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1 ATUAÇÃO DO (A) PSICOLOGO (A) NA EQUIPE DO NASF ..., Resumos de Psicologia

Esta pesquisa buscou conhecer a atuação do psicólogo (a) que atua no NASF (Núcleo de. Apoio a Saúde da Família) em cinco municípios da AMUREL (Associação ...

Tipologia: Resumos

2022

Compartilhado em 07/11/2022

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ATUAÇÃO DO (A) PSICOLOGO (A) NA EQUIPE
DO NASF DOS MUNICÍPIOS DA AMUREL
1
Lenir Pirola
2
Valdenir Martins de Oliveira
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RESUMO
Esta pesquisa buscou conhecer a atuação do psicólogo (a) que atua no NASF (Núcleo de
Apoio a Saúde da Família) em cinco municípios da AMUREL (Associação dos
Municípios da Região de Laguna) com população superior a 20.000 habitantes. Trata-se
de uma pesquisa exploratória com entrevista estruturada, da qual participaram oito
psicólogos. Para a coleta de dados foi utilizada entrevista semiestruturada. As entrevistas
foram gravadas e depois transcritas e submetidas a análise de conteúdo. Os resultados
mostram que os psicólogos (as) entrevistados e que prestam seus serviços no NASF
(Núcleo de Apoio a Saúde da Família) estão cumprindo parcialmente seu papel de apoiar,
capacitar, organizar e buscar a interdisciplinariedade, para atender as equipes de Saúde
da Família. Verificou-se que as atividades realizadas pelos psicólogos (as) que
participaram da pesquisa, estão parcialmente em consonância com as ações previstas nas
normas e leis que criaram o NASF (Núcleo de Apoio a Saúde da Família) e que alinham
as ações a serem realizadas, para melhor atender a população brasileira, em saúde mental.
As atividades realizadas são inúmeras, visto a demanda dos territórios atendidos e das
equipes da ESFS. Existem trabalhos coletivos, interdisciplinares e de apoio as equipes da
ESFs tal como previsto nas funções que o NASF deve desempenhar. Porém existem ações
sendo realizadas que não estão previstas nas normas e leis do NASF, tais como
atendimentos clínico individuais, avaliação psicológica, triagem, orientação e avaliação
psicológica.
Palavras Chave: Estratégia saúde da família, NASF, Psicólogo.
1
Artigo apresentado na disciplina de Trabalho de Conclusão de Curso em Psicologia da Universidade do Sul
de Santa Catarina UNISUL como requisito parcial à obtenção do título de psicóloga.
2
Acadêmica do Curso de Psicologia da Universidade do Sul de Santa Catarina UNISUL 10º semestre de
2017A.
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Professor mestre orientador do Curso de Psicologia da Universidade do Sul de Santa Catarina.
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ATUAÇÃO DO (A) PSICOLOGO (A) NA EQUIPE

DO NASF DOS MUNICÍPIOS DA AMUREL 1

Lenir Pirola 2 Valdenir Martins de Oliveira^3

RESUMO

Esta pesquisa buscou conhecer a atuação do psicólogo (a) que atua no NASF (Núcleo de Apoio a Saúde da Família) em cinco municípios da AMUREL (Associação dos Municípios da Região de Laguna) com população superior a 20.000 habitantes. Trata-se de uma pesquisa exploratória com entrevista estruturada, da qual participaram oito psicólogos. Para a coleta de dados foi utilizada entrevista semiestruturada. As entrevistas foram gravadas e depois transcritas e submetidas a análise de conteúdo. Os resultados mostram que os psicólogos (as) entrevistados e que prestam seus serviços no NASF (Núcleo de Apoio a Saúde da Família) estão cumprindo parcialmente seu papel de apoiar, capacitar, organizar e buscar a interdisciplinariedade, para atender as equipes de Saúde da Família. Verificou-se que as atividades realizadas pelos psicólogos (as) que participaram da pesquisa, estão parcialmente em consonância com as ações previstas nas normas e leis que criaram o NASF (Núcleo de Apoio a Saúde da Família) e que alinham as ações a serem realizadas, para melhor atender a população brasileira, em saúde mental. As atividades realizadas são inúmeras, visto a demanda dos territórios atendidos e das equipes da ESFS. Existem trabalhos coletivos, interdisciplinares e de apoio as equipes da ESFs tal como previsto nas funções que o NASF deve desempenhar. Porém existem ações sendo realizadas que não estão previstas nas normas e leis do NASF, tais como atendimentos clínico individuais, avaliação psicológica, triagem, orientação e avaliação psicológica.

Palavras Chave: Estratégia saúde da família, NASF, Psicólogo.

(^1) Artigo apresentado na disciplina de Trabalho de Conclusão de Curso em Psicologia da Universidade do Sul de Santa Catarina 2 – UNISUL – como requisito parcial à obtenção do título de psicóloga. Acadêmica do Curso de Psicologia da Universidade do Sul de Santa Catarina – UNISUL – 10º semestre de 2017A. 3 Professor mestre orientador do Curso de Psicologia da Universidade do Sul de Santa Catarina.

1 APRESENTAÇÃO

O profissional de psicologia na Política Pública de Saúde, segundo Spink et. al (2007) deve estar inserido na saúde coletiva onde pode desempenhar tarefas ligadas ao planejamento e gestão do trabalho, nas quais todos os profissionais de saúde devem estar envolvidos. Já dentro do NASF o profissional da psicologia segundo Silva e et al (1992), se destaca por entender as questões de saúde na interface entre o social e o coletivo, pois ele tem conhecimento do conceito de saúde em vigor e por representar a superação de enfoques centrados no indivíduo abstrato, tão frequentes nas ciências biológicas. Nesta perspectiva este estudo justificou-se, na medida em que buscou entender o papel do profissional de psicologia no NASF, no atual momento da psicologia no país e possibilitou ter subsídios para compreender o novo modelo de saúde pública. Justificou-se também, por se propor a trazer subsídios para reflexões acerca da formação acadêmica e se esta prepara o profissional para atividade coletiva, de coordenação e para atividades multidisciplinares, atividades estas fundamentais no atual cotidiano do profissional de Psicologia do NASF (Núcleo de Apoio a Saúde da Família). Conhecer a atuação e as dificuldades enfrentadas pelo psicólogo (a) no NASF, terá importância para a academia, possibilitando uma descrição desta realidade, fomentando o processo de qualificação desses profissionais, pois poucos são os estudos da atuação do psicólogo (a) no sistema de saúde coletiva. Por fim este estudo se fez relevante, pois irá somar as produções já existentes relativas a temática, sendo que as produções relativas ao NASF tem se avolumado, mas especificamente ao papel do psicólogo (a) ainda são escassas. Este estudo se propôs conhecer qual a atuação do psicólogo (a) que compõe a equipe do NASF dos municípios da Região da AMUREL com população superior a 20.000 habitantes. Tendo como objetivo geral conhecer a atuação destes psicólogos, suas atividades, como ele se integra a equipe multidisciplinar e como ele exerce suas funções na atenção básica relacionando-a como previsto nas normas.

2 - O SISTEMA ÚNICO DE SAÚDE – SUS

melhorar a qualidade de atendimento à saúde da população brasileira, cria-se o Sistema Único de Saúde (SUS). Previsto na Constituição Federal promulgada em 05 de outubro de 1988 que assim apresenta em seu artigo 196 os direitos a saúde da população brasileira: ‘Saúde é um direito de todos e dever do Estado, garantido mediante políticas sociais e econômicas que visem a redução do risco de doença e outros agravos, e ao acesso universal e igualitário às ações e serviços para sua promoção, proteção, recuperação .” ( REVISTA DOS TRIBUNAIS, 2015 p. 122). Para o bom funcionamento do Sistema Único de Saúde brasileiro, muitos estudos foram realizados, por diversas Universidades e vários autores. Entre as diretrizes políticas consolidadas pela nova Constituição no cenário nacional estão os fundamentos de uma radical transformação do sistema de saúde. De acordo com o ABC do SUS (BRASIL, 1990), o que levou os constituintes a proporem essa transformação foi o consenso, na sociedade, quanto à total inadequação do sistema de saúde vigente, caracterizado por vários aspectos. Entre eles: um quadro de doenças de todos os tipos e que o velho sistema de saúde não conseguia enfrentar com decisão; irracionalidade e desintegração das unidades de saúde; excessiva centralização das decisões, sendo estas tomadas em Brasília. Havia uma superposição de ações, insatisfação dos profissionais da área da saúde, insatisfação da população com os profissionais da saúde, pela aparente irresponsabilidade para com os doentes, baixa qualidade dos serviços oferecidos, sem a participação da população na formulação e gestão das políticas, sem critérios e transparência dos gastos públicos, sem acompanhamento, controle e avaliação dos serviços. À partir desse diagnóstico e de experiências isoladas ou parciais acumuladas ao longo dos anos, e especialmente baseando-se nas propostas da 8ª Conferência Nacional de Saúde realizada em 1986, a Constituição de 1988 estabeleceu pela primeira vez de forma relevante, uma seção sobre a saúde, que assim definiu o conceito mais amplo do que é saúde: Saúde é a resultante das condições de alimentação, habitação, educação, renda, meio ambiente, trabalho, transporte, emprego, lazer, liberdade, acesso e posse da terra e acesso aos serviços de saúde. É assim, antes de tudo o resultado das formas de organização social, de produção, as quais podem gerar grandes desigualdades nos níveis de vida. (BRASIL, 1988) A constituição de 1988 também legitimou o direito de todos, a assistência de saúde integral e colocou como um dever do Governo, ou seja, do poder público.

Finalmente “a Constituição estabelece o Sistema Único de Saúde SUS, de caráter público, formado por uma rede de serviços regionalizada, hierarquizada e descentralizada, com direção única em cada esfera de governo, e sob controle dos seus usuários”. (BRASIL 1988 p. 4). Conforme Teixeira e Solla (2006), o Sistema Único de Saúde entre os seus temas centrais incluiu a mudança do modelo de atenção de modo a se concretizar os princípios da universalidade, integralidade e equidade do cuidado em saúde da população brasileira. Para Starfield (2002), a Atenção Primária em Saúde (APS) é um conjunto de conhecimentos e procedimentos com intervenção ampla buscando efeitos positivos na qualidade de vida da população. Os princípios do SUS são Universalidade, Equidade e Integralidade da atenção à saúde, e de acordo com a cartilha ABC do SUS (1990) universalidade é a garantia de atenção à saúde por parte do sistema, a todo e qualquer cidadão, e acesso a todos os serviços públicos de saúde, bem como os contratados pelo poder público, sendo a saúde direito de cidadania e dever do Governo: municipal, estadual e federal. A equidade assegura ações e serviços de todos os níveis para todo cidadão sem privilégios e sem barreiras. Sobre integralidade aponta que “O homem é um ser integral, bio-psico- social e portanto deve ser atendido em saúde de forma integral”. Coloca ainda como princípios de organização: a regionalização e a hierarquização. (BRASIL 1990).

2.3 ESTRUTURA ORGANIZATIVA DO SUS

2.3.1 Atenção Primária

A Atenção Primária em Saúde está localizada nos mais diversos municípios da federação, e tem por objetivo atender a população o mais próximo do local onde reside, trabalha ou estuda, nas formas curativas e preventivas, e fazer a avaliação de saúde do indivíduo. No Caderno de Atenção Básica nº 27 (2010) cita que: a Atenção Primaria em Saúde representa o primeiro contato na rede assistencial dentro do sistema de saúde, caracterizando-se principalmente, pela continuidade e integralidade da atenção, além da coordenação e da assistência dentro do próprio sistema, da atenção centrada na família, da orientação e participação comunitária e da competência cultural dos profissionais. São

pela PORTARIA 2.488 de 21 de outubro de 2011. No seu artigo 2º a citada Portaria diz que o NASF será constituído por equipes compostas por profissionais de diferentes áreas do conhecimento, que deverão atuar em parceria com as Equipes de Saúde da Família - ESF, compartilhando as práticas em saúde nos territórios. Portanto o NASF segundo o caderno de Atenção Básica (BRASIL 2010), está classificado em duas modalidades, NASF 1 e NASF 2, sendo que o 1 deverá ser composto por no mínimo cinco profissionais de nível superior cujas ocupações do Código Brasileiro de Ocupações CBO são: Médico Acupunturista; Assistente Social; Profissional da Educação Física; Farmacêutico; Fisioterapeuta; Fonoaudiólogo; Médico Ginecologista; Médico Homeopata; Nutricionista; Médico Pediatra; Psicólogo; Médico Psiquiatra; e Terapeuta Ocupacional. Cabendo ao gestor municipal, juntamente com a equipe de Saúde da Família, a definição de quais profissionais comporão a equipe do NASF no município, baseado sempre nos problemas de saúde existentes e a gestão de todo o trabalho de atenção a saúde dos seus habitantes. O NASF 1 deverá atender de 5 a 9 equipes vinculadas. O NASF 2 deverá ser composto por no mínimo três profissionais de nível superior entre eles: o Assistente Social; Profissional de Educação Física; Farmacêutico; Fisioterapeuta; Fonoaudiólogo; Nutricionista; Psicólogo e Terapeuta Ocupacional. O NASF 2 deve atender de 3 a 4 equipe de Saúde da Família. O grupo de psicólogos entrevistados são do NASF 1, visto que as equipes vinculadas são de 05 a 10 equipes de Estratégia de Saúde da família. O NASF (Núcleo de Apoio a Saúde da Família) é uma equipe referência dentro do território, responsável pela organização, capacitação e bom funcionamento do sistema de saúde. E tem o papel de dar suporte e apoio as demais equipes. É no município que se programa, executa e avalia as ações de saúde, e também onde o gestor e sua equipe decidem como as ações serão realizadas para melhor atender a população. A nível estadual cabe mais especificamente ao secretário estadual de saúde, a gestão estadual, e a coordenação das ações da saúde do seu estado. Ao gestor federal compete a missão de liderar o conjunto de ações de promoção, proteção e recuperação da saúde a nível nacional. Deve também avaliar os riscos e necessidades de cada região brasileira e garantir a qualidade de vida à população, formulando, coordenando e controlando. Ao psicólogo (a) que faz parte da equipe do NASF cabe a função de: coordenar, organizar, atender coletivamente usuários e escutar as equipes. O bom funcionamento de todos estes arranjos são responsabilidades das três esferas de governo

Federal, Estadual e Municipal. Nenhuma delas pode falhar se o objetivo fim é atender bem toda a população. Uma das estudiosas deste modelo Carmem F. Teixeira (2006), em um de seus escritos diz:

Em cada uma dessas esferas pode-se construir o planejamento de como formular a política correspondente guardando porém a coerência entre elas. O Plano de Saúde, deve contemplar a análise da situação de saúde da população e do sistema de saúde, com os objetivos correspondentes a cada problema identificado e priorizado, a quem está vinculado e quem serão os responsáveis pela ação (TEIXEIRA e outros 2006 p. 24. 25) Neste sentido, cabe aos gestores das três esferas, juntamente com suas equipes, fazer o planejamento bem como formular a políticas de atendimento para a sua população.

2.4 APOIO MATRICIAL

A equipe do NASF é uma equipe referência no trabalho dentro do território. É ela corresponsável, pela organização, capacitação e bom funcionamento do sistema de saúde, e pelo bom atendimento a população. O Caderno de Atenção Básica (BRASIL 2010), aponta que para ser uma equipe de referência, a gerência precisa estar sendo feita apenas por uma coordenação comum dos trabalhos. Esta coordenação deverá incluir todos os profissionais das mais diversas especialidades, para uma melhor organização. A equipe do NASF tem também o papel de dar suporte e apoio as demais equipes via apoio matricial. Conforme caderno de Atenção Básica (BRASIL 2010), quando falamos em “apoio matricial” que é a responsabilidade do NASF, estamos dizendo que a equipe matricial é aquela que dá suporte assistencial e técnico pedagógico, e vai produzir ação de apoio educativo com e para a equipe de saúde da família e outros. O apoio matricial apresenta as dimensões de suporte assistencial e técnico-pedagógico. A dimensão assistencial é aquela que vai produzir ação clínica direta com os usuários, e a ação técnico-pedagógica vai produzir ação e apoio educativo com e para a equipe. Essas duas dimensões podem e devem se misturar nos diversos momentos.

Explicitar e negociar atividades e objetivos prioritários; definir claramente quem são os seus usuários; avaliar a capacidade de articulação com as equipes de SF e o trabalho em conjunto com elas; identificar as possíveis corresponsabilidades e parcerias; construir e acompanhar as atividades mediante indicadores de impacto. A rigor, as equipes do NASF terão dois tipos de responsabilidades: sobre a população e sobre a equipe do SF. Seu

equipes da ESF, que atua em conjunto com esses profissionais, integrando os saberes e práticas de saúde nos serviços de cada território. Conforme ainda os autores acima citados (2010), a atuação dos NASF está dividida em nove áreas estratégicas: atividade física e práticas corporais; práticas integrativas e complementares; reabilitação; alimentação e nutrição; saúde mental; serviço social; saúde da criança, do adolescente e do jovem; saúde da mulher e assistência farmacêutica. Diferente dos modelos assistenciais individualizados, o NASF busca a corresponsabilização e gestão integrada ao cuidado, compartilhando o atendimento e os projetos terapêuticos com o usuário envolvendo-o e considerando-o na sua singularidade. A clínica ampliada é a diretriz de atuação dos profissionais da saúde. Consiste no diálogo articulado conforme diferentes saberes para compreender melhor os processos de saúde e adoecimento. Aqui inclui-se os usuários como cidadãos participantes e capazes de elaboração de seu projeto terapêutico. A clínica é sempre uma interação entre sujeitos, ou melhor dizendo, com dois sujeitos (BRASIL, 2009). O projeto terapêutico singular é entendido como um produto de discussão entre os profissionais que depois é compartilhado com os usuários, e as metas negociadas. Prevê ainda, que as necessidades dos usuários e as articulações entre os serviços de saúde e outros setores com políticas públicas que visam a promoção da saúde, e um agenciamento sócio-político-cultural-econômico, num plano de imanência. (BRASIL,

Para Dimenstein (1998) a entrada do psicólogo (a) nos espaços institucionais públicos no Brasil ocorre na década de 80, que devido a crise econômica provoca um desequilíbrio entre a oferta e procura por serviços de saúde. Posteriormente com a reforma no modelo de atenção à saúde, consolidada com o SUS, a inserção dos psicólogos (as) foi ampliada para atuação na atenção primária. São eles (as) os (as) responsáveis por atividades preventivas na área de saúde mental. Sendo as Unidades Básicas de Saúde espaços para promoção da saúde o psicólogo (a) é capaz de criar dispositivos, buscar a autonomia dos usuários no exercício de uma cidadania crítica e transformadora. Isto porém é um desafio que vai depender do olhar atento dos processos de subjetivação atuantes, com as intervenções propostas pelos profissionais e comunidade. (BRASIL 2009). Na atuação do psicólogo (a) com os demais profissionais do NASF bem como com as Equipes de Saúde da Família este vai propor uma conexão da saúde mental às

ações da saúde em geral, e o desenvolvimento conjunto de estratégias de promoção e cuidado à saúde. .

2.7 PSICOLOGIA NO NASF

Muitos estudos realizados mostram que existem impasses entre a formação e a atuação dos psicólogos no Brasil: Citando Silva (1992) e Spink, (2003), vamos encontrar que a formação do psicólogo está voltada para o exercício autônomo e liberal da profissão dentro de consultórios particulares; modelo este absoluto até meados da década de 90, cujos efeitos estão presentes até hoje. Um deles é o da identificação do perfil do psicólogo com o de um profissional que atua na clínica. A partir da década de 80 com a inserção da psicologia na saúde pública e da mudança nos currículos de Psicologia com a nova resolução das Diretrizes Curriculares do Curso, novos elementos importantes deram início para desconstrução do modelo anterior, ainda que essa virada não se tenha feito de modo definitivo (FERREIRA NETO, 2010).

A atuação do psicólogo não pode reduzir-se à clínica tradicional, tendo como centro o indivíduo, com tratamentos demorados, não considerando o contexto sociocultural em que o paciente vive.

A Psicologia não pode jamais restringir-se e voltar-se apenas para atendimentos individuais em consultórios particulares, onde os tratamentos são prolongados e de alto custo, atendendo somente as classes mais favorecidas. Isso implica na padronização de seus instrumentos, métodos e técnicas, linguagem e valores em geral” (SILVA, 1992)

A relação Psicologia e Sistema Único de Saúde (SUS) deve ser discutida sob a ótica dos princípios: integralidade, autonomia e co-responsabilidade e o da transversalidade, estando, no cruzamento prático desses princípios a mais genuína contribuição da Psicologia para o SUS. Nesse “trabalho vivo” (MERHY, 2002), o sujeito é percebido em sua totalidade e complexidade biopsicossocial dentro de uma rede interdisciplinar humanizada. O ser-fazer do psicólogo sob o prisma desses princípios é desafiador e complexo e suas perspectivas devem ser traçadas de modo ativo, histórico- dialético, crítico e sobretudo ético.

da ESF, bom funcionamento do sistema de saúde dentro do território e por fim o bom atendimento coletivo a população.

3 METODOLOGIA

A presente pesquisa foi realizada com 8 psicólogos que trabalham nos NASF de 5 municípios da Associação dos Municípios da Região de Laguna (AMUREL), com população superior a 20.000 habitantes conforme planejado. Tratou-se de uma amostra intencional onde foram entrevistados todos (as) os psicólogos (as) que atuam no NASF nos municípios de Braço do Norte, Capivari de Baixo, Imbituba, Laguna e Tubarão. As entrevistas foram realizadas no período de 20/04/2017 a 16/05/2017, no local de trabalho dos (as) psicólogos (as).

Quanto aos procedimentos classifica-se como uma pesquisa de campo, com entrevista semiestruturada, realizada no local de trabalho do psicólogo (a), conforme horário marcado com cada um deles. Foi realizado um roteiro de perguntas, para se obter respostas mais coordenadas e semelhantes em todas as entrevistas. Após assinatura do Termo de Consentimento Livre e Esclarecido, foi solicitado também o consentimento de gravação das entrevistas. Tratou-se ainda de uma pesquisa de natureza exploratória que possibilitou explorar e aprofundar alguns assuntos. Sendo uma pesquisa de campo, teve como instrumento de coleta de dados uma entrevista semiestruturada, com um roteiro de perguntas, afim de obter respostas coordenadas e semelhantes em todas as entrevistas A pesquisa teve natureza exploratória, pois, conforme Kocke (APUD MOTA E LEONEL 2011, p. 101), esta visa “desencadear um processo de investigação que identifique a natureza do fenômeno e aponte as características essenciais das variáveis que se quer estudar”. O planejamento da pesquisa exploratória é bastante flexível e possibilita ao pesquisador explorar e aprofundar alguns assuntos que podem gerar discussões e ações práticas para o dia-a-dia do indivíduo.

O projeto foi aprovado pelo Comitê de Ética em pesquisa (CEP) da Universidade do Sul de Santa Catarina – Unisul, sob o protocolo CAAE 51949615.7.0000.5369.

As entrevistas foram gravadas, transcritas e submetidas à análise de conteúdo. Os dados qualitativos foram sistematizados e categorizados por ordem de similaridade, sendo sua leitura sustentada na análise de conteúdo. As categorias de análise foram determinadas “a posteriori”, a partir do processo de recorte das unidades de significação e análise, construindo-se as categorias iniciais e intermediárias, possibilitando-se então, determinar as categorias finais que foram objetos de discussão em termos de resultados.

4 RESULTADO E DISCUSSÃO

Para a discussão dos resultados, os entrevistados foram identificados com letras e números indo de B1 até B8. Foram entrevistados oito psicólogos dos 5 municípios com população superior a 20.000 habitantes, da região da Associação dos municípios da região de Laguna (AMUREL).No quadro 1 apresentam-se informações quanto aos municípios participantes

Quadro 1: Identificação dos municípios participantes

MUNICÍPIOS

HABITANTES (IBGE)

Nº DE PSICÓLOGOS

ENTREVISTADOS

Braço do Norte 29.018 01 Capivari de Baixo 21.689 02 Imbituba 40.200 01 Laguna 51.554 01 Tubarão 97.281 03 T O T A L 239.742 08 Fonte de Pesquisa IBGE, publicação em 24/10/2014. Atualizado em 30/10/

Dos 08 psicólogos entrevistados, em média cada um atende de 5 a 10 ESFs. Cabe salientar que os que atendem 10 ESFs vão uma vez a cada 15 dias em cada um deles. Porém a PORTARIA que criou o NASF, GM nº 154, de 24 de janeiro de 2008 e depois a portaria 2.488 de 21 de outubro de 2011 que incorpora o NASF na Politica de Atenção Básica, define o nº de ESFs que cada NASF deva atender, indicando que cada NASF 1

administração ainda não fez o processo seletivo para contratar o segundo psicólogo. Sobre isso a PORTARIA 2.488 de 21 de outubro de 2011 diz que nenhum profissional poderá ter carga horária semanal menor que 20 horas e cada ocupação considerada isoladamente deve ter no mínimo 20 horas e no máximo 80 horas semanais, e os NASFs 1 e 2 deverão funcionar em horário de trabalho coincidente com o das Equipes de Saúde da Família e/ou equipe de educação básica.

O Ministério da Saúde (2008) diante do grande número de pessoas acometidas por transtornos mentais recomenda que nos núcleos de apoio a saúde da família deve sempre ter a presença de um profissional da área da saúde mental.

Na realidade dos NASF pesquisados os psicólogos relataram que a demanda de trabalho é sempre superior a sua capacidade de atendimento. Nesta mesma direção, constatou-se que em três dos municípios pesquisados existe a vaga para mais um psicólogo, só que o mesmo ainda não foi contratado.

4.1 ATIVIDADES DO PROFISISONAL DE PSICOLOGIA NA EQUIPE DO NASF

Quadro 4: Atividades dos profissionais de psicologia na equipe do NASF CATEGORIA Nº DE PROFISSIONAIS Reuniões semanais da equipe 8 Atendimento clínico 6 Grupos 5 Matriciamento 4 Prevenção 3 Avaliação psicológica e encaminhamento 2 Ações coletivas (eventos) 2 Atendimento individual de emergência 2 Projeto Terapêutico singular 2 Atenção aos profissionais da equipe 2 Triagem, atendimento, orientação e avaliação psicológica

Comissões 1 Atendimento a casais e famílias 1

Psicoterapia breve 1 Atendimento individual(autista) 1 Visitas domiciliares 1

Fonte: Pesquisa de campo realizada pela pesquisadora junho 2017

Nas atividades desenvolvidas pelos profissionais de psicologia junto as equipes dos cinco municípios aqui citados, todos participam semanalmente de reunião da equipe do NASF, onde são discutidos os trabalhos realizados, e planejados os trabalhos para realizar na próxima semana. São também discutidos casos de pacientes atendidos e muitas vezes encaminhados para outros setores de atendimento mais especializado, bem como os casos que estão sendo acompanhado no ESF, para conhecimento e a colaboração de todos os profissionais no tratamento dos mesmos e nesta perspectiva fortalece a interdisciplinariedade.

Seis dos profissionais entrevistados fazem atendimento clínico individual, na unidade sede, ou no ESF quando vão à visita para acompanhamento a equipe. Quatro dos profissionais pesquisados informam que atendem por solicitação dos usuários, que solicitam por atendimentos individualizados, e também pacientes encaminhados pelo médico ou pelo psiquiatra da rede. Por fim, 01 profissional afirma que a coordenação diz que é obrigação atender o paciente individualmente.

Nos relatos também encontramos 5 profissionais que informam fazer trabalho com grupos de pacientes que são portadores de determinadas enfermidades. Nestes grupos fazem orientação e prevenção, mas os mesmos são organizados pelas ESFs, que solicitam a ajuda do psicólogo. Alguns grupos são atendidos semanalmente e outros apenas com atividades pontuais de um ou dois encontros.

A respeito do matriciamento feito junto as equipes de ESFs, que vai dar suporte assistencial e técnico pedagógico, este estudo mostrou que dos psicólogos entrevistados 4 afirmam fazer o apoio matricial as suas equipes.

Quatro psicólogos entrevistados fazem triagem, e também atendem os participantes da equipe das ESFs quando necessário, fazendo tratamento com acupuntura, orientações, ajuda na avaliação dos pacientes, e também atendem a demanda trazida pelas equipes. Dois dos profissionais fazem avaliação psicológica e posterior encaminhamento dos pacientes avaliados. Estes pacientes geralmente são encaminhados pelo médico ou por um psiquiatra da rede. Triagem e orientação psicológica, são atividades também

equipe, demanda dos ESFs, disponibilidade e apoio dos setores onde estão engajados, mas muitas vezes fogem de seu real papel dentro do NASF (Núcleo de Apoio a Saúde da Família).

Sobre isto cabe salientar aqui que uma atividade feita por seis psicólogos (as), é o atendimento individual, não previsto como uma ação do profissional do NASF. Sabe- se que a demanda por atendimento individual é grande, mas esta não é a atividade do psicólogo (a) do NASF. Os territórios deveriam manter outro psicólogo (a) para estes atendimentos, deixando o psicólogo (a) do NASF realizar os trabalhos de: matriciamento, organização do trabalho, atendimento às equipes de ESFs e o fortalecimento das mesmas, sempre num trabalho conjunto entre equipe do NASF do ESF e dos integrantes do território, atividades estas específicas do psicólogo da equipe do NASF (Núcleo de Apoio a Saúde da Família).

4.2 GRUPOS TRABALHADOS

Quadro 5; Grupos trabalhados GRUPOS TRABALHADOS Nº DE PSICOLOGOS (AS) – 08 Gestante 7 Depressão 5 Atividades físicas (educador) 5 Controle de peso 3 Grupos de auto estima 2 Infantil e adolescentes 2 Tabagismo 2 Ansiedade 2 Diabetes e hipertensão 2 Jovens e idosos 2 Hábitos saudáveis 1 Gravidez e adolescência 1 Alunos e professores 1

Fonte: Pesquisa de campo realizada pela pesquisadora junho 2017

Entre as atividades preconizadas para serem realizadas pela equipe do NASF com as Equipes de Atenção Básica, são os atendimentos de grupos uma importante

estratégia. Os psicólogos (as) entrevistados realizam este trabalho com diferentes fins e diferentes públicos, na sua rotina diária, sempre pela demanda das ESFs.

No Caderno de Atenção Básica (2014), a estrutura básica de um encontro de grupo deve ser composta de três fases, sendo elas apresentação, desenvolvimento e encerramento. Na fase de desenvolvimento propriamente dita para o trabalho de um grupo, são necessários 3 momentos, o aquecimento, é o momento em que se faz a introdução do tema, no aprofundamento o tema é explorado e detalhado e no processamento faz-se uma devolução ao grupo do tema abordado.

Como resultado deste estudo 07 psicólogos citaram que trabalham com grupos de gestantes, buscando dar orientações sobre os cuidados na gravidez, ter um parto mais seguro e um recém-nascido mais saudável.

Outro tema trabalhado em grupo por cinco psicólogos (as) é o tema depressão. Os psicólogos (as) participam destes grupos, discutindo, orientando as formas de prevenção, buscando melhorar a alimentação dos pacientes e neste caso é chamado o profissional de nutrição. Outro profissional bastante presente nestes grupos é o educador físico.

Constatou-se em relação aos grupos, que profissionais de várias áreas são envolvidos para exercerem suas atividades conforme seus conhecimentos atuando no mesmo grupo. Neste sentido encontramos no Caderno de Atenção Básica que “O contato com diversos saberes estimula os profissionais à elaboração de estratégias comuns de ações para a resolução de problemas, proporcionando com isso uma prática mais humanizada”. (BRASIL, 2010, p. 39)

Outro tema trabalhado em grupos por 03 psicólogos (as) é o de controle de peso. Excesso de peso tem haver na maioria das vezes com alimentação inadequada, insuficiente ou de qualidade duvidosa, sem nenhuma orientação de educação alimentar, nem mesmo de cuidados com o excesso de peso. Aqui o trabalho é sempre conjunto, entre psicólogo, nutricionista e outros profissionais quando necessário. Estes grupos exigem todo um esforço da equipe multidisciplinar, sendo as ações conjuntas indispensáveis.

Entre os psicólogos (as) entrevistados três dizem estar preocupados com a saúde da equipe. Para isso traçaram estratégia de cuidados com a mesma.