdades evangélicas do convencionalismo humano. Qual a razão principal da preponderância farisaica na igreja de Jerusalém? Simão Pedro esclareceu sem rebuços: As maiores dificuldades giram em torno da questão monetária. Esta casa alimenta mais de cem pessoas, diariamente, além dos serviços de assistência aos enfermos, aos órfãos e aos desamparados. Para a manutenção dos trabalhos são indispensáveis muita coragem e muita fé, porque as dívidas contraídas com os socorredores da cidade são inevitáveis. Mas os doentes interrogou Paulo, atencioso não trabalham depois de melhorados? Sim explicou o Apóstolo , organizei serviços de plantação para os restabelecidos e impossibilitados de se ausentarem logo de Jerusalém. Com isso, a casa não tem necessidade de comprar hortaliças e frutas. Quanto aos melhorados, vão tomando o encargo de enfermeiros dos mais desfavorecidos da saúde. Essa providência permitiu a dispensa de dois homens remunerados, que nos auxiliavam na assistência aos loucos incuráveis ou de cura mais difícil. Como vês, estes detalhes não foram esquecidos e mesmo assim a igreja está onerada de despesa e dívidas que só a cooperação do judaísmo pode atenuar ou desfazer. Paulo compreendeu que Pedro tinha razão. No entanto, ansioso de proporcionar independência aos esforços dos irmãos de ideal, considerou: Advirto, então, que precisamos instalar aqui elementos de serviço que habilitem a casa a viver de recursos próprios. Os órfãos, os velhos e os homens aproveitáveis poderão encontrar atividades além dos trabalhos agrícolas e produzir alguma coisa para a renda indispensável. Cada qual trabalharia de conformidade com as próprias forças, sob a direção dos irmãos mais experimentados. A produção do serviço garantiria a manutenção geral. Como sabemos, onde há trabalho há riqueza, e onde há cooperação há paz. É o único recurso para emancipar a igreja de Jerusalém das imposições do farisaísmo, cujas artimanhas conheço desde o princípio de minha vida. Pedro e João estavam maravilhados. A idéia de Paulo era excelente. Vinha ao encontro de suas preocupações ansiosas, pelas dificuldades que pareciam não ter fim. O projeto é extraordinário disse Pedro e viria resolver grandes problemas de nossa vida. O filho de Zebedeu, que tinha os olhos radiantes de júbilo, atacou, por sua vez, o assunto, objetando: